Filme homenageia o suíço mais “cool” da história
Jo Siffert, o famoso piloto de corrida e modelo para o ator americano no filme "Le Mans", acaba de se tornar tema principal de um documentário exibido atualmente nos cinemas suíços.
“Jo Siffert: Live Fast Die Young” foi indicado para competir ao Prêmio do Cinema Suíço 2006, mas não recebeu o troféu.
– No início eu queria fazer um documentário sobre os anos 70, mas quando estava planejando as tomadas acabei cruzando com a biografia de Jo Siffeert – conta o diretor de cinema Men Lareida à swissinfo.
– Eu a li e falei “nossa, que grande história”! Eu pensei que nesse caso a vida real estava sendo mais interessante do que a ficção.
A história – do garoto pobre de Friburgo que se transforma num grande campeão de corridas automobilísticas e que morre aos 35 anos nas pistas – tem um lado heróico e outra que mostra um tempo quando pilotos corriam para os seus carros no início de uma corrida e não conheciam o sentido da palavra “freio”. Dessa forma, a maioria não tinha uma expectativa muito longa de vida.
– O aspecto mais interessante de Jo Siffert é que sua história é também a história da Fórmula 1. Ele começou a correr em 1960 e, embora não tenha sido essa época que começou a Fórmula 1, pela menos era o tempo onde ela começava a se profissionalizar.
Para Lareida, cineasta de 37 anos, o filme é uma homenagem clara a um ícone nacional e a um período que tira muitas lembranças da memória.
– Provavelmente eu pertenço à última geração que cresceu sem televisão. Porém a minha avó tinha uma e eu era autorizado a assistir de vez em quando as corridas de Fórmula 1. Assim eu me tornei um grande fã do esporte e essa também era a minha única chance de ver TV – conta.
Vários dos cinéfilos que foram assistir o documentário devem estar entre as cinqüenta mil pessoas que estiveram presentes no funeral de Siffert em 1971, um dos maiores já ocorridos na Suíça.
Nascido pobre
Nascido em Friburgo em 1936 de uma família pobre, Siffert ainda era adolescente quando foi picado pela mosca das corridas. Depois ele decidiu que a razão de sua vida seria a velocidade.
O filme mostra a carreira de Siffert do seu começo humilde até as maiores vitórias nos circuitos internacionais de corrida, incluindo a primeira vitória na Fórmula 1 no Grande Prêmio da Grã-Bretanha, em 1968.
“Jo Siffert: Live Fast Die Young” não é certamente um filme peca pela exatidão crítica dos documentários tradicionais. Todas as pessoas entrevistadas – dos antigos mecânicos até a viúva – elogiam o piloto, ressaltando seu caráter carismático e lembrando seu lado sedutor e viciado em adrenalina.
Nas imagens exibidas, Siffert aparece nas poucas entrevistas como um interlocutor tímido, que vivia apenas para as corridas automobilísticas e que as comemorava discretamente nos momentos de vitória.
Seu carisma era reconhecido por todos. Ele teve apenas uma aparência efêmera no clássico do cinema rodado em 1971, o filme “Le Mans” como o ator americano Steve McQueen. Porém a influência do suíço sobre a estrela americana foi considerável. Quando McQueen foi perguntado pela produção sobre quem ele gostaria de parecer, a resposta não demorou: – “Quero parecer como o Jo Siffert”.
Os comentários de McQueen acabaram fazendo com que Jo Siffert fosse considerado pela imprensa na época como o “esportista suíço mais cool de todos os tempos”.
Para dar um clima de anos setenta no seu filme, o diretor Lareida utilizou uma trilha sonora da época e técnicas de filmagem empregadas em outro filme clássico do Steve McQueen: “Bullitt” (1968).
Antigo versus novo
Propositalmente ausentes do documentário são elementos modernos da Fórmula 1.
– Para ser honesto, eu nem tentei usá-los. Sei muito bem quanto teria custado esse tipo de produção. Não penso que isso teria uma grande importância levando-se em conta o orçamento apertado de apenas 235 mil dólares que tínhamos – justifica o cineasta.
Por toda sua admiração pela carreira de Jo Sifferet, Lareida não acredita que o suíço teria sido um modelo para a geração atual de pilotos de corrida.
– Os pilotos hoje em dia são excelentes no volante, na comunicação e conhecem muito bem a tecnologia das suas máquinas. A qualidade de Siffert é que ele entrava no carro e simplesmente acelerava. Eu acho que ele seria considerado muito impulsivo para as pistas atuais.
Barreiras lingüísticas
O filme “Jo Siffert: Live Fast Die Young” foi um dos quatro documentários a entrar no grupo dos dez filmes comerciais suíços de maior sucesso em 2005.
– Eu estou muito satisfeito. O filme foi lançado relativamente tarde. Apesar disso, seu sucesso foi considerável – se orgulha Lareida e completa – A Suíça tem uma longa tradição de documentários como “Eu acredito nos anos 60” ou “Siamo Italiani”. Documentários são realizáveis com o orçamento que normalmente dispomos.
Questionado sobre a distribuição e exibição do filme em outros países, o cineasta suíço é realista:
– Eu fiz esse filme para o mercado suíço. O que dificulta sua distribuição lá fora é a língua. Durante a exibição o cinéfilo escuta suíço-alemão, alemão, francês, inglês e também italiano. Todos esses diálogos foram depois legendados. Legendas são comuns na Suíça, mas não necessariamente em outros países. Por isso é tão difícil de vender o documentário – justifica Lareida.
O cineasta conta que no passado os canais de televisão costumavam exibir filmes com legendas. Hoje isso seria uma excessão. E dublar filmes que foram legendados custa uma fortuna. Mesmo assim, ele permanece otimista com a divulgação.
– O filme foi muito bem recebido na Áustria durante a Viennalle (O Festival Internacional de Cinema de Viena) e eu já tenho interessados na Inglaterra e na Alemanha. Acho que ainda existem outros cinéfilos espalhados pelo mundo que gostariam de saber um pouco mais sobre Jo Siffert.
swissinfo, Thomas Stephens
Joseph “Seppi” Siffert nasceu em 1936 em Fribourg e faleceu em 1971.
Ele participou de 100 corridas e ganhou duas: o Grande Prêmio da Grã-Bretanha em Brands Hatch (1971) e o Grande Prêmio da Áustria (1971).
Siffert morreu em outubro de 1971. Ele participava de uma corrida na pista de Brands Hatch quando suspensão quebrou, provocando a batida do seu carro. O piloto não conseguiu sair do veículo em chamas.
Mais de 50 mil pessoas participaram do seu funeral em Friburgo.
Os filmes de maior bilheteria na Suíça, um país com apenas 7,4 milhões de habitantes, foi Titanic (1997). Ele vendeu mais de dois milhões de entradas, quase o dobro do segundo colocado: “Procurando Nemo” (2003).
O filme suíço de maior sucesso foi a comédia “O Fazedor de Suíços” (Die Schweizermacher”) de 1978. Dirigido pelo cineasta Rolf Lyssy, o filme está em quarto lugar na contagem geral: mais de um milhão de pessoas viram a película.
Em 2005, os cinemas suíços mostraram 466 filmes originários de 66 diferentes países.
“Madagascar” foi o filme mais visto na Suíça no ano passado (684.958 entradas. O filme suíço de maior sucesso foi o “Meu nome é Eugen” (Mein Name ist Eugen), com 503 mil entradas.
“Jo Siffert: Live Fast Die Young” foi exibido parte francesa da Suíça em outubro de 2005 e na parte alemã em dezembro. No total, pouco mais de 10 mil pessoas viram o filme até o final do ano.
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