Brasileiro é sucesso pop
De pai suíço e mãe brasileira, Marc Sway é tido pela imprensa como o “Lenny Gravitz suíço". Contratado pela BMG Ariola, o jovem roqueiro já é conhecido nos países germânicos.
Mas Marc Sway tem um sonho secreto: lançar um CD de bossa-nova e dar um concerto no Brasil.
O jovem moreno de cabelos espetados, brincos, pearcing no nariz entra no bar e olha para o relógio. Ele está preocupado, pois se atrasou quinze minutos para o início da entrevista. Ao descobrir o jornalista no meio da multidão, ele abre um sorriso simpático e pergunta rindo: – “E aí amigo, você fala português?”.
Marc Sway, vinte e cinco anos, é uma estrela no mundo pop. Seu rosto está nas revistas alemãs para adolescentes como a “Bravo”, em programas de televisão na Suíça, nos clips exibidos na MTV ou Viva e em shows que faz em várias capitais européias. Suas canções em inglês falam de amor e misturam elementos do pop, rock, soul e gospel, incluindo uma pitada dos anos 70.
Origens no Brasil e na Suíça
Stefan-Marc Lopes, nome de batismo do cantor, nasceu em Männedorf, um pequeno povoado próximo do lago de Zurique, e tem os passaportes suíço e brasileiro. Inês, sua mãe, nasceu na Bahia e viveu no Rio de Janeiro. Ela chegou na Suíça há quase trinta anos para cuidar de idosos, mas se transformou em professora de dança e percussão. René, seu pai, é músico amador, tocava flauta e cantava em bandas locais.
Se a veia musical de Marc Sway já estava no berço familiar, ela foi seguramente reforçada durante as centenas de festas brasileiras organizadas pelos pais, que eram membros ativos de clubes brasileiros na Suíça. “Não perdia a oportunidade de subir no palco para apresentar uma canção com o pandeiro ou a cuíca; acho que a primeira vez eu devia ter uns cinco anos”, lembra-se o cantor.
Com dezessete anos, Marc ganhou um concurso de talentos organizado por uma rádio em Zurique. Sua primeira apresentação ao grande público ocorreu em 1999 no programa alternativo do Montreux Jazz Festival, a convite de Julinho Martins, um músico brasileiro residente na Suíça.
Depois de completar a formação escolar, Marc Sway fez um curso técnico de propaganda e trabalhou durante três anos numa agência de publicidade. “Não era a carreira dos sonhos, mas eu aprendi esse lado do marketing, que é muito importante hoje em dia para um músico profissional”.
A hora de virar músico
Após completar os dezenove anos, Marc Sway decidiu que havia chegado o momento de investir na música. Por isso o dinheiro economizado no primeiro emprego terminou sendo investido na gravação de uma fita-demo. Com ela embaixo do braço, o jovem roqueiro bateu primeiramente nas portas das gravadoras suíças.
Como ocorrem com tantos compositores em início de carreira, elas não se mostraram muito interessadas pelo seu trabalho. Porém Marc não se desanimou. “Decidi então cair no mundo e terminei parando na Alemanha”.
Um jovem funcionário da BMG Ariola, gravadora da grande multinacional alemã Bertelsmann, gostou da sua música e convenceu seus chefes a dar uma chance ao artista brasileiro-suíço. Marc pegou sua guitarra e viajou para Munique, onde os diretores da gravadora estavam reunidos.
“Cheguei lá e toquei na frente de todo mundo”. Pouco depois, o rapaz estava com um contrato firmado e começava a gravar com produtores conhecidos como Steve Mac e Jörgen Elofsson, sendo que o primeiro escreve hits para estrelas do pop como Kylie Minogue, Ronan Keating e Vanessa Amorosi.
O primeiro CD, intitulado “Marc’s Way” foi gravado na Suécia e lançado no mercado europeu em agosto de 2003. Cinco meses antes, a canção “Natural High” já estava no sétimo lugar das paradas de sucesso na Alemanha. Nove das quartorze canções do disco foram compostas pelo próprio Marc.
No país dos Alpes, alguns jornais o apelidam de “Lenny Kravitz suíço”. Para Marc, trata-se de um elogio, “já que eu sempre gostei do guitarrista americano, que também se inspira em legendas do rock como o Jimi Hendrix”.
Mensagem
Além das fontes musicais dos anos 70, Marc Sway também se interessa pelas mensagens políticas daquela época conturbada. Nos shows, nas ruas e no seu vídeo-clip “Ready For The Ride”, gravado em Los Angeles, o jovem cantor suíço se exibe com uma camiseta onde estão impressos os símbolos das cinco maiores religiões do planeta: Cristianismo, Judaísmo, Hinduísmo, Islamismo e Budismo.
“Tive essa idéia logo depois que começou a guerra no Iraque. Minha mensagem é dizer que não importa a religião da pessoa ou a sua cor de pele, mas que todos nós somos iguais e temos direito ao mesmo espaço na Terra”.
Marc Sway tem shows agendados para os próximos meses na Suíça, Áustria e Alemanha. O palco é o espaço onde o músico se sente melhor e onde suas canções soam mais pesado.
Com apoio de uma banda formada por músicos americanos, alemães e suíços, o jovem suíço-brasileiro sonha em seguir uma longa carreira no mundo pop. “Ao contrário dos grupos criados através de programas de TV, quero trabalhar lentamente para aprimorar minha música”.
Sonho de tocar no Brasil
Apesar de empregar a linguagem universal do rock, Marc Sway não consegue se desprender das suas origens. Seu maior sonho seria realizar um disco de bossa-nova cantado em português. Porém seus empresários aconselham o jovem cantor a concentrar seus esforços na carreira européia. “Esse é um plano para o futuro”.
No meio da entrevista, Marc sonha em voz alta e lembra que tem também um outro sonho: tocar para o público brasileiro. Com toda certeza a juventude estaria interessada em conhecer um ídolo pop europeu que não só fala português, como também domina muito bem instrumentos tão nativos como o violão, pandeiro e cuíca.
swissinfo, Alexander Thoele
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