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Barbie, ícone mundial com raízes suíças

Un homme et une femme dans une voiture rose
Margot Robbie e Ryan Gosling como Barbie e Ken. © 2022 Warner Bros. Entertainment Inc.

No dia 20 de julho, estreou nos cinemas o filme dedicado à Barbie, a icônica boneca que marcou a infância de diferentes gerações. É uma longa história que se iniciou na Suíça na década de 1950.

Ultimamente, quer você queira ou não, estamos todos sendo levados por uma enorme onda rosa-choque. Vemos a cor em todos os lugares, insinuando-se em nossa vida cotidiana. Esse é o resultado da ampla e eficiente campanha de marketing que há meses acompanha o lançamento do filme Barbie nas salas de cinema do mundo todo.

O longa-metragem de Greta Gerwig, estrelado por Margot Robbie e Ryan Gosling, é mais do que um filme: é uma experiência que faz um aceno sobretudo à geração millennial, que cresceu com a icônica boneca, sua casa com elevador, sua piscina de bolinhas, seus cavalos e suas diferentes roupas… Embora as crianças de hoje continuem brincando com a boneca, o filme é uma verdadeira viagem ao passado.

Mas também é uma forma de trazer a boneca de volta à moda, principalmente através das diversas colaborações estabelecidas com marcas de moda e de cosméticos e da enorme estratégia para as redes sociais lançada pela Mattel, empresa americana de brinquedos. No TikTok, vemos o crescimento das hashtags #barbiecore e #kencore. Com o Barbie Selfie Generator, é possível se transformar em Barbie ou em Ken com apenas um clique e, na plataforma Airbnb, podemos alugar a casa da Barbie em Malibu por uma noite (embora não haja mais disponibilidade até 2025). Basicamente, quem quiser pode mergulhar completamente no colorido mundo da Barbie.

Défilé avec des gens vêtus de rose
O rosa é a cor da moda neste verão do hemisfério Norte, como visto aqui no New York Pride. 2023 Invision

Barbie “nasce” na Suíça

Mas como e onde nasceu essa boneca? Nicoletta Bazzano, professora de História Moderna no Departamento de Ciências Humanas, Letras e Patrimônio Cultural da Universidade de Cagliari e autora do livro La donna perfetta. Storia di Barbie (A mulher perfeita. A história da Barbie), nos explica. A Barbie nasceu em março de 1959 graças a Ruth Handler, esposa de Elliot Handler, um dos fundadores da empresa Mattel. O nome Mattel se origina justamente da união do nome de Elliot com o nome de seu sócio, Harold “Matt” Matson: Matt + El. A boneca nasce graças a uma viagem para a Suíça, quando Ruth Handler, acompanhada de sua família, vê pela primeira vez uma boneca que não existia no mercado estadunidense.

Femme avec des poupées Barbies
Ruth Handler com diferentes versões de sua famosa Barbie. Keystone / Cassy Cohen

“Enquanto passeava com os filhos e o marido em Zurique ou Lucerna – Ruth conta as duas versões da história –, a mulher viu numa tabacaria uma boneca que sua filha, Barbara, imediatamente quis ter”, explica Bazzano. “Era Lilli, uma boneca de 29 centímetros e meio, vendida em uma loja frequentada por homens e inspirada numa personagem de uma tirinha publicada no jornal Bild. Não se tratava de um brinquedo, mas de um enfeite. Ruth Handler levou-a para casa e transformou-a na Barbie [cujo nome foi inspirado na sua filha, Barbara – Ken, por sua vez, foi uma homenagem ao seu filho Kenneth, N. da R.]”.

Poupée dans une main
“Lili Doll”, a boneca que inspirou Ruth Handler a criar a Barbie. Keystone / Frank Hormann

“A diva”

Mas a Barbie não era a típica boneca com a qual as meninas estavam acostumadas a brincar, pois tinha traços de mulher, ou melhor, de diva. “A Barbie é uma diva. Ruth Handler havia trabalhado na Paramount quando jovem e estava, portanto, familiarizada com o mundo do cinema. E o mundo do cinema influenciava inevitavelmente todo o imaginário americano, inclusive o das crianças. A Barbie é uma modelo com um rico guarda-roupa”, afirma a autora do livro. O sucesso foi imediato, embora logo tenha sido acompanhado de críticas, pois “era oferecida às meninas uma boneca com seios fartos e pernas longuíssimas, uma boneca que representava aquilo que queriam ter se tornado”, continua Bazzano.

A transformação da Barbie

Em seus primeiros anos de vida, a Barbie era um reflexo de sua sociedade: “ela exerce poucas profissões, como babá e recepcionista, ocupações estritamente femininas, além de também ter roupas para cozinhar e seu vestido de noiva, que continuaria tendo ao longo dos anos”, relembra a professora. No entanto, após críticas de feministas tanto dos Estados Unidos quanto da Europa, a boneca loira se emancipa: torna-se “a moça que pode fazer tudo e começa a colecionar profissões: há então a Barbie bombeira, astronauta, candidata à presidência dos EUA…”.

Depois, nos anos mais próximos aos dias de hoje, a Mattel também começou a variar as medidas físicas da boneca (que não tem mais apenas a medida 99-55-83) e colocou no mercado Barbies mais baixas, mais redondas e com deficiência, abraçando um discurso de inclusão.

Différents modèles de Barbie
Nascida na década de 1950, a Barbie sempre conseguiu se adaptar e acompanhar os tempos. Keystone / Mattel / Handout

Barbie e a sociedade

“A Barbie absorveu do mundo ocidental tudo o que produziu e sempre dançou conforme a música; sempre se adaptou aos valores da época e tem começado a progredir. No Oriente, por outro lado, ela era tão inovadora que chegou a ser demonizada. Ela foi proibida em todo o mundo muçulmano por transmitir um ideal de mulher independente. Não foi por acaso que inventaram uma gêmea sua, chamada Jasmine, que é rigorosamente coberta e tem como acessório um tapete de oração. Ela possui todas as características que podem levar as meninas que brincam com ela a desenvolverem um ideal de feminilidade aceitável naquela sociedade”, acrescenta Bazzano.

Barbie e o mundo

A Barbie mudou ao longo das décadas: de dona de casa, passou a ser uma mulher capaz de fazer tudo e de melhor representar todas as aspirações das jovens.

No filme, a Barbie também se depara com um desafio inédito. Em dado momento, descobre que tem pés planos, uma novidade para ela, já que sua figura clássica possui pés particularmente arqueados, desenhados para usar um salto muito alto. “Isso muda a sua perspectiva. Ela já não usa mais saltos rosas, mas sapatos normais, e isso muda inevitavelmente a sua visão de mundo”, conclui a professora.

(Adaptação: Clarice Dominguez)

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Scene of Espaldas Mojadas (Alejandro Galindo, 1955)

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