Cannes ri dos suíços
“Bem-vindo à Suíça”, o primeiro filme da diretora Léa Fazer, compete ao prêmio “Câmera de Ouro” na mostra oficial do Festival de Cinema de Cannes.
Película é uma comédia hilariante sobre estereótipos da Suíça, incluindo queijos, montanhas, chocolates e pontualidade.
Em meio ao palco iluminado para a apresentação dos sucessos de bilheteria e blockbusters americanos, que nesse ano ressurgem no Festival Internacional de Cannes, os divulgadores do filme suíço “Bem-vindo à Suíça” precisavam chamar a atenção da imprensa.
A idéia é um pouco exótica, mas fez sucesso: cada jornalista interessado recebeu uma caixinha de música que faz barulho de vaca e um press-release no formato de passaporte suíço, vermelho com a cruz branca no meio, o famoso “passe-livre” para o Eldorado da segurança e riqueza.
Apesar da originalidade, muitos críticos consideram que a diretora genebrina Léa Fazer teve mais sorte que capacidade. Com 39 anos, seu primeiro filme é uma das poucas películas suíças a ser exibida no atual Festival Internacional de Cannes, que se realiza até 23 de maio nessa charmosa cidade no litoral sul da França. “Bem-vindo à Suíça” participa da mostra competitiva “Câmera de Ouro”, onde diretores de cinema são premiados.
Franceses adoraram
A comédia suíça foi recebida de diferentes formas. Na apresentação, que ocorreu logo na abertura do Festival de Cannes, o público morreu de rir. Muitos o compararam o filme com outro clássico do cinema suíço, a comédia “Fazedor de Suíços” (1978), do diretor Rolf Lyssy.
A crítica não seguiu o interesse popular e baixou o malho no “Bem-vindo à Suíça”. O jornalista Jean-Luc Douin, do jornal francês “Le Monde”, escreve:
– “Tudo é caricatura no filme, como o sotaque suíço do ator Vincent Perez, exagerado, até insinuações do passado duvidoso do país durante a Segunda Guerra Mundial. As origens confusas da fortuna familiar parecem se inspirar nos gracejos de uma charge satírica. Em duas palavras: o filme não é engraçado e os suíços são reduzidos a uma tribo de indígenas ridículos”.
Herança traz suíço de volta às origens
O roteiro de Léa Fazer é simples, mas possibilita uma divertida comparação entre os costumes da França e da Suíça, dois países muito diversos do ponto de vista político, histórico e cultural.
“Bem-vindo à Suíça” conta a história de Thierry, um suíço que abandonou há muito tempo a terra natal para tentar a vida na França. Anos depois, o etnólogo de profissão retorna às suas origens para participar do enterro da avó. Ele vem acompanhado da esposa e logo descobre que também é herdeiro de uma grande fortuna. A única condição para recebê-la é provar aos parentes que sabe honrar as tradições helvéticas, uma tarefa quase impossível para alguém que já vive há muitos anos numa metrópole francesa.
Para a cineasta suíça, seu filme não tenta ridicularizar a Suíça, mas sim homenageá-la. “Eu quis testemunhar o paradoxo helvético, essa mistura surpreendente de tradição e modernidade, de orgulho e humildade, de curiosidade frente ao mundo e a paixão pelo isolacionismo”.
Como virar suíço
Ninguém gosta de estereótipos, porém eles revelam um pouco da alma de um país. Léa Fazer não poupa nem seus próprios concidadãos. No press-release do seu filme, ela dá de presente o passaporte suíço e também dicas para se tornar um verdadeiro cidadãos do país dos Alpes:
“Agora que você tem um passaporte suíço, aqui estão alguns conselhos que facilitarão sua integração:
-Compre um relógio suíço.
-Aprenda a esquiar.
-Esqueça todos os queijos e dedique-se somente ao Gruyère.
-Dobre seu consumo de chocolate (se você não gosta de chocolate, devolva imediatamente esse passaporte!).
-Não jogue lixo no chão. (Não hesite em criticar em voz alta as pessoas que jogam lixo no chão).
-Para seus objetos de valor, alugue um cofre num banco. Se você não tem objetos de valor, alugue de qualquer maneira um para colocar seus diplomas e o passaporte suíço. Se sua casa pega fogo, o cofre será de muita utilidade.
-Não esqueça de criticar em voz alta os pedestres que atravessam a rua com sinal vermelho.
-Não hesite de criticar em voz alta as pessoas que tentam furar filas.
-Quando você cruzar com uma estrela de cinema ou de rock, faça como se você o ignorasse. Não hesite de também criticá-lo em voz alta, Na Suíça, todo mundo é igual.
-Seja bem-vindo!
Segundo o distribuidor oficial Pathé Distribuition, o filme “Bem-vindo à Suíça” será exibido nos cinemas comerciais da França, Bélgica e Suíça a partir de 30 de junho.
swissinfo, Alexander Thoele
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