Demanda de livros brasileiros surpreende em Genebra
Satisfação no Pavilhão Brasileiro no Salão do Livro em Genebra: a procura de literatura brasileira e livros sobre a realidade do País ultrapassou a expectativa. Mas houve também decepções...
O Brasil trouxe seus clássicos e a maioria de seus melhores escritores contemporâneos ao Salão Internacional do Livro e da Imprensa, de Genebra, realizado de 1° a 5 de maio.
E não faltaram interessados (na maioria suíços) em manusear, folhear e e adquirir obras expostas no Pavilhão Brasileiro. Obras que incluíram desde Machado de Assis a João Ubaldo Ribeiro, passando por Guimarães Rosa, Drummond de Andrade, Jorge Amado, Clarice Lispector, Dalton Trevisan, Ariano Suassuna e muitos e muitos outros.
Os preferidos
Com promoções especiais de Paulo Coelho, José Sarney que vieram ao Salão e representantes da Poesia Concreta – Décio Pignatari e Augusto de Campos, também presentes – todos esses autores (tirando Coelho que já não precisa de publicidade), saíram-se melhor que os outros escritores nas vendas registradas no Pavilhão.
A demanda de livros infantis e de livros sobre a arquitetura brasileira, acima do esperado; os pedidos relacionados com medicina alternativa, em particular praticada pelos índios, sobre fauna e flora, sobre a história do país, as tradições e a realidade do País em geral chegaram a surpreender.
Preços exorbitantes
Se essas demandas puderam em geral ser atendidas, não havia como responder aos pedidos de dicionários bilingües e de traduções que simplesmente não existem.
Muitos visitantes do Salão desejavam também livros sobre viagem, turismo, mapas, roteiros, guias… provavelmente confundindo um pavilhão voltado principalmente para a literatura com um pavilhão de turismo.
O responsável pela venda de livros, António Pinheiro, que tem uma livraria portuguesa em Genebra, alertou para a dificuldade em vender livros brasileiros na Suíça. Mesmo neste país de forte poder aquisitivo, os preços dos livros diretamente importados são muito altos.
Segundo Pinheiro, uma edição de obra brasileira realizada em Portugal pode sair até 50% mais barata. Isso representa portanto um empecilho muito grande para uma maior divulgação…
“Milagre brasileiro”
Infelizmente não faltou um pouco de improvisação. A definição do conteúdo chegou tarde, os livros vieram na última hora e, além disso, ficaram retidos certo tempo na alfândega suíça. Isso teve repercussões. Por exemplo, disposição dos livros nos estandes não tinham uma lógica, os preços (em geral elevados) não estavam, por exemplo, indicados nas obras.
Miriam Leme, da Biblioteca Nacional, responsável pela literatura brasileira no exterior e que atuava como consultora no Pavilhão, prefere falar de “milagre” em vez de desorganização.
Miriam lembra que chegaram 80 caixas de livro e que 40 vieram de Paris. Ela prefere atribuir tudo ao problema da falta de verba, enfrentado pelo Ministério da Cultura. E se o Pavilhão Brasileiro saiu é porque houve “um esforço sobre-humano”. E não hesita em utilizar a palavra milagre.
Em tempo, o Salão é visitado por cerca de 120 mil pessoas. A estimativa de venda de livros brasileiros oscila entre 40 e 50 mil exemplares.
swissinfo / J.Gabriel Barbosa
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