Suécia acaba com o sonho suíço de chegar às quartas
Tristeza e decepção: a Suíça foi derrotada pela Suécia por 1 a 0 na terça-feira (03.07) em São Petersburgo e se despede da Copa do Mundo 2018 sem o sonho de se qualificar para as quartas de final.
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Alexander Thoele é de origem alemã e brasileira e ingressou na swissinfo.ch em 2002. Nascido no Rio de Janeiro, concluiu seus estudos de jornalismo e informática em Brasília e Stuttgart.
“Para a Suíça ainda falta aquela coisa especial”, “Suíça eliminada sem glória por uma Suécia sólida”, “Aos poucos vou perdendo a crença”, “Uma seleção se revelou”, “Como foi possível perder nessa oitavas-de-final”. Esses foram algumas das manchetes na imprensa suíça depois da derrota no estádio Arena Zenit, em São Petersburgo, e o fim do sonho de estar presente nas quartas de final desde 1954.
“Nós permanecemos os eternos finalistas de oitavas de final. Essa é uma dura realidade revelada depois da amarga derrota contra uma equipe tão fraca como a dos suecos”, escreve o editorialista de esporte do jornal BlickLink externo. “De um lado estava a Suécia, uma equipe com seus cantos, mas que seguramente era uma das mais fracas das que estavam nas oitavas-de-final…Do outro a Suíça: com mais potencial, mais classe, mas que acabou não mostrando nada disso. Foi uma participação sem coragem e que, no final, se destacou pela falta de criatividade e inspiração. No final tivemos o mais fraco jogo das oitavas”, completa.
SRFLink externo, o canal da televisão pública (da qual a swissinfo.ch faz parte) não esconde a tristeza que tomou conta dos torcedores helvéticos. “A Suíça teve mais chances de gol e dominou muito mais a bola. Ela fez também boas jogadas, mas acabou perdendo para a Suécia. Um gol de Emil Forsberg acabou com os sonhos da Copa de Shaqiri e companhia. A decepção dos jogadores foi imensa. Especialmente devido ao fato de que nunca as expectativas foram tão grandes como agora”.
Talvez uma questão de preparo psicológico? O editorialista da SRF apontaLink externo para uma possível fraqueza. “Essa equipe não tem muito o que se criticar. Talvez tenha se valorizado demais, impulsionada pela euforia nas mídias. Mas na Rússia ela fez uma boa campanha”. Porém o destino da seleção foi decidido, afinal, pelos seus resultados. “Só o caráter não é suficiente. No final a classe decide pela saída ou continuação. A Nati (como a seleção é conhecida na Suíça) tinha um bom goleiro com Yann Sommer, mas na ofensiva ela tinha pouco impulso. Xherdan Shaqiri pode ter jogadas decisivas, mas não em cada jogo. Breel Embolo é ainda uma promessa, de 21 anos e, portanto, muito jovem. Isso vale também para Manuel Akanji….porém quem não faz gol, acaba pagando por isso.”
No Tagesanzeiger, jornal de Zurique, o editor questionaLink externo as qualidades da seleção suíça. “Nós tivemos um pouso forçado com o 0 a 1 contra a Suécia. Assim respondemos à questão das questões: à que ponto somos bons? Tão bons como o ranking mundial da FIFA, que nos colocava em sexta posição?”
A resposta é dada por ele mesmo: “Para processarmos o que ocorreu nessa Copa, especialmente nas oitavas, precisamos ver que os jogadores não ofereceram o que se esperava deles.”
O fato é que as esperanças estão agora depositadas no futuro. “Os suíços se despedem da Copa com a impressão de terem sido perdedores. E a questão: e agora? Nessa questão não podemos deixar de ver que um longo caminho já foi percorrido. A seleção suíça não deixou de participar de nenhuma Copa do Mundo ou Copa da Europa desde 2004. Isso é fantástico pelos recursos futebolísticos do país. Mas esse é exatamente o problema: a escolha é reduzida e se não houvessem os filhos dos migrantes, a Suíça estaria ainda mais pobre. O importante é que vem uma nova geração com jogadores como Akanji, Embolo, Mvogo, Mbabu, Zakaria. Ela terá um toque africano e, quem sabe, já pronta para uma vitória?”
O sisudo NZZ, jornal mais internacionalmente conceituado da Suíça, abre o seu comentárioLink externo com o título “O fracasso é sistemático”. “O futebol suíço tinha um grande sonho nesta Copa, mas no final, jogaram pequeno. Não diferiu muito como há doze anos na Copa da Alemanha, quando a Suíça jogou contra a Ucrânia: os uniformes também eram amarelo contra vermelho. Porém foi o jogo mais enfadonho da história, como escreveu na época o jornal inglês The Guardian.
Porém na terça-feira, 3 de marco, na Arena Zenit em São Petersburgo, ela repetiu a mesma história. “A recente seleção suíça é um sucesso, porém ela acaba sempre se repetindo nos constantes fracassos. Para ela é muito complexo conseguir se impor nos momentos mais importantes e acaba não caindo no tempo em que o futebol helvético era pequeno. Ela joga para não perder e não para ganhar.”
No jornal francófono Le Temps, de Genebra, o editorialista faz uma analogia Link externocom a seleção suíça. “Ela passou à margem das oitavas-de-final como já tinha ocorrido com o jogo decisivo contra Portugal em Lisboa, no ano passado. Ela me faz pensar em um cavalo de concursos, que supera facilmente os obstáculos, mas que fracassa logo no momento em que você aumenta a altura das barras.”
Seu julgamento final da seleção suíça se deposita no caráter mediano dela, o que impede voar a alturas mais elevadas. “A Suíça tem muitos jogadores médios e não jogadores suficientes de alto nível. Estes são fatos e não uma interpretação pessoal. Reconhecidamente, a Suécia está indo bem com uma base muito boa de defensores centrais e oito que estão rondando. Esta não é a filosofia do (treinador) Vladimir Petkovic, que queria produzir mais jogadas do que seu antecessor, Ottmar Hitzfeld. Ele fez isso contra os mais fracos. Mas, para produzir jogos contra times organizados, você precisa ser capaz de eliminar um contra um para criar os grandes jogadores. Sem eles, é impossível mover um bloco do lugar. A Suíça terá sucesso quando Xhaka e Shaqiri tiverem concorrentes. Deve haver dois Xhakas e o treinador coloque no campo o melhor deles.”
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