Arte para ver e comprar
Até quem gosta de arte, mas quer assistir aos jogos da Copa pode visitar a ArtBasel. A maior feira de arte do mundo contempla seus visitantes com um telão num dos seus restaurantes.
Até dia 18, a cidade exibe o trabalho de mais de 2000 artistas dos séculos 20 e 21.
Apenas 300 galerias de arte de todos os continentes passaram pelo crivo de um rigoroso comitê, que avalia, a cada ano, a qualidade dos trabalhos que serão exibidos. Isso significa que nenhum expositor tem um stand garantido na feira. Mesmo que pague. Só podem comprar os espaços aqueles que exibem trabalhos tecnicamente bons.
Esse rigor faz com que a mostra seja considerada referência internacional de qualidade para a arte contemporânea. Ou seja, os artistas que nela expõem estão na melhor das vitrines.
Não fosse o fato das obras estarem à venda, o passeio pelos stands lembra uma visita a um museu. Telas de Claude Monet, Pablo Picasso, Joan Miró são algumas delas. Os dígitos variam de acordo com a cotação dos artistas. Tête de Femme, de Picasso, tinha preço entre 4 e 5 milhões de dólares. Não era das mais caras. Poucas galerias expõem os valores das obras. Preço não se discute, só gosto.
Visita especial
“A arte brasileira tem sido prestigiada no mundo todo”, disse a embaixadora brasileira na Suíça, Celina Valle Pereira na visita à mostra. “Acabei de ver peças do artista Tunga que foram expostas no Louvre. E isso só nos dá satisfação”, salientou.
Nessa parte, estão três galerias brasileiras: Fortes Vilaça, Milan Antonio e Strina. “O nível técnico dessa feira é sempre muito bom “, diz André Milan. De acordo com o galerista, é preciso ter bom acervo e capacidade de reposição para apresentar sempre boas opções ao colecionador. Beatriz Milhazes, Tunga, Leda Catunda, Mira Schendel eram alguns deles.
Os novos talentos também têm espaço em parte da feira, chamada Art Statements. São 22 artistas que exibem desenhos, esculturas e instalações. A mostra fica no primeiro piso e segue o rigor da feira.
Interatividade
Outra exposição é a Art Unlimited, com 74 trabalhos expostos em diferentes plataformas. São telas, instalações, performances e apresentações multimídia. Muitos dos artistas buscam a participação do público. Alguns deles advertem de que a responsabilidade e riscos são do visitante. É o caso da instalação Infinities, do artista francês Kader Attia.
Quem enfrenta a advertência de perigo, entra numa sala toda revestida de espelhos. Para atravessá-la é preciso passar por grandes “parafusos” prateados que rodam no próprio eixo. A sensação é ruim porque não se sabe exatamente onde pisar – perde-se a noção de distância e de equilíbrio. É divertido – para quem não tem labirintite.
O artista alemão Julius Popp resolveu usar a água para escrever, com a instalação bit.fall. Um sistema de computador seleciona as palavras que são decodificadas para a alta engenhoca criada pelo artista. Caem jatos de água que formam as palavras para informar o público. Não há quem não pare para ler – mesmo com texto em alemão.
Já a instalação Laughing Hole, criada por La Ribot, provoca risos. Quem percorre a feira durante a performance de Clive Jenkins não resiste e vai conferir. Ela não pára de rir. Está numa sala com vários cartazes de papelão com frases que fazem alusão ao riso: rir ajuda; por favor, ria; venda de diversão; regras para rir, entre outras. É de rir.
Do lado de fora, algumas instalações criam a interatividade graças ao clima. Como os jatos de água de Jeppe Hein(Appearing Room). Pode-se entrar, mas a saída não é muito simples. Várias crianças aproveitam a arte fazendo arte: voltam para casa molhados.
Arte latina e design
Todos os anos, vários eventos artísticos ocorrem em Basiléia na mesma época, mas são independentes da ArtBasel. Esse ano, pela primeira vez, a mostra saiu dos limites do centro de exposições de Basiléia, a Messeplatz, e ganhou dois novos espaços na cidade, com exibições diferenciadas: a balelatîna e a DesignMiami/Basel.
A primeira fica no espaço cultural Brasilea e reúne 28 galerias internacionais, cujos artistas têm um enfoque na arte latina. “Sempre recebemos inscrições de muitas galerias que nem sempre podemos acomodar na feira e acho que com essa nova área da mostra poderemos dar mais foco à arte latina”, diz Samuel Keller, diretor da ArtBasel.
Duas das galerias são brasileiras, a Marília Razuk e a Nara Roesler. “Acho que os organizadores perceberam que há um espaço para essa arte”, disse Marília Razuk. A galerista expõe trabalhos do artista Cabelo e de Edith Derdyk, entre outros. A outra brasileira, Nara Noesler, também participa da feira em Miami, mas tem expectativas de entrar no mercado europeu.
Embora esteja distante do evento principal, o visitante pode chegar ao destino com um belo passeio. De ônibus, com charretes suíças ou de barco.
A DesignMiami/Basel, também ligada à organização do evento principal, reúne 17 das galerias de design. “Queremos trazer para a Europa um novo espaço para colecionadores, exibidores e criadores de design”, definiu Ambra Medda, diretora da mostra. Quem gosta de design vai se divertir com os desenhos – nem sempre com os preços.
A ArtBasel tem crescido: é sinal que o mercado de arte continua em alta – como os preços.
swissinfo, Lourdes Sola
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