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Art Basel é supermercado da arte

A instalação "Greek Meander Pavilion" do artista americano Dan Graham foi uma das atrações na entrada da feira. Keystone

Encerra hoje a Art Basel, a mais importante feira de arte do mundo. Durante uma semana, 270 galerias expõem e vendem instalações, esculturas e quadros, alguns deles por até cinco milhões de dólares.

Da América Latina, poucos conseguiram passar no crivo severo dos organizadores: apenas quatro galerias brasileiras participam da Art Basel.

O mundo está em crise, as bolsas em baixa, o petróleo em alta e o terrorismo já é muito mais do que um fantasma. Porém o remédio contra a insegurança já foi encontrado: arte.

Na Basiléia, essa cidade suíça localizada às margens do rio Reno e na fronteira com a Alemanha e França, pouco mais de 50 mil visitantes já percorreram os pavilhões da “Art Basel”, a mais importante feira de arte do mundo. Iniciado em 16 de junho, o evento fecha hoje suas portas. Até então as galerias têm se mostrado muito satisfeitas com os resultados.

Não apenas museus de arte do mundo inteiro estão à procura de novas peças para suas exposições, mas também colecionadores particulares e investidores, que vêem na arte uma forma segura e rentável de aplicar dinheiro. Um exemplo foi dado pela venda recorde de cinco de maio na Sotheby’s em Nova York: US$ 104 milhões pela tela “Garçon à la pipe”, de Pablo Picasso.

Participação é um investimento caro

O Art Basel é considerado um evento de participação obrigatória para galerias de arte que sonham em competir no mercado internacional. De 800 candidaturas enviadas por galerias no mundo inteiro, apenas 270 foram selecionadas pelos organizadores. E a aprovação está longe de ser um convite: cada galeria paga o preço básico de 340 dólares por metro quadrado, mas que pode variar caso o estande esteja localizado em áreas mais nobres como nos centros dos pavilhões, onde circulação de visitantes é consideravelmente maior.

“Apenas o nosso estande custou 30 mil dólares, mas incluindo outras despesas como viagem, hospedagem e transporte das obras de arte, a conta final aumenta para 70 mil dólares”, revela Fábio Cimino, da galeria brasileira Brito Cimino. Originários de São Paulo, ele e sua equipe estão participando pela quinta vez do evento.

Fábio Cimino é um dos poucos representantes da América Latina na Basiléia. Afora duas galerias mexicanas e uma chilena, mais três outras galerias do Brasil participam do Art Basel. Mesmo os custos elevados não desestimulam a vinda desses intermediários da arte, pois afinal, nos corredores da grande exposição o que mais se vê são colecionadores e compradores potenciais. “Para nós, é fundamental estar presente na Art Basel”, reforça Cimino.

Dentre os destaques exibidos no estande da sua galeria estão algumas obras do conhecido artista Nelson Leirner, que se destaca pelo trabalho eclético de pintura, colagem e instalações, com temas brasileiros.

“Aqui você encontra apenas uma elite”, lembra Luisa Strin, dona da galeria com o mesmo nome e a participante brasileiro pioneiro na Art Basel. “Somos poucos brasileiros na Basiléia, pois não são muitas galerias no nosso país que têm trabalhos de qualidade para oferecer”.

Além das galerias Brito Cimino e Luisa Strin, outras duas estão presentes na Art Basel: André Millan e Fortes Vilaça.

Preços elevados e médios

Enquanto galerias conhecidas exibem na Art Basel quadros de artistas famosos, outras oferecem preços módicos por obras de arte de jovens artistas.

A galeria alemã Gmurzynska, uma das mais prestigiadas do mundo, coloca à venda o quadro “Le Chien Dalmate”, pintado em 1959 por Pablo Picasso. Nesse quilate, apenas museus e grandes colecionadores podem pagar o preço exigido: cinco milhões de dólares. Além dessa oferta, compradores abonados também podem adquirir uma verdadeira obra do artista espanhol Joan Miro: a escultura de bronze “Tête” não sai por menos de um milhão de dólares.

“Um Picasso original não é apenas arte, mas também um patrimônio que, no final das contas, não tem preço”, contrapõe Maria Finders. A organizadora da Art Basel também refuta a imagem de que o evento se restringe apenas a uma elite de compradores abonados. “Todos falam dos preços elevados da arte, porém é possível encontrar obras de qualidade por menos de quatro mil dólares”.

swissinfo, Alexander Thoele

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