O fim de Freddie Mercury em Montreux
Nascido em Zanzibar e falecido em Londres, o cantor do grupo Queen era um habitué de Montreux, onde viveu e trabalhou.
É na pequena cidade suíça que ele escreveu as últimas letras e cantou sua última canção.
Freddie Mercury vai se afeiçoar à charmosa cidadezinha, de que aprecia a tranqüilidade.
Por seu lado, David Richards torna-se engenheiro de som e produtor de Queen. E é em Montreux que eles gravarão, em particular, The Miracle, Innuendo e o póstumo Made in Heaven.
“Made in Heaven”
No período da gravação das pistas vocais de Made in Heaven, em 1991, Freddie Mercury já está profundamente atingido pela enfermidade.
“Gastamos mais tempo que de costume para gravar as partes vocais, porque Freddie precisava de pausas. Mas ele queria ser mais rigoroso, mais preciso, sabendo que para ele não haveria outras oportunidades. Suas últimas gravações deviam ser perfeitas”, comenta David Richards em uma entrevista publicada por Rolling Stone (Alemanha) em 1995.
Freddy Mercury quer trabalhar até o fim, até o último suspiro, mesmo consciente de que as canções que grava serão póstumas. Pode-se imaginar o que para ele representava o peso das palavras.
Se a última canção que grava é Mother Love, cuja letra é assinada pelo guitarrista Brian May, a derradeira canção que Freddie escrve é A Winter Tale, uma contemplação nostálgica e tranqüilizante de Montreux.
O céu, a água, as montanhas, as gaivotas, o grito de crianças… É como se o tempo parasse. E chega a conclusão: Am I dreaming? Am I dreaming ? Oooh – it’s bliss (Estou sonhando ? Estou sonhando ? É a felicidade).
Só vários anos depois outros membros do grupo terão coragem de pegar nas canções para terminá-las. A publicação de Made in Heaven será em 1995. Na capa: House Lake, uma cabana em Clarens, ao lado de Montreuxs, onde o cantor vinha buscar calma e inspiração.
Um ano mais tarde, em 1996, uma estátua de bronze que o representa, obra da artista checa Irena Sedlecka, foi inaugurada na Place du marché, à beira do lago Léman, na presença de numerosas personalidades, entre as quais Brian May, Roger Taylor, Monserrat Caballé, Maurice Béjart e Claude Nobs (este último diretor do festival de Montreux).
Epílogo
Hoje, o Mountain Studios não existe mais. Foi transformado em bar. David Richards procura um novo local para converter em templo da música.
Atualmente, uma associação organiza uma visita aos lugares de Montreux ligados a Freddie Mercury por ocasião do Memorial Day anual.
Na sua página internet, um hotel de Montreux explora na seguinte publicidade o período que o cantor viveu na região: “Freddie Mercury ficou seduzido pelo charme do Éden Au Lac”.
Na beira do lago, a estátua de Freddie Mercuy, de punho levantado, mira o horizonte, em companhia de cisnes e gaivotas.
Como ele mesmo escreveu:
It’s Winter-fall
Red skies are gleaming,
Sea-gulls are flyin’ over
Swans are floatin’ by.
swissinfo, Bernard Léchot
Tradução e adaptação de J.Gabriel Barbosa)
Faroukh Bulsara, que utilizará o pseudônimo de Freddie Mercury, nasceu em 1946, em Zanzibar.
O grupo Queen reunia Brian May (guitarras), John Deacon (baixo), Roger Taylor (bateria)
O primeiro álbum foi lançado em 1973.
Entre as composições de Queen, sucessos mundiais como “We are the champions”, “We will rock you”, “A kind of magic”, “The show must go on”.
“Life at the Bowl”, gravado em 1982, foi lançado em 2004.
– Queen foi durante muito tempo proprietário do Mountain Studios, instalado no casino de Montreux. O grupo gravou no local vários álbuns.
– Foi lá que Freddie Mercury, já seriamente enfermo, gravou as canções que constituem seu testamento musical: Made in Heaven.
– Um Memorial Day anual, em homenagem a Freddie Mercury foi instituído em Montreux.
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