“Ninguém é ilegal”
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Estrangeiros com permanência ilegal na Suíça também têm seus direitos, como por exemplo, enviar os filhos à escola. Isso é o que mostra uma brochura publicada em oito idiomas pelo maior sindicato do país.
Estima-se que até 300 mil pessoas estejam vivendo na condição de “sem-papéis” no país dos Alpes.
Para estrangeiros, a Suíça pode ser vivida de dois lados: como turistas nos Alpes ou nas lojas de luxo de Genebra e Zurique; ou como ilegais, limpando as residências e cuidando de velhos e crianças, com o risco iminente de ser deportado.
Segundo estimativas não-oficiais, de 90 mil a 300 mil estrangeiros estão vivendo no país dos Alpes como “sem-papéis”, ou seja, sem vistos de residência ou trabalho. A grande maioria labora de forma precária para poder enviar dinheiro às suas famílias em países do Terceiro Mundo.
Denunciados ou descobertos pelas autoridades, eles são presos e deportados. No passaporte recebem um carimbo que proíbe viagens futuras para a Suíça nos próximos três anos. A despedida traumática sucede, muitas vezes, um histórico de violência e exploração de mão-de-obra barata.
Ajuda de primeira mão
A situação de ilegalidade na Suíça não significa que o estrangeiro está largado à sua própria sorte.
Para informar os “sem-papéis” das possibilidades de defesa contra abusos da polícia ou dos patrões e também revelar que mesmo a escola é considerada um direito fundamental de qualquer criança na Suíça, mesmo ela não tendo um visto no passaporte, a Unia decidiu lançar uma brochura com 28 páginas.
O principal objetivo do maior sindicato suíço, com pouco mais de 100 mil membros, é de dar dicas para os “sem-papéis” em setores importantes para a sua vida como saúde, seguro social, ensino e direito.
A obra, do tamanho de um livro de bolso, foi publicada em alemão, francês, inglês, espanhol, servo-croata, albanês, turco e português. Além de ser distribuída em diversos centros de aconselhamento, ela está também à disposição na Internet.
Pela legalização
Muitas organizações de ajuda não acreditam que os sem-papéis roubem o trabalho dos suíços e estrangeiros já estabelecidos no país. Pelo contrário, eles suprem carências de mão-de-obra em setores importantes para a economia como o dos serviços domésticos, assistência a idosos e gastronomia, onde muitas vezes o trabalhador local é considerado caro para o empregador.
Por essa razão, várias associações e sindicatos se empenham para defender os direitos dos clandestinos. Em 18 de junho, oito mil simpatizantes e membros dessas organizações foram às ruas em Berna protestar contra a política restritiva do governo federal em relação aos estrangeiros. “Ninguém é ilegal” era a palavra de ordem impressa nos seus cartazes.
Para os representantes da Unia, a publicação de uma brochura informativa é parte do seu trabalho. “Nossa publicação é um importante sinal na luta pelos direitos dos trabalhadores ilegais na Suíça”, afirma a sindicalista Vania Alleva.
swissinfo, Alexander Thoele
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