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Solothurn: uma viagem pelo mundo em 170 filmes, e sem sair de casa

Três pessoas em uma cozinha oriental
O ator sírio Jihad Abdo em cena de 'Nachbarn' (Vizinhos), de Mano Khalil Solothurner Filmtage © 2021

O que o medo faz conosco? Como é a vida cotidiana de uma criança curda na fronteira entre a Turquia e a Síria? O que Jesus pregaria hoje? Estas são algumas das perguntas apresentadas aos cinéfilos no 56º Festival de Cinema de Solothurn. SWI swissinfo.ch selecionou cinco filmes para atentar.

Este ano, o festival, que começou na quarta-feira, acontece exclusivamente online, trazendo histórias de todo o mundo aos lares suíços. Um total de 170 filmes serão exibidos com 1.000 ingressos virtuais por sessão. O festival anterior contou com mais de 66.000 visitantes – e vamos ver quanta gente fará login nos próximos sete dias do conforto de seus sofás.

O festival mais importante da indústria cinematográfica suíça inclui uma seção transversal representativa de produções atuais de todos os gêneros e durações, com filmes de ficção, documentários, experimentais e de animação.

O filme de abertura do festival, ‘Atlas’, do cineasta ticinese Niccolò Castelli, será acessível a toda a população suíça pela primeira vez. Ele poderá ser visto gratuitamente no site do festival e foi transmitido na quarta-feira nos canais da TV pública suíça RTS, SRF e RSI. ‘Atlas’ conta a história de uma mulher que sobrevive a um ataque terrorista. No centro da trama está o medo, como aquele que todos nós sentimos hoje por causa da pandemia.

Debates e masterclasses on-line estão no programa como de costume, especialmente na seção Focus, dedicada à crítica cinematográfica.

Catorze produções competem pelo prêmio principal, o Prix de Soleure, no valor de CHF 60.000 (US$ 67.500). Nove delas são de mulheres, incluindo as estréias mundiais, The Scent of Fear, de Mirjam von Arx, e Watch Over Me, de Farida Pacha.

Também vale a pena mencionar Das Neue Evangelium (O Novo Evangelho) de Milo Rau, Nachbarn (Vizinhos) de Mano Khalil, e Kombinat de Gabriel Tejedor.

Ator negro como Jesus carregando a cruz e observado por soldado romano
Milo Rau, vencedor do Prêmio de Teatro Suíço 2014, se uniu ao ativista político camaronês Yvan Sagnet para realizar ‘Das Neue Evangelium’ (O novo evangelho), baseado na história dee Jesus, no qual uma narrativa bíblica se entrelaça com rebelião. Sagnet volta ao enorme campo de refugiados perto de Matera, no sul da Itália, para encontrar seus “seguidores”: pessoas desesperadas que cruzaram o Mediterrâneo para acabar escravizadas nos campos de tomate, vivendo em condições desumanas. Junto com os pequenos agricultores locais, eles fundaram a “Rivolta Della Dignità” (revolta pela dignidade), uma campanha política liderada por Sagnet que luta pelos direitos dos migrantes. Solothurner Filmtage © 2021
Homens sentados em caixões
Em ‘The Scent of Fear’ (O perfume do medo), a documentarista zuriquenha Mirjam von Arx explora o que é o medo e por que temos tanto pavor dele. Neurocientistas, psicólogos e políticos mostram como mensagens de medo sõ um instrumento de controle da sociedade. Solothurner Filmtage © 2021
Alunos de escola com uniformes em parada
Mano Khalil iniciou sua carreira como cineasta na Suíça depois de passar três anos em um campo de refugiados. Em ‘Nachbarn’ (Vizinhos) ele leva o público a uma pequena vila fronteiriça entre a Síria e a Turquia no início dos anos 80, onde o pequeno Sero vive seu primeiro ano na escola. Sero prega troças em seus amigos, sonha com uma televisão para finalmente poder assistir a desenhos animados, e ao mesmo tempo experimenta como os adultos ao seu redor são cada vez mais oprimidos por atos aleatórios de nacionalismo e violência. Solothurner Filmtage © 2021
Uma mão acaricia a cabeça de uma mulher
Farida Pasha, nascida em Mumbai, vive e trabalha em Zurique desde 2011. Em sua estréia mundial ‘Watch Over Me’ (Vele pro mim) ela leva os espectadores para Nova Delhi, onde Mani, Sini e a Dra. Reena trabalham para uma organização de cuidados paliativos. O filme explora a questão universal: quão importante é aceitar que a morte é um processo normal, uma parte da vida? Solothurner Filmtage © 2021
Mulher e criança
Gabriel Tejedor é mais um dos vérios cineastas participantes do festival deste ano interessados em uma cultura muito diferente da suíça. Seu documentário ‘Kombinat’ foi exibido no ano passado no 26º Festival Internacional de Cinema Visions du Réel em Nyon, que também teve que ser cancelado e exibido online. Kombinat retrata o dia-a-dia de Lena, Sasha, Guenia e suas famílias. Estes jovens pais se interrogam sobre suas condições de vida e trabalho, que parecem ser governadas pelo Kombinat, uma das maiores fábricas de ferro e aço da Rússia, e seu capitalismo de estado. Solothurner Filmtage © 2021

swissinfo.ch/ets

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