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Brasileiros na comemoração dos 850 anos de Fribourg

Vista parcial da parte antiga de Fribourg. swissinfo.ch

De janeiro a dezembro de 2007, a cidade suíça de Friburgo comemora, com pompa e circunstância, seus 850 anos de existência realizando conferências, debates, concursos, exposições, concertos, espetáculos de dança, etc.

No auge dos eventos agora em junho prevê-se uma participação de 35 jovens da Fundação INEC (ginástica rítmica) de Nova Friburgo. É uma ocasião de lembrar os laços entre as duas cidades.

A cidade suíça de Friburgo, hoje com 36 mil habitantes (chega a 80 mil quando se incluem as aglomerações vizinhas) existe desde 1157. Pedro Álvares Cabral nasceria apenas três séculos mais tarde (1467 ou 1468).

Oitocentos e cinqüenta de existência faz de Friburgo um lugar de idade respeitável, gerando motivos mais que suficientes para comemorações. Aliás, é o que não falta no decorrer deste ano (confira ‘sites relativos’, ao lado) .

Reflexão sobre a identidade

Os responsáveis pelos eventos expressaram intenção de, através dos diferentes acontecimentos, refletir sobre a identidade friburguense (com o que lhe é próprio e exclusivo), valorizar a história local e as características desse centro urbano e, por extensão, do cantão de Friburgo.

Sendo Friburgo uma cidade universitária compreende-se o empenho em imprimir também um enfoque multidisciplinar a muitos dos eventos programados.

Colocou-se igualmente em destaque o aspecto multicultural, porque Friburgo engloba um componente latino, sendo a população majoritariamente de língua francesa, e um componente germânico, pois cerca 30% dos habitantes falam alemão (ou melhor, dialetos alemães). Dois idiomas, duas culturas bastante distantes, que convivem em harmonia mais que razoável.

Gymnaestrada

A respeito de multiculturalismo, um grupo brasileiro participa, um tanto por casualidade, das comemorações do 850° aniversário de Friburgo. O grupo representa o INEC – Instituto de Esportes e Cultura, de Nova Friburgo (ONG que fomenta atividades esportivas e culturais além de buscar talentos para a ginástica brasileira).

O INEC vem à Europa a fim de participar de 7 a 15 de julho do encontro mundial GYMNAESTRADA, previsto em Dornbirn, na Áustria. (Um parênteses para lembrar que se trata de um vento de peso que ocorre de 4 em 4 anos. O último, em 2003, foi em Lisboa e o próximo, em 2011, será em Lausanne, na Suíça). Como na Europa as distâncias não são enormes, passar pela vizinha suíça não constituía problema.

Os 35 jovens mostram seus talentos ao público fribourgeois, sexta-feira 22 de junho (em Düdingen) e sábado, 23 no centro da cidade (place Python).

Este último espetáculo enquadra-se na Fête de la Musique, realizada no âmbito das comemorações do 850 aniversário da cidade de Friburgo. A Festa – de 21 a 23 junho – com músicas grátis para todos os gostos é um dos pontos altos das celebrações que se desenvolvem o ano inteiro.

Os representantes do INEC são muito bem-vindos a Friburgo, mesmo porque os vínculos desta cidade com Nova Friburgo são realmente muito fortes.

Um livro essencial

A cidade fluminense foi fundada por imigrantes suíços em 1819. Durante mais de um século os descendentes dos primeiros colonos perderam de vista suas raízes.

A primeira e essencial etapa para o fomento de laços, recuperando esse “atraso”, é a publicação em 1973 de um livro, de aparência anódina, La Genèse de Nova Fribourg, uma tese de doutorado em que o jovem universitário suíço, Martin Nicoulin, vasculha a emigração para o Brasil de 2 mil suíços, na maioria fribourgeois. “A Gênese de Nova Friburgo”, versão portuguesa da obra, sairia em 1996.

A propósito, a descoberta de raízes foi muito facilitada com a publicação desse livro. Nos anos 80 e 90 a busca de identidade seria muito forte. E o livro com pormenores sobre todos os imigrantes – indicação dos nomes de família, lugar de origem, o que levaram etc. – veio satisfazer a uma curiosidade legítima. E os brasileiros de origem helvética não se têm privado.

Novas etapas

No meio tempo, em 1977, 261 friburguenses da Suíça tinham lotado um avião para visitar os “primos” do Brasil. Um reencontro marcante para o estabelecimento dos vínculos entre Fribourg e Nova Friburgo. E, em 1978, surgiam duas associações, uma de cada lado do Atlântico, para incentivar e coordenar iniciativas que reduziram as distâncias entre as duas cidades.

Estava lançada a dinâmica de aproximação bilateral que resultou em viagens, realizações de projetos, amizades e até casamentos. Hoje as relações Fribourg-Nova Friburgo assemelham-se a um casamento que deu certo. (A propósito, confira artigo acima em ‘Sobre o mesmo Assunto’).

swissinfo, J.Gabriel Barbosa, Friburgo

Nova Friburgo foi fundada por colonos suíços, na maioria fribourgeois que emigraram para o Brasil na época de Dom João VI, em 1818.

Nos anos 70, mais de um século e meio depois, ocorreu o reencontro dos suíços de Friburgo com descedentes de seus antepassados em Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro.

No reestabelecimento dos laços entre Fribourg e Nova Friburgo, a publicação do livro La Genèse de Nova Friburgo pelo historiador suíço Martin Nicoulin foi determinante.

No livro – uma tese de doutorado – Nicoulin conta em detalhes a verdadeira odisséia que constituiu a viagem de 2006 suíços rumo ao Rio de Janeiro, registrando todas as famílias de emigrantes (nome, sobrenome, número de pessoas, lugar de origem, o que levaram, etc), isso permitiu a muitos friburguenses descendentes de suíços encontrar suas raízes.

Após o reencontro, prevalece o empenho de ambos os lados de fortalecer os vínculos que se têm criando através de diferentes iniciativas. Uma aproximação dessa dimensão seria um caso único no Brasil. E o movimento mantém sua dinâmica…

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