Suíça declara guerra à difamação via internet
O encarregado do governo helvético para a proteção de dados, Hanspeter Thür, defende uma punição mais severa para o chamado cybermobbing.
Ele é contra a avaliação virtual de determinados grupos de profissionais, como professores e médicos, caso os atingidos não tenham autorizado as divulgação dessas informações.
São cada vez mais freqüentes na internet os sites de “avaliação” anônima de profissionais. O risco que esse tipo de trating leve à difamação é grande, alerta Hanspeter Thür.
Na Suíça, por exemplo, as páginas Okdoc.ch, Meinprof.ch e Anwaltvergleich.ch comparam o desempenho ou os serviços prestados, respectivamente, por médicos, professores e advogados.
No site norte-americano rottenneighbor.com, os suíços também podem xingar seus vizinhos. Em abril deste ano, uma escola na Suíça puniu 20 alunos a realizar serviços comunitários depois terem difamado seus professores através de vídeos publicados no Youtube e no site Netlog.com.
O mobbing através da internet preocupa a autoridade de proteção de dados do governo suíço. “Qualquer pessoa pode opinar nesses sites, seja simplesmente por vingança ou prejudicar um concorrente”, explica Thür.
Segundo ele, pelo fato de a suposta avaliação ser anônima, ela abre as portas à difamação. “Isso é ilegal quando não há uma autorização específica da pessoa avaliada”, diz.
No caso do Okdoc.ch, Thür recomendou à firma que lançou o site que apague todos os dados coletados e peça a devida autorização aos médicos que pretende avaliar. “É previsível que esse tipo de site se multiplique rapidamente no futuro”, disse.
Ele admite, porém, que a atual legislação oferece apenas possibilidades limitadas para sancionar essa prática. Por isso, ele propõe uma punição mais severa para a difamação via internet.
“É preciso diferenciar entre xingar alguém na mesa de um bar ou difamá-lo mundialmente através da web”, argumenta. A Inglaterra e a Coréia do Sul já aprovaram leis específicas para combater esse tipo de crime.
Caso de polícia
O diretor da Agência Suíça de Prevenção ao Crime, Martin Boess, confirma que o número de casos de cybermobbing e cyberbullying aumentam no país.
“Lamentavelmente não há dados precisos sobre o fenômeno na Suíça. Eu falo dos relatos sobre esse assunto que recebo diretamente das polícias estaduais. Os conhecidos problemas do mobbing estão sendo cada vez mais transferidos para a internet”, afirma Boess, ao jornal 20min.ch.
O problema não é exclusivamente suíço. Um estudo publicado em maio passado pela Associação dos Filólogos Alemães revelou que aproximadamente 60 mil dos 700 mil professores daquele país já foram, pelo menos uma vez, vítimas de mobbing na internet.
Segundo o presidente da entidade, Heinz-Peter Meidinger, a maioria dos casos parte de “uma minoria de alunos para os quais parece não estar claro que a internet não é um mundo sem lei”.
swissinfo com agências
Por cybermobbing ou cyberbullying entende-se o uso de modernos meios de comunicação (por exemplo, a internet) para prejudicar outras pessoas. As vítimas são expostas em condições desfavoráveis, azucrinadas ou até difamadas através da divulgação de informações falsas.
Nos últimos tempos, a expressão é freqüentemente associada a casos de alunos e estudantes que produzem vídeos ou manipulam fotos para ridicularizar seus professores. Eles publicam esse material na internet, em chats, fóruns, redes de sociais, portais de vídeos, como o youtube, ou sites criados especialmente para este fim.
As vítimas, muitas vezes, não têm a quem recorrer e acabam enfrentando problemas psicológicos ou até sofrendo danos materiais.
No Reino Unido e na Coréia do Sul já foram aprovadas leis específicas para enfrentar o mobbing através da internet. Também o estado do Missouri (EUA) aprovou este ano uma lei nesse sentido, depois que o suicídio de uma adolescente foi vinculado ao problema.
Fonte: Wikipedia
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