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O samba suíço da Sambrasiléia

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Quem é que disse que na Suíça não tem samba? Tem sim senhor ou sim senhora! Claro que a Sambrasiléia foi criada por brasileiros mas está cheia ... de suíços.

E tem gente que toca tamborim enrolado num pano de prato só para não incomodar os vizinhos!

A escola de samba Sambrasiléia ensaia todas as quartas-feiras no melhor estilo suíço: em silêncio.

Os componentes reúnem-se no quarto subsolo de um prédio, localizado no centro da cidade de Basiléia, noroeste da Suíça. O tratamento acústico não poderia ser melhor para garantir o respeito às leis do silêncio suíças.

Samba em silêncio

Nunca receberam reclamação dos vizinhos, mas muitos deles ensaiam com protetores de ouvido: o roncar das cuícas e dos tambores chegam a marcar 130 decibéis.

Mais do que um espaço para reunir os brasileiros saudosos de uma roda de samba, a escola, que conta com cerca de 35 componentes, atrai muitos suíços interessados na música ou na hospitalidade brasileira.

“Morei três anos no Rio de Janeiro e quando voltei não queria perder o contato com a cultura de lá”, diz a suíça Karin Valota, de 40 anos. Em sua passagem pela baía da Guanabara, Karin desfilou na Mangueira, a escola de samba mais tradicional do carnaval carioca, e na Mocidade Independente de Padre Miguel, considerada a melhor bateria da festa brasileira.

“Sentia falta do calor humano dos brasileiros. Tenho muitos amigos aqui e gosto muito daqui, mas os latinos são mais abertos do que os europeus”, explica.

Karin toca caixa e só entra no samba em boa companhia: com a do filho Rafael, de 8 anos, no tamborim. Filho de brasileiro, o garoto Rafael gosta de samba e todo ano viaja para o Brasil. “Gosto de praia e de sol”, explica.

Gente persistente

A tarefa de ensinar a tocar o ritmo brasileiro não é fácil. Em vez de distribuir partituras aos componentes da escola, o diretor musical Márcio Adilson de Almeida, de 45 anos, preferiu apostar no aprendizado do swing.

“No começo, fazíamos uma batucada para que as pessoas fossem pegando o ritmo do samba, que é natural para o brasileiro mas muito difícil para o estrangeiro”, diz.

Mas se os estrangeiros não têm o samba no pé, têm outras qualidades que ajudaram a fazer do grupo uma escola de samba. “São disciplinados, interessados e têm paciência para aprender”, diz Márcio. Afinal, ninguém toca um instrumento, mesmo os de percussão, sem dedicação e persistência.

Outra preocupação da direção da escola era a de criar um ambiente amistoso e pouco estressante. Para o presidente da escola, Paulo Vidal, de 42 anos, o importante é que, mesmo que as pessoas errem, não há um clima de tensão ou repreensão.

“Damos risada, corrigimos e continuamos a tocar. As pessoas querem se divertir mas sabem que têm de aprender a tocar direito para uma apresentação”, explica.

Tamborim em pano de prato

A escola já se apresentou em várias cidades da Suíça, Alemanha e França. Afinal, nem tudo é só festa. Depois de dois anos, o diretor musical já exige um pouco mais dos integrantes da escola. “Agora já tento corrigir a forma de segurar o instrumento ou outros detalhes para aprimorarmos um pouco mais”, diz.

O suíço Rolf Kron, de 53 anos, confirma a tese da direção da escola. Ele adora samba e revela que uma das grandes emoções de sua vida foi ter desfilado, em 2004, na escola de samba Salgueiro no Rio de Janeiro.

Rolf não perde um ensaio e confessa que tem dificuldades para aprender a tocar tamborim. “Gosto muito de dançar, me empolgo com o samba e aí me atrapalho para tocar”.

Ele sabe que precisa de mais tempo para poder aprender o ritmo de seu instrumento e não encara isso como um problema. Rolf é persistente e ensaia mesmo em casa, mas não perturba os vizinhos. “Embrulho o tamborim num pano de prato e toco só para treinar as batidas”, diz.

swissinfo, Lourdes Sola, Basiléia

– O nome Sambrasiléia lembra, ao mesmo tempo, samba, Brasil e Basiléia, noroeste da Suíça.

– A Escola tem 30 membros, entre suíços e brasileiros, e ensaia às quartas-feiras.

– Segundo Mário Adilson de Almeida, diretor musical, os suíços são disciplinados, interessados e têm paciência para aprender.

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