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Festival de Locarno publica programa para 2009

O presidente do evento, Marco Solari (esq.) e o diretor artístico, Frédéric Maire. Keystone

Mostrar o que tem de melhor no cinema mundial, unir o público e os profissionais, mostrar outras facetas através das imagens e provocar discussões: o 62° Festival Internacional do Cinema de Locarno tem objetivos ambiciosos.

O único filme lusófono já confirmado para a mostra competitiva é “A Religiosa portuguesa” do diretor francês de origem americana Eugène Green.

Locarno é sinônimo de festival de cinema que, como nenhum outro no mundo, aproxima o público “comum” das estrelas e outras figuras glamorosas.

Mas também o cinema suíço terá seu espaço garantido no evento, programado para ocorrer entre 5 e 15 de agosto.

Duas noites terão películas helvéticas na Piazza Grande, a praça central e ponto nevrálgico do festival. Na seção “Journée du Cinéma Suisse” haverá a estréia mundial do filme “La valle delle ombre” feito no Tessin, a parte de expressão italiana da Suíça.

Além disso, cineastas helvéticos de diferentes gerações estarão participando da mostra competitiva. Serão filmes como “Complices”, do diretor Frédéric Mermoud, “The Marsdreamers” de Richard Dindo e “Ivul” de Andrew Kötting.

Como estréias mundiais serão apresentados os filmes suíços “Dirty Paradise” de Daniel Schweizer e “Baba’s Song”, do diretor Wolfgang Panzers.

Quadrinhos na tela

Para Frederic Maire, a edição de 2009 do Festival Internacional de Cinema de Locarno será a última. Neste ano o diretor cultural chega mesmo a se aventurar em uma área ainda desconhecida nos eventos do setor.

“Manga Impact – o mundo da animação japonesa”, um projeto cujo principal objetivo é trazer para o público ocidental essa tradição cultural pouco conhecida, documentando seu início até os dias de hoje. Os organizadores também querem mostrar a influência dos Mangas no cinema ocidental.

Para possibilitar uma ampla aceitação do público pelo tema, o festival se uniu ao Museu Nacional do Cinema de Turin, na Itália. Pois o “Velho Mundo”, segundo os organizadores, “subestima até hoje a riqueza nos seus componentes culturais, estéticos e sociais.”

Nesse sentido o público não terá aapenas uma ampla escolha de filmes “Manga”, mas também acesso à exposição organizada com os italianos mostrando 40 cartazes de cinema, figuras de ação (bonecos que encenam as figuras principais) assim como os “storyboards” (um projeto de uma seqüência de cenas cinematográficas). Estas mostram a realização das cenas individuais.

Cinema alternativo

Naturalmente Locarno terá grandes peças do cinema comercial. Porém filmes de países desconhecidos, do ponto de vista cinematográfico, também estarão presentes como a Mongólia, Coréia do Norte e África do Sul.

O segmento “Ici & Ailleurs” tem 30 diferentes programas de curta e média metragem, dos quais muitos nunca foram exibidos. Só de estréias mundiais serão 26.

O que todas as obras têm em comum é mostrar acontecimentos atuais. Por exemplo, o diretor iraquiano-curdo Hiner Saleem encena em “Après la Chute” a história da queda de Saddam Hussein visto à distância, em Paris. Também um diplomando da escola de cinema de Lugano volta à sua ex-Iugoslávia para a casa dos seus avós, mortos durante o conflito.

Testemunhas oculares dão a sua voz no filme “Téhéran sans autorisations”, realizado através de tomadas feitas com o celular no cotidiano da capital iraniana pela diretora Sepideh Farsi. Um tema de peso, sobretudo ao lembrar-se dos últimos acontecimentos no Irã.

Final dos tempos

Também o relacionamento entre os seres humanos e a natureza, influenciado pelo desenvolvimento político e econômico, se torna tema de várias obras exibidas em Locarno.

Por isso não é de se admirar que alguns dos filmes tenham como tema o final dos tempos de um mundo dominado pela raça humana. O tom principal: não é a guerra atômica que provoca a destruição do planeta, mas sim as consequências das catástrofes ecológicas.

Chegas às fronteiras

Filme e teatro não concorrem entre si. Por essa razão, o ator, autor e diretor de teatro italiano Pippo Delbono é o convidado de honra do 62° festival às margens do lago Maggiore. Sua obra completa poderá ser (re)descoberta pelo público em Locarno.

Dentre ela está uma série dos seus filmes, realizados durante as exibições das peças de teatro, assim como documentários e outras peças nunca antes publicadas. Uma exibição especial será feita do mais recente filme de Delbono: “La paura”, feito exclusivamente com uma câmara de celular. Seu curta-metragem “BlueSofa” será exibido também na Piazza Grande.

O que seria Locarno sem a competição internacional? Até agora 18 filmes de 15 países já foram confirmados. Destes, quatorze são inéditos e sete são filmes de estreantes.

O único filme lusófono já confirmado para a mostra competitiva é “A Religiosa portuguesa” do diretor francês de origem americana Eugène Green. Ele conta a história de Julie de Hauranne, uma jovem atriz francesa que fala a língua da sua mãe, o português, mas que nunca esteve em Lisboa. Ela chega pela primeira vez a esta cidade, onde vai rodar um filme baseado nas “Lettres portugaises” do escritor francês Gabriel de Guilleragues.

Etienne Strebel e Alexander Thoele, swissinfo.ch

A seção “Open Doors” é destinada à procura de parceiros, sobretudo da Europa, para a realização dos projetos selecionados de filmes.

Ela é apoiada pela Direção de Desenvolvimento e Cooperação da Suíça (DEZA, na sigla em alemão) e o Ministério suíço das Relações Exteriores (EDA).

A cada ano ela dedica-se a uma diferente região do globo.

O foco de 2009 são os países de língua chinesa: China, Hong kong e Taiwan.

Em 2006, o foco era o sudeste asiático. Em 2007, Oriente Médio e, 2008, América Latina.

O 62° Festival Internacional de Cinema de Locarno tem um orçamento de 11,3 milhões de francos.

A crise econômica ainda não teve influências sobre a programação.

Patrocinadores que abandonaram o apoio puderam ser substituídos por outros.

Um dos principais patrocinadores, o banco UBS, chegou mesmo a prolongar o contrato até 2012 apesar de estar em crise.

Segundo o presidente do festival, Marco Solari, o evento vive das reservas acumuladas. Elas são suficientes até 2010.

Atualmente os organizadores intensificam o trabalho de procura por novas fontes de renda.

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