Festival de Montreux continua sua transformação
O Festival de Jazz de Montreux, na sua 42a edição este ano, está cada vez mais variado. Claude Nobs, fundador e diretor da manifestação, fala das mudanças em andamento.
Em 2007, para tirar o orçamento do vermelho, a direção do evento reduz a oferta, deixando de programar a terceira cena que havia sido criada anos atrás no famoso Casino. Também houve mudança de infra-estrutura.
Este ano, o MJF prossegue sua mutação, especialmente nos concertos gratuitos no Parque Vernex. O vasto hall do Palácio de Congressos, tradicionalmente espaço dos patrocinadores, se transformará em um “Montreux Jazz Hub”, mais próximo ao espírito do festival.
Isso sem falar do primeiro “Montreux Jazz Café”, dentro de alguns meses, no aeroporto de Genebra (coluna à direita). Essas e outras questões são abordadas pelo diretor histórico do MJF, em entrevista dada à swissinfo.
swissinfo: Você vai viver a aventura do Festival de Jazz de Montreux pela… 42a vez!
Claude Nobs: Antes de pensar na programação, eu me pergunto a cada vez: será que vou conseguir? Tenho ainda o entusiasmo, os contatos e tudo o mais?
Aí começo, com Lori Immi, claro, que tornou-se um pilar da programação, e Michaela Maithert, que quase não aparece mas que trabalha comigo há 25 anos. De vez em quanto “batemos boca” porque discordamos em certas coisas, mas é apaixonante! É um verdadeiro desafio…
Então nos atiramos n’água e tentamos chegar do outro lado com alguma coisa simpática na chegada.
Em 2007 começaram importantes transformações, especialmente com a criação de uma Fundação..
C.N.: A Fundação 2 foi surgiu para ajudar a criação musical, sobretudo de músicos jovens, e apoiar os três concursos que organizamos todo ano (piano, canto e guitarra ou violão), concursos que começam a ter uma dimensão mundial.
Ela apóia ainda os “workshops” que organizamos, mas que são animados pelos próprios artistas. Até BB King e Herbie Hancock deram workshops em Montreux! Essas ateliês são gratuitos para o público, mas a infra-estrutura custa caro. Também tem a ver com os concertos gratuitos ao ar livre, no Parque Vernex.
swissinfo: A Fundação contribui para o saneamento financeiro do festival?
C.N.: A vantabem da Fundação 2 é permitir que mecenas dêem dinheiro ao festival e deduzam dos impostos, o que não era o caso anteriormente, porque o festival era considerado uma organização comercial.
Essa é portanto a razão principal para separar o lado criativo da ajuda dada aos jovens, ou seja, das atividades paralelas ao festival. Com essa separação, temos uma estrutura mais versátil que não está ligada à grande máquina dos concertos pagos. Isso possibilita uma redução do custos totais.
swissinfo: Em 2007, foi suprimida a cena do casino, terceira sala do festival…
C.N.: Os concertos do Casino, na verdade, eram quase um 2° festival. Isso custava muito caro. Agora haverá alguns eventos no Pequeno Palácio, que fica ao lado do Palácio de Congressos e não será preciso uma segunda estrutura adicional importante.
swissinfo: A marca «Montreux Jazz Festival» se exporta. Como ficou a versão anunciada em 2006, em Marrakech, que nunca mais se ouviu falar?
C.N.: Está em compasso de espera. Todos os papéis foram assinados em Montreux com a secretaria de turimo de Marrocos e com a cidade de Marrakech. Alguns meses depois, ocorreram mudanças políticas no país e nossas pessoas de contato saíram. Então preferimos esperar para conhecer a nova equipe e ter a garantia de que tudo vai funcionar… Não é um país fácil para montar um festival! Em compensação, com Cingapura temos uma colaboração de cinco anos que funciona bem e, com Atlanta, há vinte anos!
swissinfo: Sua colaboradora Lori Immi me dizia recentemente que todos os artistas que vêm a Montreux fazem questão se encontrar Claude Nobs. Vedetes que correm atrás do organização, isso é algo raro, não?
C.N.: Isso vem talvez da famosa canção «Smoke on the Water» de Deep Purple, em que sou mencionado como «Funky Claude»! Talvez seja devido também ao tipo de contatos que sempre tive com os artistas, ou seja, exatamente o contrário de um diretor de festival vizinho que faz tudo para não encontrar os artistas!
Eu sempre pensei que, sem agir como fã e pedir autógrafos, que o artista é a primeira pessoa que deveríamos tratar bem. Na verdade não, corrijo: eu cuidava antes dos agregados que vinham dois dias antes e depois do artista.
A turma do espetáculo trocou informações e correu o boato: “é legal, vamos a Montreux, vamos no Claude à tarde, assistimos vídeos etc.” Tem uma verdadeira dimensão convivial em Montreux. Esse não é lado “vedete” que procuro! Aliás, quando os artistas vão à minha casa, eles deixam de ser vedetes e se tornam amigos. Eu aproveito a ocasião para perceber o entusiasmo deles sobre o festival de Montreux, o que me faz muito contente!
swissinfo, Bernard Léchot
Claude Nobs, fundador du MJF, declarou recentemente que seu sucessor no cargo de diretor administrativo será Mathieu Jaton, secretário geral do festival. Nenhuma data foi anunciada.
A equipe atual de programadores manterá a linha artística. Lori Immi na sala Miles Davis, Michaela Maiterth no Auditório Stravinski e Stéphanie-Aloysia Moretti nos eventos especiais.
Há vários anos, Claude Nobs procura prolongar a experiência do Montreux Jazz Festival, através de locais de “entretenimento” permanente. Um primeiro passo foi dado com o anúncio do primeiro “Montreux Jazz Café” permanente, que será aberto dia 27 de junho no aeroporto de Genebra.
Um telão gigante passará em alta definição os arquivos do Festival. Os visitantes poderão consultar um banco de dados importante e escolher e ver os concertos que quiserem. Haverá pratos que refletem a paixão de Claude Nobs pela cozinha, com a colaboração do chefe Gilles Dupont.
A franquia «Montreux Jazz Café» também será instalada em outros aeroportos. Dubaï, Cingapura, Hong Kong, Los Angeles e Copenhague já teriam manifestado interesse.
La 42a edição será de 4 a 19 juillet.
Nas total, nas duas salas atuais, se apresentarão mais de 90 grupos.
Trinta concertos serão exclusividades suíças, entre eles os de Sheryl Crow, Joan Baez, The Raconteurs, Leonard Cohen e Madness, Gnarls Barkley e Travis, Etta James e les Babyshambles.
Outras animações estão programadas, entre elas 250 concertos e DJ gratuitos.
O orçamento este ano é de 18 milhões de francos suíços.
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