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Perspectivas para as artes em 2025

Uma mulher abraçando um homem
A primeira coprodução da televisão pública suíça RTS e da Netflix estreia neste Natal. RTS

O mercado de arte suíço, embora seja de alto nível, não é imune às rupturas políticas antecipadas em Washington, DC. Enquanto isso, a Bienal de Veneza provavelmente recuperará sua relevância, e os novos filmes suíços prometem luxo, excentricidades e emoções como em um romance de Patricia Highsmith.

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Na edição mais recente da Art Basel Miami, que aconteceu em dezembro, o clima foi de “otimismo desconfortávelLink externo” em relação à próxima administração do presidente eleito dos EUA, Donald Trump.

Após terem ficado por muito tempo no lado perdedor das chamadas “guerras culturais”, muitos profissionais da arte não estão dispostos a comemorar. Os republicanos de Trump chamaram repetidamente artistas, acadêmicos e jornalistas de “o inimigo”. Como essa retórica se traduzirá em ações é uma incógnita, mas uma situação semelhante no nosso passado recente pode sugerir um possível resultado.

Durante a administração de George W. Bush (2001-2008), uma primeira onda de “nômades digitais” americanos foi para o autoexílio e inundou várias capitais europeias. Eles o fizeram enquanto denunciavam o ambiente político nos Estados Unidos, a guerra no Iraque e a ascensão do conservadorismo radical armado. Mas também aproveitaram os aluguéis e custos de saúde muito mais baratos do que em Nova York ou Los Angeles.

Duas pessoas e uma traja uma camiseta de Kamala Harris
Expatriados americanos em Genebra reagem aos resultados da eleição presidencial. Será que devemos esperar que mais deles venham para a Europa definitivamente? Keystone / Salvatore Di Nolfi

Eles se estabeleceram principalmente em Berlim e Praga, entre outras cidades da Europa Oriental. Esses profissionais criativos americanos começaram uma tendência que agora é comum, a do nômadismo digital, ou a fuga de pessoa criativas de países caros para países mais baratos, graças ao aumento do trabalho remoto. Será que outra onda de americanos se mudará para a Europa, e, em caso afirmativo, qual será o impacto desse êxodo?

Cortes de orçamento

Embora as consequências políticas dos próximos anos de Trump ainda sejam especulativas, os comentaristas já estão modelando os impactos econômicos das políticas que ele anunciou até agora no mercado de arte.
Tarifas e cortes de impostos

O plano de Trump de impor tarifas mais altas, até mesmo sobre parceiros comerciais tradicionais como Canadá, México e o bloco europeu, terá um efeito direto sobre o preço das obras de arte, seu transporte e seguro.

Tarifas mais altas terão um impacto direto nas galerias que têm a maior parte de suas vendas internacionais no mercado americano, que ainda é o maior do mundo, representando 43% do volume total de vendas. Tarifas retaliatórias de fora, especialmente da Europa, também podem limitar a competitividade internacional das galerias americanas.

Mulher trajando roupas de torcida americana
Art Basel Miami Beach, em dezembro passado: “o clima é otimista”. EPA/CRISTOBAL HERRERA-ULASHKEVICH

Embora a China seja o segundo maior mercado de arte do mundo (com volumes semelhantes aos do Reino Unido), é improvável que ela absorva muitos negócios de uma possível queda americana, em parte porque colecionadores e museus chineses tendem a favorecer principalmente a arte chinesa. A Grã-Bretanha pode ver aqui uma oportunidade para impulsionar seus centros de arte. Da mesma forma, a Suíça poderia tirar proveito, uma vez que ambos os países não são membros da União Europeia e, portanto, estão bem posicionados para acordos bilaterais.

Ao mesmo tempo, as guerras comerciais globais e a instabilidade econômica que elas trazem geralmente têm um efeito negativo no mercado de arte, já que os mais ricos evitam investir em arte e buscam alternativas menos arriscadas.

Seja qual for o cenário, uma imagem mais clara certamente emergirá na próxima feira Art Basel, que acontecerá em Basel em junho. A maior e mais influente feira de arte do mundo é frequentemente um lugar para medir o clima de mercado.

Câmera, luzes… corta

Há um ano, o panorama das artes na Suíça e no resto da Europa parecia bastante sombrio. As tendências que destacamos naquela época se tornaram realidade desde então.

A drástica redução de fundos públicos para as artes e o cinema, incluindo serviços de mídia pública, foi acelerada em 2024, especialmente na França e na Alemanha. Na Suíça, a decisão de cortar quase metade do orçamento federal para cooperação internacional nas artes e no cinema, de 3,7 milhões de francos (US$ 4,1 milhões) para dois milhões, provocou um clamor geral do setor.

Embora esses valores pareçam irrisórios, o fundo era vital para garantir recursos iniciais para produções de artistas e cineastas emergentes, tanto na Suíça quanto no mundo em desenvolvimento.

