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A fotógrafa Sabine Weiss brilha em Veneza

autoportrait
Autorretrato, 1953 Sabine Weiss

Sabine Weiss está entre os melhores fotógrafos do mundo. Em homenagem a sua carreira, uma belíssima exposição retrospectiva em Veneza reúne mais de 200 de suas fotografias. A SWI swissinfo.ch apresenta seis das imagens.

Weiss resistiu ao rótulo de “humanista” que frequentemente lhe foi atribuído. Em um dos três documentários exibidos na retrospectiva de Veneza, ela afirma calmamente: “Não gosto de estar presa numa categoria; sou uma fotógrafa completa”. Ela pede desculpas cordialmente por sua falta de modéstia, mas sabia que estava certa.

Weiss realmente foi uma fotógrafa completa. Nascida em 1924 no cantão do Valais, no sudoeste da Suíça, Weiss morreu no ano passado em Paris, onde viveu grande parte de sua vida. Ao longo de sua carreira, suas lentes abraçaram uma multitude de horizontes na Europa, na Ásia e na América. Ela observou cada etapa da vida, desde a infância até a velhice. Capturou pessoas de todo o espectro social: pobres e ricos, desconhecidos e famosos, escritores e artistas (incluindo ela mesma).

A atual exposição em Veneza reúne mais de 200 de suas fotografias e reflete o fôlego da sua obra. Esta retrospectiva – Sabine Weiss: A Poesia do Instante – está em exibição até 23 de outubro na Casa dei Tre Oci, um magnífico edifício do início do século XX na ilha veneziana de Giudecca, em frente à Praça de São Marcos e ao Palácio Ducal.

Woman in Venezia
Veneza, 1950 Sabine Weiss

São necessários cinco minutos no vaporetto – o icônico ônibus aquático de Veneza – para atravessar do Palácio Ducal até Giudecca. Dentro da exposição, o histórico palácio gótico reaparece nesta fotografia de 1950, na qual sua majestosa colunata é posta em perspectiva. Aqui, o claro-escuro parece atemporal. Ao lado da fileira de colunas, Weiss aparece de perfil, seu olhar voltado para a câmera. A cidade e sua sombra estão aos seus pés. É um instante de poesia que a transforma numa estrela veneziana. Será que na época ela sabia que sua fama a traria de volta à cidade após sua morte?

Alberto Giacometti
Alberto Giacometti, Paris, França, 1955 Sabine Weiss

Imortalizado nesta fotografia de 1955, Alberto Giacometti poderia ser um alquimista. O escultor do Homem Andante está congelado. Seu olhar está fixo nas lentes da câmera, mas sua mente está em outro lugar. Em seu ateliê, que se assemelha a um laboratório subterrâneo desordenado, ele parece estar se perguntando como colocar em ordem seus pensamentos e sua arte. Talvez ele admita, no fundo, que o talento é um assunto secreto, uma alquimia que nenhuma fórmula pode explicar.

Man running
O homem correndo, (Hugh). Paris, França, 1953 Sabine Weiss

Weiss identifica este homem, cuja silhueta é vista por trás, como seu marido Hugh. Mas poderia ser qualquer um correndo pelo nevoeiro noturno. Uma atmosfera misteriosa satura a foto. Weiss tirou a fotografia em 1953, no mesmo ano em que a peça Esperando Godot, de Samuel Beckett, estreou em Paris. Na época, havia uma colaboração intelectual constante entre os artistas e escritores da cidade. As personagens de Beckett ansiavam por um ser sobrenatural que pudesse aliviar o peso de suas preocupações. Seria nisso que Weiss pensava quando pressionou o obturador? Quem o homem está perseguindo?

New York
Nova York, 1955 Sabine Weiss

Nova York, anos 50. Esta fotografia é menos íntima que as anteriores. Ela contempla a esfera pública, oferecendo uma visão provocativa do ativismo religioso. Em uma rua da cidade, um cartaz exorta as pessoas a salvarem suas almas, enquanto uma bandeira americana tremula por atrás. Patriotismo e fé religiosa: uma interação em vigor até hoje nos Estados Unidos.

Portugal
Dança dominical, Nazaré, Portugal, 1954 Sabine Weiss

Leveza e alegria são características dos países latinos. Em Portugal, na cidade litorânea de Nazaré, vemos uma dança na clareira de uma floresta. É domingo, de acordo com a legenda da exposição, e a atmosfera é inebriante. Duas mulheres dançam alegremente, enquanto os homens se contentam em observá-las, alguns com um traço de desejo. As crianças, que Weiss tão frequentemente valorizava em seu trabalho, acrescentam um toque sagrado à festa de domingo.

Yves Saint-Laurent
Yves Saint-Laurent, primeira coleção para a Dior, para a revista Life, 1958 Sabine Weiss

Outra festa, outro estilo – desta vez significativamente menos popular. Weiss trabalhou com revistas famosas, incluindo a Life, para a qual tirou esta fotografia em 1958. Yves Saint-Laurent está mostrando sua primeira coleção para Christian Dior. Luxo e voluptuosidade! Um rei entre as princesas irresistíveis de sua corte da alta-costura.

Adaptação: Clarice Dominguez
(Edição: Fernando Hirschy)

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