Mulheres lutam por igualdade de gênero nos museus de arte
Apenas 25% de todas as exposições em museus de arte suíços são dedicadas a mulheres artistas. Mas não só. A sub-representação feminina também ocorre nas posições de liderança em instituições artísticas. A SWI swissinfo.ch revela os números da desigualdade pela primeira vez e continua acompanhando o assunto.
Apesar de cada vez mais mulheres assumirem a liderança nos museus de arte suíços – recentemente Ann Demesteer foi nomeada diretora no Museu de Arte de Zurique (Kunsthaus) – e apesar da lacuna de gênero ter sido eliminada no que diz respeito à educação artística, há ainda um longo caminho para construir equidade de gênero nas próprias exposições.
Mostrar mais
“Os museus suíços devem se tornar mais femininos”
Na Suíça, várias iniciativas foram lançadas nos últimos anos para promover o trabalho de mulheres artistas e apoiá-las em suas carreiras. De um museu exclusivo para mulheres a programas de treinamento e ativismo de rua ou mídia social, as disparidades de gênero na arte estão derretendo gradualmente na pequena nação alpina. O ritmo lento não é nenhuma surpresa em um país onde as mulheres só alcançaram o direito de votar em pleitos nacionais em 1971.
Mostrar mais
O novo museu onde quem manda são as mulheres
A Suíça é o lar de muitos grandes artistas, mas até recentemente somente os artistas homens haviam ganhado atenção mundial. Mas, aos poucos, as mulheres artistas da Suíça também começaram a ser reconhecidas no exterior, em importantes concursos e museus. Mesmo na Suíça, algumas mulheres que produziram por décadas só estão sendo notadas agora pelas instituições de seu país de origem. Um exemplo é o caso das vencedoras do Grande Prêmio Suíço de Arte deste ano, o Prêmio Meret Oppenheim: Esther Eppstein, Vivian Suter e o arquiteto Georges Descombes.
Mostrar mais
Prêmios não minam a fé de Esther Eppstein na arte alternativa
Mostrar mais
Artista suíça troca mundo da arte por mundo sustentável
O ranking de artistas Bilanz, referência na área, classifica a cada ano os artistas suíços mais interessantes e internacionalmente bem-sucedidos com base no conteúdo e relevância, e não no valor de mercado. Na última edição (2021), cinco mulheres aparecem entre as 10 primeiras posições: Miriam Cahn, nascida em Basel, que está no topo da lista, seguida por Pipilotti Rist em segundo lugar, Silvia Bächli (6ª), Pamela Rosenkranz (9ª) e Shirana Shahbazi (10º).
Embora a disparidade de gênero na arte fosse óbvia, até 2019 não havia dados que quantificassem quão visíveis, ou invisíveis, as mulheres artistas são nas instituições culturais do país. Nem mesmo o Instituto Federal de Estatística tinha dados sobre igualdade em museus de arte. Por isso, o SWI swissinfo.ch e a televisão pública suíça RTS fizeram um esforço conjunto para preencher a lacuna de dados, apresentando números concretos pela primeira vez: descobrimos que no período entre 2008 e 2018 apenas 26% de todas as exposições individuais em museus de arte suíços foram dedicadas a mulheres.
Mostrar mais
Museus suíços dão pouco espaço à arte feminina
A luta pelo reconhecimento das artistas também é mundial. O protesto das Guerrilla Girls no Museu de Arte Moderna (MOMA) de Nova York em 1984 – desencadeado pela exposição “Uma Pesquisa Internacional de Pintura e Escultura Recentes”, na qual 13 de 169 artistas eram mulheres – é considerado um momento marcante, mas a luta já vem de bem mais tempo.
Em sua mensagem sobre a política cultural para o período de 2021-2024, o governo suíço consagrou a promoção da igualdade de gênero no setor cultural. Por enquanto, porém, o financiamento alocado pela Secretaria Federal de Cultura para os museus não tem uma “cláusula de igualdade”. E, de forma mais ampla, a ideia de um sistema de cotas temporárias para garantir um maior equilíbrio não conseguiu encontrar consenso entre os diversos atores do setor cultural.
A desigualdade de gênero não diz respeito apenas aos museus de arte. Um estudo de junho de 2021 encomendado pelo conselho de artes da Pro Helvetia revelou que em todo o setor cultural “as mulheres estão notavelmente sub-representadas, tanto no nível de direção estratégica e artística quanto no palco e nas exposições”. Os pesquisadores analisaram a arte performática (dança e teatro), música, literatura e artes visuais e descobriram que os números variam amplamente entre as áreas.
Adaptação: Clarissa Levy
Mostrar mais
Genebra recebe a imortal Ana Maria Machado
Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch