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Cem anos de cartazes de votações, em cores

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100 anos de cartazes de votações em uma só imagem: cada faixa mostra a cor dominante de um cartaz, cronologicamente ordenada da esquerda à direita. swissinfo.ch

A Suíça tem mais plebiscitos do que qualquer outro país do mundo. Apesar da digitalização, cartazes continuam sendo importantes ferramentas da campanhas políticas. Exibimos aqui alguns deles nas cores utilizadas ao longo dos últimos 100 anos.

Graças ao sistema de semidemocracia direta, os eleitores na Suíça votam quatro vezes por ano em nível nacional sobre diferentes questões. Ao longo de cem anos já foram mais de 600 plebiscitos e referendos.

Isto significa que as campanhas políticas são realizadas a um ritmo frenético. Cartazes sempre foram um dos instrumentos prediletos para os defensores de projetos e ideias. O banco de dados SwissvotesLink externo digitalizou 680 cartazes que foram utilizados nos últimos 100 anos. Aqui avaliamos as cores utilizadas neles.

Escolha limitada nos anos 1920

No início, a seleção de cores era reduzida por questões técnicas. “A maioria dos primeiros cartazes eram litografias”, explica Bettina Richter, curadora de uma coleção exibida atualmente no Museu de Design de ZuriqueLink externo. “Isto significava que os impressores necessitavam de uma pedra diferente para cada cor, o que era muito caro na época.”

Ao observar as cores mais marcantes do período, cada faixa da imagem mostra a cor média de um cartaz, ordenado cronologicamente da esquerda para a direita.

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As cores dos cartazes de votações antes da II Guerra Mundial. swissinfo.ch

“Com a impressão offset e serigráfica, novas possibilidades se abriram nos anos 1950”, diz Richter. Os cartazes dos últimos dez anos são, portanto, muito mais coloridos do que os da primeira metade do século 20, como mostra a figura abaixo.

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Cores dos cartazes de votações desde 2010. swissinfo.ch

Paleta mínima como um efeito de estilo

As cores reduzidas dos cartazes de votação dos anos 1920 e 1930 não significam um debate político reduzido ou monótono. Pelo contrário, “na época, os partidos lidavam com questões relevantes utilizando imagens simples, em preto e branco, pois era o que deixava uma impressão mais forte”, afirma o cientista político Mark Balsiger, especialista em campanhas eleitorais. “Comunistas e fascistas gostavam de provocar.”

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Cartaz do Partido Comunista contra a prolongação da formação básica militar de 67 a 90 dias. Concebido em 1935 pelo artista Theo Ballmer. Museum für Gestaltung Zürich, Plakatsammlung, ZHdK (alle rechte Vorbehalten)

Bettina Richter confirma: “Naqueles dias, o diálogo entre os partidos políticos era muito mais controverso e provocativo”. A escolha limitada de cores ajudava os artistas que concebiam os cartazes a destacar mensagens simples e claras.

As imagens políticas da época também tiveram um forte impacto devido a seu processo criativo, diz a curadora. “Nos anos 1920, era comum que os artistas promovessem as ideias com as quais se identificavam. Além disso, tinham uma grande liberdade criativa, concedida por aqueles que os contratavam. Como resultados os cartazes impressionavam.”

Profissionalização da comunicação

As mudanças ocorreram a partir dos anos 1960 quando surgiram as agências de comunicação. “Hoje elas funcionam principalmente como prestadoras de serviços”, diz Richter. Os cartazes se tornaram menos especiais e agora se parecem com outros, de cunho mais publicitário. “As inovações gráficas e as mensagens ambíguas quase desapareceram dos cartazes eleitorais contemporâneos”, afirma.

Outra razão para este desenvolvimento são os comitês de campanha, segundo Balsiger: “São clientes exigentes, na verdade, grupos formados por uma gama diversificada de pessoas. Como resultado, a escolha de temas é geralmente fruto de um compromisso.”

“Retorno às raízes” da direita nacionalista

A provocação voltou nos anos 1990 através dos cartazes do Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão, direita nacionalista). Mark Balsiger observa que o partido e movimentos e organizações próximas trouxeram uma retórica dos anos 1930. “É quase um retorno às raízes: provocação, exageros e ataques aos adversários”, diz Balsiger, completando: “É uma estratégia que não se via desde o final da II Guerra Mundial”.

Bettina Richter acrescenta: “Se os cartazes do SVP ainda hoje chamam atenção, é porque são controversos. O partido frequentemente usa uma linguagem visual e uma retórica de imagem mais próxima dos primórdios dos cartazes políticos comuns na década de 1920. Em particular, um uso insensível das representações do inimigo e uma visão unidimensional do mundo. As coisas são pretas ou brancas.”

Em termos de cores, o padrão volta aos anos 1930: tons de branco, preto e vermelho dominam.

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Cartaz do Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão), concebido para a iniciativa popular de 2009, que pedia a proibição da construção de minaretes no país. Museum für Gestaltung Zürich, Plakatsammlung, ZHdK

A agência de comunicação responsável pela maioria dos cartazes utilizados pelo SVP é a GOALLink externo, dirigida pelo marketeiro Alexander Segert. “Estou convencida de que a qualidade do conteúdo dos cartazes de votação é sempre fortemente influenciada pela opinião dos que concebem essas ideias”, analisa Richter. Os cartazes do SVP escondem-se por traz de um indivíduo que se identifica com a mensagem veiculada. Alexander Segert desenvolveu sua própria linguagem visual, que sai do lugar-comum com seu estilo cômico, mas que é, definitivamente, apelativa.”

Os cartazes do SVP chamaram a atenção no exterior. O estilo e os motivos chegaram a ser copiados por outros movimentos políticos como a “Lega”, na Itália, e outros partidos de extrema-direita na Alemanha, Bélgica e República Tcheca. A controversa iniciativa (projeto de lei levado à plebiscito federal após o recolhimento de um número mínimo de assinaturas) de proibir a construção de minaretes na Suíça – aprovada posteriormente nas uras – chegou até mesmo à Austrália quando cartazes inspirados na campanha foram vistos nas manifestações contrarias ao Islã.

No exterior, o sucesso dos cartazes do SVP foi interpretado como um sinal preocupante do aumento do racismo na Suíça. Em 2007, o relator da ONU sobre racismo manifestou oficialmente preocupação frente ao governo suíço ao criticar uma das campanhas do SVP.

Pouca resistência do centro e da esquerda

Os partidos mais moderados e de esquerda evitam utilizar estratégias populistas semelhantes e, muitas vezes, falham em contrapor as campanhas movidas pelo SVP. Afinal, não é fácil popularizar uma campanha sem utilizar polêmicas e provocações. “A mensagem deve ser transmitida e compreendida em dois segundos, um enorme desafio para os marketeiros”, afirma Mark Balsiger.

No entanto, a esquerda às vezes consegue, por vezes, provocar, como mostra o cartaz abaixo.

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Uma cartaz desenhado pela artista genebrina Exem para uma iniciativa do grupo “Por uma Suíça sem Exército” (GSsA). Museum für Gestaltung Zürich, Plakatsammlung, ZHdK

Bettina Richter cita os cartazes de Genebra em forma de histórias em quadrinhos dos anos 1980 e 1990. Ela distingue um artista em particular – Exem – que não tinha medo de usar uma retórica semelhante ao do SVP, trabalhando com símbolos claros e retratações do oponente. “No contexto dos cartazes políticos, foi a resposta da esquerda ao SVP, porém com um design melhor e mais refinado”.

Adaptação: Alexander Thoele

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