>> Leia o artigo abaixo: entrevista com o ex-diretor do Festival Internacional de Cinema de Locarno, Marco Müller:

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Um homem com um guarda-chuva

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Marco Müller continua semeando o futuro do cinema

Este conteúdo foi publicado em O ex-diretor do Festival de Cinema de Locarno agora cria uma nova geração de cineastas chineses, que em breve poderá transformar a China no maior setor do mundo.

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“Veneza pode voltar a ser importante”

Contra esse panorama desanimador para as artes e a cultura, a nomeação do curador suíço-camaronês Koyo Kouoh como diretor artístico da próxima Bienal de Veneza, que ocorrerá em 2026, surpreendeu o mundo da arte.

Quando a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni escolheu o jornalista de direita Pietrangelo Buttafuoco como presidente da Bienal, entendeu-se que o maior evento de arte do mundo sofreria uma mudança considerável de direção a favor de curadores italianos e de uma linha mais conservadora.

Kouoh representa tudo o que o atual governo italiano é contra. Além de ser a primeira mulher negra a ocupar o cargo, Kouoh tem uma carreira marcada por uma reavaliação radical do papel dos museus e do avanço dos temas de pós-colonialismo, diáspora africana e política de identidade.

A edição de 2024 da Bienal, que foi comandada pelo curador brasileiro Adriano Pedrosa, não foi exatamente um sucesso crítico. A exposição principal refletiu apenas noções estabelecidas de pós-colonialismo, questões queer, de minorias e indígenas. Também focou em artistas já consagrados, todos bem representados no mercado de arte, sem trazer novas e frescas perspectivas. Como disse um ex-diretor de museu alemão, “com Koyo Kouoh, a Bienal pode se tornar relevante novamente”.

A Suíça teve uma presença considerável na história da Bienal. Kouoh, que nasceu em Camarões, mas cresceu em Zurique, é a quarta curadora suíça a comandar o evento nos últimos 50 anos, após Harald Szeemann (1980; 1999; 2001), Hans Ulrich Obrist (2003, como co-curador) e Bice Curiger (2011).

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Koyo Kouoh durante entrevista em Zurique

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Koyo Kouoh: A arte está nas rachaduras, não no brilho

Este conteúdo foi publicado em Agraciada com o prêmio Meret Oppenheim, a curadora suíço-africana Koyo Kouoh fala sobre a arte suíça, o pós-colonialismo e a cena anárquica de Zurique dos anos 80 e 90.

ler mais Koyo Kouoh: A arte está nas rachaduras, não no brilho

Serviço perto de você

A primeira coprodução da televisão pública suíça RTS com a Netflix estreará neste Natal. Winter PalaceLink externo, uma série de oito episódios, narra os primórdios da indústria de hotéis de luxo no século XIX, com sua clientela internacional glamourosa e funcionários locais.

A swissinfo.ch em breve trará reportagens sobre o modelo de negócios entre a plataforma de streaming global e a emissora pública, analisando o impacto da chamada Lex Netflix. Essa lei suíça, que entrou em vigor em janeiro de 2024, obriga empresas de streaming como Netflix e Amazon Prime Video a reinvestir 4% de suas receitas locais em produções suíças de filmes e TV.

Colecionador excêntrico

Em janeiro, a maior vitrine da indústria cinematográfica suíça, o Festival de Cinema de Solothurn, antecipa os lançamentos de 2025. A abertura do festival será o documentário The Legacy of Bruno Stefanini, de Thomas Haemmerli, um filme que reconstrói a biografia de Bruno Stefanini, o controverso colecionador de arte e empreiteiro.

Com o humor sutil característico do trabalho de Haemmerli, o documentário lança luz sobre o colecionismo compulsivo de Stefanini, que ia de antiguidades e arte contemporânea até o traje de montaria da imperatriz Sissi. Mas também foca no seu sério compromisso de tornar seus tesouros acessíveis ao público.

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Patricia Highsmith

Grandes expectativas também estão em jogo com o novo longa-metragem do diretor holandês Anton Corbijn, Switzerland. A coprodução suíço-britânica tem estreia prevista para a segunda metade de 2025.

Corbijn é famoso por seus videoclipes (Nirvana, Coldplay, U2, Depeche Mode) e dramas biográficos que recriam momentos significativos da vida do cantor do Joy Division Ian Curtis (Control) ou do ator americano James Dean (Life).

Em “Switzerland”, Corbijn foca sua lente na escritora americana Patricia Highsmith, que passou os últimos 15 anos de sua vida no cantão de Ticino, de língua italiana. Fiel à imaginação sombria da escritora, Corbijn apresenta o filme como uma ficção com elementos biográficos, sendo que Helen Mirren interpreta Highsmith no que parece um thriller.

Edição: Mark Livingston

Adaptação: DvSperling

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