Bandeira suíça vira mania nacional
A bandeira vermelha com a cruz branca está mais na moda do que nunca.
Impressa numa infinidade de objetos, as vendas aumentaram ainda mais às vésperas do 1° de agosto, festa nacional suíça.
Com a seca deste verão, os tradicionais fogos de artificio do 1° de agosto foram proibidos em quase todo o país, devido o risco de provocar incêndios.
Todo tipo de objeto
Primeiro de agosto é a festa nacional suíça, o equivalente ao 25 de abril em Portugal ou o 7 de setembro no Brasil.
No entanto, o que não falta é a bandeira suíça. Ela está mais na moda do que nunca, impressa em todo tipo de objeto: panelas, bolsas, velas, tapetes, abotoaduras etc. etc.
O precursor foi um seleiro do cantão do Valais que começou a fazer bolsas com cobertores usados do exército suíço, com o emblema nacional.
Dois anos atrás, surgiram as primeiras camisetas vermelhas com a cruz branca no peito. Eram vistas com certa ironia e até críticas de uma parte da população, avessa a qualquer manifestação de patriotismo.
É que, geralmente, os suíços são, primeiro, do lugar onde nascem, depois do cantão (estado) e, por último, do país. Isso é devido à história do país, que é uma confederação de estados, daí o nome oficial de Confederação Helvética.
Não é patriotismo
Daí que a moda da bandeira é ainda mais surpreendente. Uma grande rede de lojas (Globus), por exemplo, lançou recentemente uma campanha de venda de objetos com a bandeira suíça durante um mês.
Uma empresa que fabrica bonés e camisetas e entrega em 300 lojas, diz que não está conseguindo manter os prazos de produção, tamanha a demanda. Os turistas também tem comprado muito esses produtos.
“A cruz federal cola muito bem à moda atual em que o retro virou chique”, afirmou ao jornal Le Matin a conservadora do Museu do Design e Artes Aplicadas Contemporâneas de Lausanne, Claire Favre Maxwell.
Ela não acredita que esteja ocorrendo uma volta do patriotismo. “Com exceção de objetos tradicionais como as bandeirinhas e as lanternas de 1° de agosto, a atitude do consumidor é de ironia”, afirma.
De símbolo gerreiro ao de consumo
“Quando alguém compra uma bolsa feita com um cobertor do exército ou uma caixa de preservativo vermelha com uma cruz branca, os símbolos são completamente deturpados”, acrescenta.
Uma pesquisa recente revelou que apenas 4% dos suíços conhecem o hino nacional, o que tenderia a demonstrar também que não se trata de uma onda de patriotismo.
Historicamente, a cruz branca da bandeira suíça vem do século XIV quando era colocada na farda dos soldados como identificação.
A forma simples e quadrada facilita a impressão sem deformar a bandeira que, de um símbolo guerreiro tornou-se um fenômeno de moda, mais de 700 anos depois.
swissinfo, Claudinê Gonçalves
– Precursor foi bolsa com cobertor usado do exército.
– Depois vieram as primeiras camisetas (dois anos atrás) e todo tipo de objeto.
– Suíços, principalmente jovens, e turistas são os melhores clientes.
– Um relojoeiro que produzia artigos de certa qualidade (Michel Jordi) com motivos típicos, está à beira da falência.
– Consumidor não seria patriótico mas sim irônico com os símbolos nacionais.
– Pesquisa recente indica que apenas 4% dos suíços conhecem o hino nacional.
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