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Maratonista Viktor Röthlin quer conquistar Pequim

Comemoração em Tóquio, também em Pequim? O maratonista suíço Viktor Röthlin. Keystone

Viktor Röthlin é um dos poucos atletas suíços com perspectivas de conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos de Pequim.

Um grande adversário do maratonista, principal estrela do atletismo na Suíça, será o ar poluído da capital chinesa.

Em 17 de fevereiro último, Viktor Röthlin venceu a maratona de Tóquio. Ao cruzar a linha de chegada, após percorrer 42 km (e 195 metros) em 2h07’23”, não apenas se impôs na mais prestigiosa prova do gênero, como também estabeleceu uma fabulosa marca nesse tipo de competição no asfalto.

De fato, o atleta nascido em Obwalden (centro da Suíça) registrou o segundo melhor tempo de maratona jamais conseguido por um europeu. Demonstrou a seus rivais, principalmente aos da África e da Ásia, que merece estar entre os pretendentes a uma medalha nas Olimpíadas.

O bom desempenho de Röthlin – com uma carreira impressionante pela série de vitórias esportivas – começou há sete anos. Em 2001, superou pela primeira vez a extraordinária marca de 2 h e dez minutos, para a maratona, tempo que ultrapassaria em 2004.

Dois anos mais tarde, conseguiu sucesso maior, conquistando uma medalha de prata, em Götenborg (Suécia). E, em 2007, ganhou a medalha de bronze, no Campeonato Mundial de Atletismo, em Osaka, no Japão.

Momentos culminantes

A maratona olímpica, dia 24 de agosto, se converterá na corrida de sua vida, porque, aos 33 anos, Viktor Röthlin se encontra no auge de sua carreira esportiva. Depois de participar dos Jogos de Sydney e Atenas, Pequim será sua última maratona olímpica.

“Sempre procuro fazer uma corrida perfeita. O resto é conseqüência. Mas, depois da medalha de prata européia, a de bronze mundial, e o triunfo em Tóquio com um magnífico tempo, acho que minha próxima meta será uma medalha”, disse à swissinfo.

A Ásia será um bom estímulo para o fisioterapeuta maratonista. “O retrospecto positivo que levo de meus dois triunfos no Japão certamente deve me ajudar em Pequim”, prediz, convencido.

Força mental

A energia mental poderá favorecer Viktor Röthlin, levando em conta que antes já demostrara sua capacidade de controlar a pressão externa e terminar o dia D com um triunfo. O processo mental, antes ou durante a maratona num grande torneio, é diferente de uma maratona, disputada na cidade, em cujas ruas valiosos prêmios aguardam os vencedores.

O triunfo obtido em Tóquio transformou Röthlin em um dos heróis populares de um Japão apaixonado por provas de fundo. “É impressionante o apreço demonstrado pelas pessoas; eu mal podia caminhar sozinho pelas ruas”, conta o atleta, emocionado.

Pouco antes de seu vôo de volta à Suíça, todas as pessoas, olhando através dos vitrais do aeroporto, saudaram sua passagem, fato retribuído por ele, da mesma maneira. E isto não ocorreu nas salas executiva ou primeira, mas sim em uma “classe superior”; foi algo fantástico, ressaltou.

Se Röthlin fosse japonês estaria feito para o resto da vida. Mas apesar de participar de todas as maratonas do mundo, mantém os pés no chão. Mesmo famoso, alegra-se em poder voltar à “vida contemplativa do lar”.

Ausência de favoritos

Felizmente, para Röthlin, estarão ausentes em Pequim dois favoritos, os quenianos Paul Tergat e Martin Lei. Mesmo assim, o suíço prefere não pensar nos outros rivais e ocupar-se deles no próximo dia 24 de agosto, quando tudo terminar.

A falta dos três grandes fundistas não tira a tensão relacionada com maratona. Röthlin, sabendo que enfrentará cerca de 20 competidores do mesmo nível ou de nível superior, lembra que são apenas três medalhas. “No fim, dezessete ficarão de cara triste. Espero não estar entre eles”, diz.

E os pulmões, como reagem?

Os atletas em Pequim terão não apenas que superar pontos fracos, como também os inconvenientes provocados por um difícil inimigo: o ar denso e poluído. Viktor Röthlin, como seus concorrentes, irá esquecer os efeitos resultantes da impureza do ar, do calor intenso e dos altos índices de umidade atmosférica sobre seus rendimentos atléticos.

Prevenido, Röthlin decidiu antecipar a viagem a Pequim para se aclimatar. Mas se a persistência do smog impedir a aclimatação, o atleta suíço, para vencer, terá que recorrer à sua força mental. “Se for à jaula do leão, várias semanas antes do dia D, isso pode representar uma vantagem para minha mente”, observa o atleta.

Quais são os limites?

Evidentemente, a maratona de Pequim não será a última prova de que participará: diante de sua notável evolução, Röthlin, o “queniano branco”, não fixou limites claros. Acostumado a treinar no Quênia, país com tradição de corridas de fundo, ele não garante nenhuma data para não criar uma barreira mental. “Estou convencido de que é possível a marca de 2h06 para a maratona, mas menos do que isso, impossível.”

O que mais atrai ao atleta em Pequim, o cronômetro marcando 2h06 ou uma medalha? “A Olimpíada é o maior evento esportivo do mundo e a maior aspiração de um desportista. Uma medalha olímpica teria enorme significado para mim.”

Se, em Pequim, ele conseguir transferir a corrida de sua mente para a rua, não apenas será um herói no distante Japão, como também em sua pátria contemplativa.

swissinfo, Renat Künzi (Tradução de J.Gabriel Barbosa)

Atualmente, Viktor Röthlin é o atleta suíço de maior sucesso. Seu recorde nacional de 2h07’23” – estabelecido em fevereiro de 2008 – o transforma no melhor maratonista europeu de todos os tempos nessa prova de fundo (42km195m).

Em 2007, ele conquistou uma medalha de bronze na palpitante final do Campeonato Mundial, realizado em Osaka, Japão.

Um ano antes, ganhara uma medalha de prata no torneio europeu de Götenburg (Suécia), vencido pelo ‘medalhista’ italiano Stefano Baldini.

Em 2004 tornou-se o primeiro suíço a conseguir o recorde de 2h09’55”, superando a marca mágica de 2h10m.

Projetou-se internacionalmente, pela primeira vez, na maratona de Berlim, em 2001, quando se classificou em oitavo lugar, com o tempo de 2h10’54”.
Oito dos melhores tempos dos maratonistas suíços foram estabelecidos por Viktor Röthlin.

Os atletas enfrentarão em Pequim notáveis diferenças climáticas: calor intenso, forte umidade e poluição atmosférica. As conseqüências freqüentes são diarréias e problemas respiratórios.

O Comitê Olímpico Suíço (Swiss Olympic) editou diretrizes para seus atletas sob o título heat.smog.jetlag (calor; smog; desorientação mental provocada por mudanças rápidas de fuso horário).

Essas orientações devem facilitar a melhor preparação possível para se encarar as condições climáticas nos Jogos Olímpicos.

Algumas medidas do Comitê foram criticadas. Entre elas, destaca-se o teste do diagnóstico asmático, previsto oficialmente para todos os atletas.

Do mesmo modo, foi recomendada a ingestão de nutrientes adicionais (creatina), e medicamentos (melanina) contra o jet lag e ‘salbutamol’ contra doenças respitarórias.

Na opinião de alguns atletas, com essas instruções, os médicos do Comitê Olímpico Suíço ultrapassaram “a zona obscura do doping.”

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