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Basiléia – Cosmopolitas de bolso

Ponte do meio na Basiléia decorada para o natal (foto: picswiss) http://www.picswiss.ch/Basel/BS-41-07.html

Basiléia é uma cidade aberta ao mundo, repleta de arquitetura moderna.

Localizada às margens do rio Reno, na fronteira com a França e a Alemanha, a cidade tem uma história secular que pode ser vista não apenas nos museus e palácios, mas também nas suas ruas estreitas e nos antigos bondes.

Basiléia quer ser uma metrópole. Em todo caso, a tradicional cidade tem o prédio mais alto da Suíça: a torre do centro de convenções com 105 metros de altura.

Se alguns habitantes se orgulham e pensam até em Nova Iorque, outros se sentem incomodados. Eles preferem que Basiléia continue sendo bucólica, pequena e adormecida. Porém a cidade é, de alguma forma, cosmopolita apesar das dimensões reduzidas. O turista que se interessa por arte de nível internacional, feiras mundiais e ao mesmo tempo por uma história que marcou a Europa, então Basiléia é o destino correto.

A pequena metrópole suíça, encravada no meio da Europa, é tão aconchegante com um pequeno vilarejo das montanhas. Tudo pode ser alcançado à pé ou com os “Drämmli”, como chamam os habitantes da Basiléia os seus bondes.

Entre as estreitas ruelas da cidade antiga, da torre “Spalentor” e a belíssima catedral, se estendem mais de dois mil anos de história da “Basilia”, como os romanos chamavam o local. Nomes conhecidos na história como Aeneas Silvius Piccolomini, que depois se tornaria o Papa Pius II, Erasmo de Roterdã (teólogo), Hans Holbein (pintor), Paracelsus (médico e alquimista), Matthäus Merian (cartógrafo), Hermann Hesse (escritor) e muitos outros viveriam por lá.

No monte onde se localiza a catedral (“Münster”, em alemão) se encontra um velho prédio, onde em 1460 foi criada a primeira universidade da Suíça. A praça, feita de paralelepípedos que devem ter rolado da nascente do Reno no massivo do Gotthard, é o berço da Basiléia. Lá vivia há séculos uma tribo celta. Hoje o local é utilizado para animadas partidas de pétanque, o típico jogo francês com bolas de metal.

Reforma protestante

Durante a Reforma Protestante em 1529, os orgulhosos habitantes da Basiléia expulsaram o bispo do seu palácio. O que sobrou foi o seu báculo, o bastão com a extremidade superior arqueada usado pelos bispos, com o brasão da cidade.

Uma clara demonstração da vontade de poder da nascente burguesia pode ser vista no prédio da Prefeitura, uma construção datada do século XVI e que é uma das principais atrações pelas impressionantes pinturas em relevo sobre tijolos vermelhos.

Protestantes da França e Itália fugiram na época da perseguição nos seus países e encontraram refúgio na Basiléia. Com sua ética do trabalho e capacidades profissionais, esses migrantes de elite deram as bases para a prosperidade dessa cidade suíça. Ela começou através das tecelagens de fita de seda. Depois as cores desses artigos da moda no seu tempo fizeram surgir a indústria química, um setor onde a Basiléia tem um destaque mundial. Essa riqueza é obra do trabalho de várias famílias tradicionais, que apesar da discrição protestante, sabiam investir seus milhões em arte.

Essa paixão persiste desde a Renascença. Hoje, coleções únicas no mundo podem ser admiradas em museus como a “Kunsthalle” (exposições), Museum Tinguely (dedicado ao artista Jean Tinguely), Fundação Beyeler (coleção particular e exposições) e o “Kunstmuseum” (arte clássica e contemporânea). Nessa última casa, o amante da arte pode admirar as obras da coleção do erudito Basileus Amerbach, comprada pela cidade em 1661. Ela foi a primeira coleção de arte aberta ao público na Europa, muitos anos antes dos nobres em outros países terem aberto as portas das suas coleções aos plebeus.

Contraste arquitetônico

Hoje em dia construções modernas de arquitetos reconhecidos internacionalmente fazem contraste com os prédios históricos na parte antiga da Basiléia. Um dos exemplos é o Museum Tinguely, desenhado pelo arquiteto suíço Mario Botta para abrigar as esculturas de metal do artista surreal Jean Tinguely.

Porém em nenhum local é possível passar tanto tempo admirando obras de arte como na Fundação Beyeler. Sua construção, saída das pranchetas do famoso arquiteto italiano Renzo Piano, abriga pinturas não apenas de grandes nomes como Monet, Cézanne, Picasso, Giacometti e Mondrian, como também de artistas contemporâneos como os americanos Frank Stella, Mark Rothko e Anselm Kiefer. A Fundação Beyeler é o resultado de cinqüenta anos de trabalho como colecionador do galerista Ernst Beyeler, que decidiu tornar público suas 200 obras mais preciosas no museu aberto em 1997.

Mas a Basiléia não se orgulha apenas dos seus 40 museus: um dos “high-lights” do setor é a Art Basel, uma das maiores feiras de arte moderna e contemporânea do mundo e que ocorre uma vez por ano no centro de convenções da cidade.

Além disso, reforçando seu caráter festivo e colorido, Basiléia também tem o mais importante carnaval suíço, o “Fasnacht” (ler artigo: E a festa começa!).

Fontes

Bondes atravessam a ponte central sobre o rio Reno. Construída pela primeira vez em 1225, ela sofreu várias transformações até, em 1905, receber bases sólidas de cimento. O Reno sempre marcou o cotidiano dos habitantes da Basiléia. No passado, as margens eram protegidas por altas muralhas contra inimigos. A abertura ocorreu apenas no século XIX, quando muros receberam passagens e caminhos para pedestres foram construídos ao longo do Reno. Na mesma época a cidade ganhou piscinas ao ar livre, barcos de passeio e três novas pontes.

Basiléia é conhecida também na Suíça como a cidade das fontes de água. No total, 170 ainda estão em funcionamento. Um dos exemplos mais marcantes é a “Fasnachts-Brunnen” (Fonte do Carnaval) na praça do teatro. Desde 1977 ela abriga uma obra de Jean Tinguely, na realidade uma máquina que se movimenta, faz borbulhas na água e diverte os turistas.

Quanto o turista passeia pela parte antiga da cidade, ele precisa ter boas pernas. Isso pois duas colinas fazem a topografia de Berna. Subindo ou descendo, os motivos de fotografia são vários como prédios históricos, casinhas coloridas onde no passado viviam artesãos, mas também muitos bares e clubes, onde a juventude costuma passar noites que não deixam nada a perder para as de Barcelona ou Berlim.

Apesar de pequena, Basiléia é um lugar aberto ao mundo. Em apenas alguns passos, o turista já está pisando em solo alemão ou francês.

swissinfo, Alexander Thoele

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