A cor do Coral
O grupo de coral São João existe há 28 anos e já teve alguns momentos de glória interpretando "música de qualidade com um toque pessoal", com movimentos de dança.
Preocupa-se também em transmitir calor humano.
Indagado sobre a identidade do Coral São ou sobre o que o distingue de outros corais, o chefe do grupo, Fernando Mouchrek, gosta de acentuar que “ele canta com o coração e com o sorriso”.
Segundo o maestro, a qualidade do repertório é uma constante preocupação. Mas é um grupo que “faz show”: movimenta-se, dança e troca de roupa algumas vezes no desenrolar do espetáculo. Uma maneira como outra de evitar monotonia.
A maioria dos corais tradicionais canta com a pasta na mão, lembra ainda, não conseguindo transmitir calor humano.
Não é para insinuar que sejam de pior qualidade, afirma. Mas seu grupo tem a preocupação de “transmitir emoção, de mostrar a música brasileira como deve ser feita, dançando e cantando”.
Um exercício difícil, porque, enquanto dançam, os intérpretes precisam manter as vozes afinadas e em sintonia com os instrumentos.
Grupo de fundo de igreja
O Coral São João já tem uma existência respeitável. Foi fundado em abril de 1977. E tira seu nome da Igreja que lhe cede um lugar para ensaiar, na capital maranhense.
Em 28 anos de vida e mais de 2.500 espetáculos conseguiu um lugar ao sol porque se impôs e registrou vários sucessos.
Por exemplo, durante dois anos consecutivos foi escolhido para representar o Brasil no Festival Internacional de Coros, em Villa Carlos Paz, na província Argentina de Córdoba.
O maestro Mouchrek considera a recompensa mais importante para seu grupo um segundo lugar nesse festival, em 1992.
Mais importante porque na cidade estavam representados corais do mundo inteiro. Na ocasião São João perdeu apenas para um coral russo, da Letônia, lembra o maestro.
O Coral orgulha-se também de ter vindo à Suíça em 1995, com uma turnê por várias cidades. Proeza que repetiu neste mês, graças à ajuda do governo do Estado do Maranhão, da prefeitura de São Luís, de empresas locais e principalmente graças à generosidade e ao entusiasmo da comunidade da capital maranhense.
Na Suíça, poderes públicos, associações e corais deram forte contribuição para que a turnê se realizasse.
Laços se criam
A viagem de 39 pessoas do Coral, mais os músicos e de um grupo que veio junto – o quarteto Toque Brasileiro – representaram custos importantes. Sem ajuda não teria sido possível realizar a atual turnê européia, de 13 a 25 de março.
Resta que a viagem de 1995 rendeu uma visita do Coral friburguense Mon Pays a São Luís, em 1998, e o estabelecimento de laços musicais e amicais entre os dois grupos que vêm se reforçando.Tanto mais que o coral suíço deve novamente visitar em breve a capital maranhense.
Datas marcantes na história do grupo foram em 2000 a participação do Festival Internacional de Coros, em Maceió, a capital de Alagoas, e, 2001, em outro Festival Internacional, em Londrina.
Na cidade paranaense, o São João foi considerado “o melhor coral” do evento. São distinções que contam, pois manter em vida um coral exigem sacrifícios constantes e a necessidade de superar as pequenas fraquezas humanas.
“Toque Brasileiro”
A notar ainda que o quarteto de São Luiz: Toque Brasileiro, que veio com o o Coral de São João, reúne um guitarrista (Luiz Júnior), um pianista (Carlinhos Carvalho), um percussionista (Carlos Piau) e um cantor (Fernando de Carvalho).
Quem ouve pela primeira vez Fernando de Carvalho pode assustar-se porque ele tem voz de soprano feminina, ou seja, mais aguda que contratenor.
É uma voz da família dos contratenores, herança dos castrati, só que contratenor é mais equiparada ao
Esse timbre de voz ele descobriu cantando no banheiro, brinca o cantor, “mas o aperfeiçoamento, evidentemente, exigiu muito trabalho”.
Fernando aponta exemplos parecidos de cantores com timbres de voz raros, semelhantes aos timbres femininos: Edson Cordeiro, Abel do Nascimento (de Fortaleza, já falecido, que ficara famoso pela participação no filme Ligações Perigosas), Paulo Metri, Cláudio Modesto (de Vitória ES).
O mais conhecido, porém, é Ney Matogrosso.
swissinfo, Gabriel Barbosa, de Friburgo.
Coral misto de 28 anos, integrado por 40 pessoas, o Coral São João, de São Luís do Maranhão, tem certo renome. Já efetuou duas viagens à Europa e representou o Brasil ou a própria região em festivais internacionais.
O coral acaba de realizar uma turnê suíça, com passagem pela Alemanha e Paris, divulgando a cultura brasileira e criando laços bilaterais. Em função disso, corais suíços têm visitado São Luís.
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