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Suíça abre as portas para gays e lésbicas

Dois suíços comemoram em Zurique a "Christopher-Street Day", a maior festa gay do país. Keystone

A organização oficial “Suíça Turismo” lança campanha internacional voltada para público homossexual.

Além de brochura de 48 páginas, serão publicados anúncios na Internet e em revistas especializadas. O mercado não é de se desprezar: mundialmente ele movimenta 54 bilhões de dólares.

A coletiva de imprensa foi organizada na boate “Labor Bar”, uma das locações atualmente mais em voga na noite de Zurique. O público convidado foi seleto: representantes dos departamentos de turismo dos cantões suíços, empresários e jornalistas. Idioma do evento: inglês.

O objetivo principal da “Suíça Turismo”, entidade oficial voltada para a promoção turística e subvencionada pelo governo federal, foi lançar sua nova campanha de marketing para atrair gays e lésbicas do mundo inteiro para o país dos Alpes.

Como os países ingleses não apenas são os mais liberais, mas também têm as mais importantes e tradicionais comunidades homossexuais do mundo, o órgão estatal decidiu começar lançando uma brochura de 48 páginas no idioma de Shakespeare.

“It’s Only Natural” é o título da publicação. Mais de 30 mil delas serão distribuídas nos mercados nos Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha. Ela contém informações úteis para o turista homossexual como bares, clubes, boates, hotéis e lugares interessantes, além das dicas comuns sobre a história e atrações do país dos Alpes.

“O objetivo é indicar todos os lugares – gay friendly – para esse grupo específico de turistas, que é liberal mas faz atenção a maneira como é tratado”, explica o especialista americano Thomas Roth, diretor da empresa Community Marketing e contratado pela Suíça Turismo para realizar uma pesquisa de mercado sobre o tema.

Pragmatismo

Para o órgão estatal helvético, iniciar uma campanha para atrair gays e lésbicas à Suíça não é uma questão de modernidade, mas sim de sentido de negócios.

Suas pesquisas mostram que no mercado americano mais de 60% dos homossexuais têm passaporte e viajam de três a seis vezes por ano.

“Gays e lésbicas americanos têm uma renda acima da média, não têm filhos e podem viajar durante o ano inteiro. Eles prezam cultura, vida noturna, compras e museus. Sua preferência de destino são países considerados tolerantes ao seu comportamento”, complementa o australiano Ian Johnson, consultor de uma empresa especializada no consumidor homossexual, a “Out Now Consulting”.

Além dos americanos, ingleses também são alvo da campanha. Pesquisas realizadas pelos consultores contratados mostram que 5,6 milhões de ingleses adultos se declaram homossexuais e têm uma renda média de 35 mil libras esterlinas por ano.

Milhões do turismo gay

Juntos, os dois mercados de turismo movimentam 54 bilhões de dólares. Uma pequena fatia desse bolo deve ser partida pelos hoteleiros suíços, como espera Urs Eberhard, diretor da Suíça Turismo.

Perguntado por um dos presentes na conferência, um inglês vivendo há alguns anos em Zurique, se a mesma tolerância das grandes cidades suíças pode ser encontrada nos pequenos povoados de montanha, sua resposta é sucinta:

– “Muitos astros internacionais do cinema, estrelas do show business e pilotos de Fórmula-1 escolhem viver na Suíça devido à grande discrição dos seus habitantes”, reforça Urs. “Na verdade, nós somos indiferentes aos estranhos”.

swissinfo, Alexander Thoele

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