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Leopardo de ouro vai para cineasta chinesa

A diretora Xiaolu Guo (dir.) e a atriz Huang Lu após receber o prêmio. Keystone

O principal prêmio do Festival de Locarno foi para o filme "She, a Chinese", da cineasta chinesa Xiaolu Guo. Outro ganhador foi "Nothing Personal", do diretor polonês Urszula Antoniak: cinco prêmios, dos quais um de interpretação feminina atribuída à Lotte Verbeek.

Já o público escolheu um filme suíço: “Giulias Verschwinden” (O Desaparecimento de Giulia), de Christoph Schaub. Cifras mostram altas e baixas da edição de 2009.

O prêmio mais importante do 62° Festival Internacional de Cinema de Locarno em 2009, o “Leopardo de ouro” e 90 mil francos, foi para o filme da diretora e escritora chinesa Xiaolu Guo. “She, a Chinese” (Ela, uma chinesa) conta a história de uma jovem chinesa, decidida a abandonar o tédio em seu vilarejo através da mudança para a cidade mais próxima. Depois do trágico fim de um caso de amor com um assassino da máfia local, ela foge para Londres, onde casa um homem bem mais velho e tenta construir uma nova vida.

Segundo a diretora de 36 anos, o principal objetivo do seu trabalho é dar às novas gerações na China moderna uma visão além das fronteiras culturais e identidades.

Segundo “Le Temps”, o cineasta Jonathan Nossiter, que presidia o júri da mostra competitiva, teve de justificar três vezes a decisão do grupo. “A escolha foi feita respeitando as opiniões de uns e outros. Somos sete pessoas de horizontes diferentes e não estávamos em acordo sobre tudo, mas a decisão final foi tomada com o consentimento de cada um”, declarou à imprensa.

Para o jornal suíço, a não escolha dos filmes favoritos como a animação japonesa “Summers Wars” (Guerras de verão) ou o tibetano “The Search” (A procura) “impede Locarno de retornar aos seus dias de glória. Ao invés disso, com a escolha de ‘She, a Chinese”, que nunca será exibido nas nossas telas, o festival se distancia dos seus públicos potenciais e aumenta sua reputação de austeridade”, escreve o crítico Thierry Jobin.

Filme suíço premiado

O júri entregou duas distinções importantes ao filme russo “Buben. Barban”. A história da vida triste e pesada de uma bibliotecária em uma cidade de mineração levou o prêmio especial do júri como a segunda melhor película e o prêmio de melhor direção.

O prêmio para a melhor atriz foi para a holandesa Lotte Verbeek pelo seu papel em “Nothing Personal” (Nada pessoal), um filme também premiado como Leopardo de ouro de primeira obra e o prêmio da crítica. Ela interpreta uma mulher que, após o divórcio, abandona sua pátria e se esconde na solidão. O prêmio de melhor ator foi entregue ao grego Antonis Kafezopoulos. Em “Akadimia Platonos”, ele interpreta um nacionalista grego que repentinamente descobre suas raízes albanesas.

O único sucesso obtido por um filme suíço ocorreu fora da mostra competitiva internacional. Em “Giulias Verschwinden” (O desaparecimento de Giulia), do diretor zuriquense Christoph Schaub recebeu do público presente na Piazza Grande o prêmio de melhor filme e 20 mil francos. O principal tema da obra é o envelhecimento.

O Leopardo de ouro na seção “Cineastas do presente” foi para a co-produção sueco-americana “The Anchorage” (O Ancoradouro). Na seção de curtas-metragens “Leopardos do amanhã” de obras internacionais foi premiado “Believe”, do diretor britânico Paul Wright. O prêmio das obras suíças, além de 10 mil francos, foi para o filme “Las Pelotas”, de Chris Niemeyer.

Menos ingressos vendidos

O ponto baixo do Festival de Cinema de Locarno ocorreu exatamente na chamada “Manga Night”, uma seleção de quatro mangás para ser exibido na Piazza Grande e que coroaria a mostra especial realizada pelos organizadores sobre as animações japonesas. Nesta noite (10.08), pouco mais de 2.500 visitantes estavam presentes na sala de projeção ao ar livre da maior praça da cidade.

Por outro lado, o ponto alto também ocorreu na Piazza através da exibição de um “thriller” suíço rodado no Tessin, o cantão de expressão italiana. “La Valle delle ombre”, do diretor Mihàly Györik atraiu 7.800 espectadores, dando o ambiente característico de um festival que se acredita próximo ao público.

O balanço inicial da edição de 2009 é ambivalente: 53.700 ingressos vendidos na Piazza Grande apesar de duas noites de chuva, contra 56.700 no ano passado e quatro noites chuvosas. O diretor-executivo Marco Cacciacamogna calcula uma queda de 10%. A venda de entradas diárias para adultos e estudantes também caiu 7%.

A 62° edição do Festival de Cinema de Locarno foi a última a ser coordenada artisticamente pelo suíço Frédéric Maire. Ele assume em 1° de novembro de 2009 a direção da Cinemateca Suíça. Seu sucessor é o francês Olivier Père.

Alexander Thoele, swissinfo.ch (com agências)

O Leopardo de ouro (90.000 francos) foi para o filme “She, a Chinese”, de Xiaolu Guo (Grã-Bretanha/Alemanha e França).

O Prêmio especial do júri e o Prêmio de encenação vão para “Buben.Baraban”, de Alexei Mizgirev (Rússia).

O Leopardo pela primeira obra recompensa “Nothing Personal” de Urszula Antoniak (Holanda/Irlanda).

Outras seções

A competição Cineastas do presente foi ganha pelo filme “The Anchorage” de C.W. Winter e Anders Edström (EUA/Suécia).

Na Piazza Grande, “Giulias Verschwinden” (O desaparecimento de Giulias) de Christoph Schaub (Suíça) ganha o Prêmio do público.

Para os curtas-metragens, os premiados são: “Believe”, de Paul Wright (Grã-Bretanha) na categoria internacional e “Las Pelotas” de Chris Niemeyer (Suíça) na categoria nacional.

O Júri dos jovens entregou seu primeiro prêmio para a película “Nothing Personal”.

O Leopardo de ouro foi entregue nos últimos anos aos seguintes filmes:

2008Parque Vía, de Enrique Rivero, México.

2007Ai no yokan, de Masahiro Kobayashi, Japão.

2006Das Fräulein de Andrea Staka, Suíça.

2005Nine lives, de Rodrigo Garcia, EUA.

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