Megagrupo de turistas chineses invade a Suíça e quebra recordes
Os primeiros grupos de cerca de 12.000 turistas chineses chegaram à Suíça para desfrutar dos benefícios da maior viagem de incentivo ao trabalho jamais enviada ao país alpino.
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Quando não cobre fintech, criptomoedas, blockchain, bancos e comércio, o editor de negócios da swissinfo.ch pode ser encontrado jogando críquete em vários locais na Suíça, inclusive na região de St. Moritz.
Formada em jornalismo (mestrado na Universidade de Wuhan, bacharelado em comunicação e pesquisa de mídia pela Universidade de Zurique), Ying iniciou sua carreira como repórter investigativa e freelancer em Pequim antes de ingressar na swissinfo.ch em 2015. Seus interesses: mercado de trabalho, carreiras, sistema de saúde, turismo e tendências no moderno ambiente de trabalho.
As autoridades de turismo suíço estão fazendo todos os esforços para a facilitar viagem, que foi patrocinada pela Jeunesse GlobalLink externo, uma empresa americana de vendas de produtos de saúde e de beleza.
Os turistas, que ultrapassaram as metas de vendas da empresa para seus produtos na China, foram premiados com um passeio por pontos turísticos icônicos, incluindo Rheinfall, a maior cachoeira da Europa, a montanha Titlis e compras nas cidades de Lucerna, Basileia e Zurique.
O grupo é tão grande que teve que ser dividido em três lotes separados de 4.000 turistas cada um para levar todos através da excursão de seis dias até o final de maio. Mesmo assim, os funcionários de turismo em Lucerna têm coordenado com a polícia e as autoridades locais para lidar com esses altos números de pessoas, incluindo medidas para gerenciar os fluxos de tráfego através da cidade.
Os números pareciam até surpreender a empresa de vendas. De acordo com o jornal NZZ am Sonntag, a empresa sediada na Flórida só esperava que cerca de 3.000 dos seus vendedores de produtos cumprissem as metas da viagem à Suíça. A Jeunesse não respondeu imediatamente às perguntas escritas da swissinfo.ch. Não está claro por que escolheu a Suíça como local para esta viagem e qual seria o tamanho da conta.
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Normalmente, esses grupos chamados “reuniões, incentivos, conferências, marketing” (“meetings, incentives, conferencing, marketing”, ou MICE) são compostos por cerca de 25 a 80 pessoas. Ocasionalmente formam-se grupos maiores, como os 3.500 concessionários da Amway Índia, que foram premiados com uma turnê pela Suíça em 2011. Mas não há dúvida de que as viagens de incentivo são um grande negócio para a Suíça.
Em 2015, elas geraram CHF 1,8 bilhão (US$ 1,78 bilhão) para a economia suíça, embora isso represente uma queda de 18% em comparação a 2011. Com 6,3 milhões de pernoites em 2015, a indústria de reuniões representou 17,7% dos pernoites na indústria hoteleira suíça (em 2011: 19%).
A viagem dos chineses é um grande golpe de marketing para a indústria turística suíça, que deve gerar cerca de CHF 14 milhões em receitas extras para as áreas visitadas, segundo reportagens da mídia.
Empresa controversa
Mas o evento pode não ser celebrado tão entusiasticamente na China. Os vendedores da Jeunesse são autônomos de uma empresa que opera o chamado modelo de marketing multinível (MLM). Cada vendedor tem de investir nos produtos da empresa antes de poder começar a vender. Em seguida, são encorajados a recrutar outras pessoas numa rede de vendas. Quanto mais bem sucedido eles são nisso, mais dinheiro eles podem ganhar.
Tais esquemas são populares na China, mas também têm atraído controvérsias e até mesmo processos judiciais. Um protesto em Pequim em 2017 contra outro operador local levou as autoridades a reprimir muitos desses esquemas – em especial proibindo empresas fictícias.
No ano anterior, a agência de notícias estatal Xinhua identificou a Jeunesse como sendo um esquema MLM, mas se absteve de acusar a empresa de agir fraudulentamente.
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