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Com o retorno de Trump, a direita do Vale do Silício desembarca em Washington

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Em sua primeira semana de volta à Casa Branca, Donald Trump colocou a tecnologia como prioridade, com a destacada presença de magnatas da indústria em sua posse e o anúncio de um grande investimento para o desenvolvimento da inteligência artificial (IA). 

Além dos nomes mais conhecidos, como Elon Musk (Tesla, SpaceX, X), Mark Zuckerberg (Meta) e Jeff Bezos (Amazon), outras figuras do setor exercem uma influência significativa sobre o presidente republicano.

– David Sacks –

 

O investidor David Sacks é conselheiro de Trump em inteligência artificial e criptomoedas. Ele estava ao lado do presidente na última quinta-feira quando assinou um decreto com o objetivo de desregulamentar o setor de criptomoedas, assolado por escândalos. 

Assim como Elon Musk, Sacks nasceu na África do Sul e pertence à chamada “máfia do PayPal”, um grupo de pioneiros da Internet que se tornaram grandes nomes no Vale do Silício. 

Ele é um dos apresentadores do podcast All-In, popular entre líderes conservadores do setor tecnológico, e ajudou a organizar uma arrecadação de fundos para Trump durante a campanha eleitoral. 

Fervoroso defensor da desregulamentação, também testemunhou Trump revogar um decreto do governo Biden que estabelecia salvaguardas para tecnologias de IA. 

– Peter Thiel –

Peter Thiel é uma figura conservadora influente no Vale do Silício há três décadas. Foi ele quem permitiu que David Sacks começasse no PayPal, a empresa de pagamentos online, da qual demitiu Elon Musk, um de seus cofundadores. 

Ele também foi um dos primeiros investidores do Facebook e mentor de seu fundador, Mark Zuckerberg. 

O investidor nascido na Alemanha, que passou parte de sua juventude no sul da África, começou a expressar suas opiniões de direita na Universidade de Stanford. Durante anos, opôs-se ao que chamou de excessos liberais no ensino superior e na regulamentação governamental. 

Embora tenha se envolvido menos no ano passado do que na campanha de Trump em 2016, sua influência permanece por meio do vice-presidente J.D. Vance, seu protegido, a quem ele o apresentou. 

Seu poder também opera por meio de seus investimentos nas empresas de defesa Palantir e Anduril, que devem ganhar força no Pentágono. 

Peter Thiel é dono de uma luxuosa mansão em Washington, onde ofereceu uma festa na véspera da posse, para a qual Zuckerberg, Sam Altman (OpenAI) e Vance foram convidados.

– Marc Andreessen –

 

Nascido e criado no meio-oeste americano, Marc Andreessen alcançou a fama como fundador da empresa de serviços de informática Netscape na década de 1990, antes de se tornar um fervoroso — ainda que tardio — apoiador de Trump. 

Apesar de anteriormente ter apoiado os democratas, o empresário expressou uma crescente frustração com as rígidas regulamentações de criptomoedas do governo Biden, contra as quais fez um intenso lobby. 

Durante o período de transição após a eleição de novembro, Andreessen viajou regularmente para Mar-a-Lago, residência de Trump na Flórida, para ajudá-lo a estabelecer seu novo governo. 

Sua empresa de capital de risco, Andreessen Horowitz, apoiou grandes empresas de tecnologia, incluindo Twitter (agora X), AirBnb e Coinbase. 

Junto com Zuckerberg é um dos membros mais antigos do conselho de administração da Meta. 

Assim como seus pares, Marc Andreessen é um convicto “aceleracionista”, parte de um movimento do Vale do Silício que vê qualquer restrição ao desenvolvimento tecnológico, mesmo que motivada por riscos potenciais à sociedade, como prejudicial ao progresso humano.

– Palmer Luckey –

Palmer Luckey não está diretamente envolvido na Casa Branca, mas exerce influência como um bilionário que fez fortuna e desafiou a tendência liberal no Vale do Silício. 

Menino prodígio educado em casa, Luckey tinha apenas 21 anos quando vendeu sua empresa de realidade virtual Oculus para o Facebook por dois bilhões de dólares em 2014 (11,78 bilhões de reais na cotação atual). 

Seu apoio aberto a Trump fez com que se sentisse desconfortável no Facebook, que deixou em 2017. 

Sua empresa atual, a Anduril Industries, consolidou-se como uma grande empresa de tecnologia militar, desenvolvendo sistemas alimentados por IA, incluindo torres de vigilância autônomas e interceptadores de drones. 

O grupo, do qual Thiel é um dos principais investidores, expandiu rapidamente seus contratos de defesa e suas tecnologias têm sido usadas para uma variedade de aplicações militares, desde a segurança de fronteiras até operações na Ucrânia.

 

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