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Festival de Cinema aposta em sucessos de bilheteria

Wagner Moura, o destemido Capitão Nascimento em "Tropa de Elite 2 - o inimigo agora é outro" oeditor.com

O FIFF, Festival Internacional de Filmes de Friburgo, na Suíça, comemora seus 25 anos com muitas homenagens e 114 filmes excepcionais.

Especializado, no início, em filmes do “terceiro-mundo”, o festival continua em 2011 sua guinada radical rumo ao reconhecimento popular, apostando em sucessos de bilheteria como “Tropa de Elite 2”.

Entre os dias 19 e 26 de março, os suíços poderão assistir a uma variedade imensa de gêneros e autores cinematográficos. Tudo para incluir o público no cinema mundial.

12 longas-metragens em competição vindos de 10 países vão disputar o “Regard d’or” (Olhar de Ouro) o primeiro prêmio do festival. “São filmes inéditos, mas também filmes que fizeram grande sucesso em seus países de origem”, explica Edouard Waintrop, diretor do FIFF.

Dessa forma, muitos filmes já conhecidos serão exibidos em Friburgo como “Aftershock”, do chinês Feng Xiaogang; “Miss Tacuarembó”, do uruguaio Martin Sastre, ou ainda “Tropa de Elite 2”, de José Padilha. O brasileiro já teve quase todos seus filmes exibidos no festival e este ano encerrará o FIFF com o filme que também causou sensação nos festivais Sundance e em Berlin, com mais de 11 milhões de ingressos vendidos no Brasil.

O FIFF, antiga muralha da boa consciência, onde os filmes eram escolhidos antes de tudo pelo conteúdo e pelo caráter pejorativo de “terceiro-mundista”, passou a ser cinéfilo graças ao impulso de Edouard Waintrop, que dirige seu último festival em Friburgo. O futuro ex diretor do FIFF se preocupou mais com a forma e o prazer. Para ele, filmes do Sul (como também já foi chamado o festival de Friburgo) incluem de uma maneira geral todos os filmes que não são facilmente distribuídos aos cinemas suíços.

Debates, encontros e masterclasses também garantirão, ao público e aos profissionais da área, o indescritível prazer de uma sala às escuras. Para alcançar o público esperado, 30 mil espectadores, o festival sai este ano de suas fronteiras, organizando uma Avant-première dia 15 de março na cidade de Berna, no estado vizinho a Friburgo.

A competição internacional

Além dos sucessos de bilheteria de Xiaogang e Sastre, a competição internacional tenta mostrar a diversidade de estilos e de gêneros que fazem o esplendor do cinema.

Assim, filmes mais intimistas, como “Fix Me”, coproduzido pela empresa suíça Akka Films, ou ainda “Las Marimbas Del Infierno”, do guatemalteco Julio Hernández Cordón, e “Bi, Dung So!”, longa-metragem vietnamita do jovem diretor Phan Dang Di, dividirão as salas com outros filmes inéditos: “Autumn”, do ator indiano Aamir Bashir e “Sin Retorno”, do argentino Miguel Cohan.

“Não é por causa que o regime iraniano prende seus cineastas que o cinema iraniano vai deixar de existir”, diz Waintrop, anunciando que o país estará presente com dois filmes bem diferentes. Uma comédia, “Please don’t disturb” e um drama, “La Maison sous l’eau”, de Sepideh Farsi, que conta a história de um engano da justiça.

Colômbia, com “Los Colores de La Montaña” de Carlos César Arbeláez, e Coreia do Sul, representada pelos filmes “Poetry” de Lee Chang-dong (prêmio de melhor roteiro no festival de Cannes 2010) e “Late Autumn” de Tae-Yong Kim, fecham a seleção que disputará o prêmio Regard d’or.

Homenagens e afagos

Sete ciclos temáticos, ou “panoramas”, bem variados acompanharão os espectadores durante todo o festival. Um deles, intitulado “Black Note”, reúne 15 filmes em torno de um denominador comum, a música negra.

O ecletismo do festival é percebido nos tributos prestados pelos panoramas: homenagem ao cinema da Geórgia, à diretora, roteirista e produtora argentina Lita Stantic ou até mesmo aos filmes consagrados aos terroristas. O FIFF anuncia a projeção da versão integral do filme “Carlos”, de Olivier Assayas, que dura cinco horas e meia. Primeira e única exibição na Suíça.

A agência suíça de cooperação ao desenvolvimento (DDC, na sigla em francês) completa 50 anos (ver acima ‘sobre o mesmo assunto’). Patrocinadora há anos do festival, que apresentou um orçamento estável em 1.7 milhões de francos, a DDC recebe um afago em um panorama reunindo 6 filmes de países prioritários da cooperação suíça.

Edouard Waintrop encerra assim sua missa em Friburgo, mas não abandona sua religião, que segundo seu sucessor, o crítico de cinema Thierry Jobin, é caracterizada pela definição do cinema dada por Charles Chaplin: mostrar o mundo como ele é, com seus mendigos, ditadores, guerras e dramas, sem, no entanto, entediar o público.

A Suíça é pequena, mas tem uma variedade imensa de festivais de cinema:

Arkaös: promove os festivais de curtas “le Jour le plus Court” (O Dia mais Curto) e “le Grand Concours du Mini-Court” (O Grande Concurso do Mini-Curta), em Sierre.

Festival Black Movie: realizado em Genebra. Filmes da África, Ásia e América Latina.

Festival du filmet Forum international sur les droits humains: filmes e fórum de debates sobre direitos humanos, em Genebra.

Festival international du film des Diablerets: especializado em filmes alpinos.

Festival international du film de Locarno: “o menor dos maiores festivais de cinema”, como Cannes, Berlim ou Veneza.

Festival international du film oriental de Genève: filmes sobre o Oriente.

Festival international de films de Fribourg: filmes do Sul

Festival du film français d’Helvétie: festival de cinema francês realizado na Suíça, em Bienne.

Journées cinématographiques de Soleure: principal festival de cinema suíço.

Lausanne Underground Film and Music Festival: festival de cinema e música underground

Festival international du film fantastique de Neuchâtel: especializado em filmes de ficção científica.

Visions du réel:

especializado em documentários.

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