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Artista plástico brasileiro expõe na Suíça

Série Teshuva, de Rolando Gassman, exposta em Basileia Brasileia

Branco, preto e cinza. Com essas cores, em diferentes composições de madeira, o artista plástico brasileiro Ronaldo Grossman apresenta a exposicão “Teshuva” até 24 de novembro em Basileia.

O trabalho com as diferentes perspectivas cria um jogo de olhar com o espectador, atraído pelas ilusões de ótica criadas por linhas e planos infinitos.

Há alguns anos, o artista plástico Ronaldo Grossman interessa-se pelo olhar. Logo descobriu que achava mais interessante a visão humana periférica do que a central. Trata-se da acuidade visual usada no escuro: quando a pessoa percebe o objeto e movimentos, mas sem muita definição.

É diferente da chamada acuidade central, quando a imagem cai no centro da retina, usada para leitura e outras atividades que exigem mais atenção ao detalhe.

 A série exposta na Fundação Brasilea chama-se Teshuva, que significa o retorno do judeu ao bom caminho, e não há relação apenas com o Yom Kipur. “É o momento em que as pessoas precisam perceber o que estão fazendo de errado e devem buscar um comportamento mais coerente”, explica Grossman. Para os religiosos,  esse estado de reflexão, alerta e arrependimento deveria fazer parte da vida das pessoas todos os dias. 


 “Não tem nada a ver com culpa, mas com a renovação da força”, diz o  artista.

Ver para crer

Ao trabalhar com planos infinitos, as diferentes composições ganham movimento, percebido pelo olhar periférico do observador da obra. Os trabalhos de Grossman não têm um foco ou um centro e embaralham a retina ao mesmo tempo em que envolvem o observador, que passa de sujeito a objeto.  “A pessoa pode olhar e não se interessar. Não há uma convocação para uma participação ativa”, explica.

A relação estabelecida pelo trabalho de Grossman é bem diferente do que se preconizava a partir dos anos 60, quando havia uma tendência geral no teatro, dança, poesia, artes plásticas, entre outras formas de manifestação artística,  de criar junto com o público, chamando-o a participar, algumas vezes até ostensivamente.

Muitos visitantes não disfarçavam a desconfiança: eram pegos espiando atrás da obra para terem a certeza de que estavam diante de um só plano. Foi o caso de peças, por exemplo, que dão a ilusão de paredes paralelas.

Muitas obras são compostas por mais de um módulo de madeira encaixados, com extensão de dois metros. Há trabalhos menores, mas igualmente com tinta sobre madeira.  “Quando se trabalha sobre a tela, trabalha-se a tinta sobre a tinta. Com a madeira o resultado é diferente”, explica.

Jogo de olhar

Para a crítica de arte e professora Ligia Canongia,  a pintura de Grossman vai além da influência do concretismo e surpreende pelo movimento.  “O movimento que se desenvolve exatamente nessa fissura entre o plano e suas diversas perspectivas é um movimento sensacional, porque flutuante conforme a nossa sensação e localização no ambiente e conforme a potência transitiva de nosso olhar periférico”,  concluiu.

Grossman sabe que na visão periférica não há um foco específico e a pessoa forma a imagem com sombras e movimentos.  “Esse jogo de olhar é o que me interessa.”

O artista Ronaldo Grossman nasceu em 1972 no Rio de Janeiro.

Iniciou seus estudos de artes plásticas no Parque Laje, conhecido centro de formação artística em 1989.

 Aos 18 anos mudou-se para Portugal e deu continuidade aos estudos de artes na escola Ar.Co de Lisboa.

Em 2001 voltou ao Brasil e fundou a galeria Novembro Arte Contemporânea, fechada há alguns anos. Atualmente dedica-se apenas ao seu trabalho.

A mostra pode ser visitada de quarta à sextas-feira, das 14 às 18 horas ; quinta-feira, das 14 às 20 horas ; ou em qualquer outro horário com agendamento.

A Fundação Brasilea fica na Westquaistrasse 39, Dreiländereck, em Basileia.

Telefone: 061 262 3939

A mostra de Basileia reúne 14 trabalhos do artista, com preços que variam de 2.500 a 12 mil francos.

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