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Suíços apresentam ideias futuristas em Milão

A Big-Game, de Lausanne, é uma das 11 empresas suíças presentes no Salão de Milão swissinfo.ch

O Salão Internacional do Móvel, em Milão, no norte da Itália reúne o que há de melhor mundo do design. Arquitetos, jornalistas, lojistas e consumidores dos cinco continentes visitam a cidade para conhecer de perto as tendências de quem cria e recicla os objetos nossos de cada dia e do futuro.

A Suíça é um dos países presentes e se destaca pelas propostas de um desenho industrial crítico, inteligente, funcional e irônico.

O Instituto Cultural da Suíça abrigou a exposição “Inverse everything”, da Haute École D’Art Et De Design de Genebra. Ali o visitante é convidado a viver a realidade virtual de modo real e vice-versa. A experiência de ver o mundo de cabeça para baixo – através de um par óculos espelhados que reflete, literalmente, a percepção natural do ponto de vista – apenas reproduz a informação visual e invertida que o cérebro recebe através do nervo ótico. É como ver a realidade com os olhos da mente.

Os estudantes de Master em Média/Design e Espaço/Comunicação trabalharam juntos para resgatar antigas emoções e provar novas sensações. Para isso eles  foram mais longe, no tempo e no espaço. O grupo de 14 alunos idealizou e concretizou com filmagens e uma pequena maquete uma cidade horizontal, no hipotético planeta Gamma4, onde não existe atrito, como numa rede de transmissão etérea e contínua de dados. A telepatia é outra disciplina explorada na exposição. Usando máscaras especiais de vidro, no futuro, será possível fazer amor apenas com a força da mente, por exemplo. Será? Ou isso já existe?

Os designers da Head ainda estudam os efeitos fisionômicos da força gravitacional  e da ausência dela. O visitante entra num simulador e verifica as próprias mudanças nas expressões faciais através de uma série de fotografias. “Mas não quisemos que essas fotos fossem como nos parques infantis. Aqui, nós capturamos as transformações. Achamos que o design é um modelo de pensamento. Somos críticos com a nossa sociedade. Propomos reflexões. Como seria o mundo num espaço sem dimensão e peso? A verdade é mutante”, diz a curadora  da exposição, Alexandra Midal, à swissinfo.ch.  Ela explica que partiu da ideia da física quântica para  idealizar o projeto “Inverse everything”

Design Concreto

Em Milão, o design suíço também volta ao passado recente e às suas honras. O renomado Salão Satélite, que reúne  os jovens designers em busca de visibilidade para seus protótipos, comemora 15 anos de vida e convidou quem deu ali os primeiros passos rumo ao mercado.

Os suíços do Big-Game  presentes em 2006 – quando receberam propostas concretas para a produção de suas criações – continuam ativos. “Nossa primeira conquista foi o interesse de um produtor na Bélgica. Aqui existe uma grande visibilidade. E aproveitamos esta homenagem para exibir novos protótipos. Devo dizer que Marva Griffin Wilshire tem razão quando nos chama de ‘meus meninos’, diz Augustin Scott de Martinville, 31 anos, um dos três designers do Big Game, referindo-se à venezuelana que cura o Satélite desde 1998.

Outro grupo suíço, o Postfossil, também entrou para galeria histórica do Satélite. Ao contrário do sucesso de 2008, quando os cinco integrantes apresentaram uma instalação contra incêndio e esperavam os potenciais fabricantes, hoje eles partiram para a própria produção. “Agora nós fabricamos os nossos próprios produtos. E continuamos sem ter uma sede fixa. Cada um trabalha de onde pode e interagimos o tempo todo”, diz à swissinfo, Claudia Heiniger, 37 anos, uma das cinco designers “fossilizadas”.  E, grávida,  brinca: “ o meu próximo objeto de design está a caminho”.

Séculos 15 e 21

Quem tem mais experiência serve de exemplo para os mais jovens. O Salão Satélite deste ano convidou os suíços Julien Garnier e Serguei Malantcheve, de Puzz’le Design, com embalagens de papelão que se transformam em “display” para produtos; Philippe-Albert Lefebvre e Stéphane Halmai-Voisard – canadenses baseados em Lausanne – trouxeram o Terrazzo Project, com técnicas de artesanato italiano do século 15 e tecnologia suíça do século 21, eles recriaram um material resistente e belo para fazer lâmpadas, estantes e pavimentos.

 A artesã Antoinette Bader traz tramas de tecido de algodão criando desenhos de alto relevo num tapete que realça aos olhos, além de uma lâmpada e de um sofá.  Enquanto isso, as suíças Véronique Bear, Pascale Grossmann e o mexicano Gerardo Chaves,  todos da BBHcollective e ex-alunos da ECAL, apresentam três produtos que vão do “puff” que vira sofá, ao sofá que se transforma em cadeira longa e uma mesa de madeira sem parafuso, prego ou cola.

Ao lado, o estudante da ECAL, Christophe Guberan, de 26 anos, mostra aos visitantes curiosos seu projeto Hydro-Fold. Ele realizou um sistema capaz de transformar uma superfície bidimensional em tridimensional. “Eu injeto água puríssima na carga da tinta da estampa. Ao imprimir o papel, essa mistura, ao secar, vai ganhar outras formas”. Dito e feito. O papel, após sair da impressora, parece ganhar vida, sozinho.

 A ECAL também está presente com dois outros trabalhos espalhados por Milão, o “Hot Tools” e “Too Cool for School”. Em ambos os casos, o aspecto interdisciplinar dos cursos aparece nos projetos, como a criação de instrumentos que ganham formas diferentes e a exploração ao máximo da fotografia, da gráfica e do design de objetos.

Design luxuoso

Na batalha do mercado, tem suíço marcando posição pela primeira vez, no Salão do Móvel. No setor de banheiros, a KristalLang, chega impulsionada pelas encomenda  do estrangeiro.

 Ainda mais se as maçanetas, as saboneteiras e outros itens deste ambiente são incrustrados de cristais. “ Tivemos uma boa participação na Feira de Moscou. Os russos e os árabes mantém o consumo de alto luxo aquecido. Por isso achamos que era hora de vir ao Salão Internacional”, explica a porta-voz.

A suíça Vitra disputa de igual para igual com as grandes concorrentes italianas do design. Para isso, não importa a nacionalidade de seus designers. Os franceses Ronan & Erwan Bouroullec realizaram uma das novidades da nova coleção: prateleiras em três cores e tamanhos diferentes e poltronas do italiano Antonio Citterio.

Por outro lado, a tradicional fabricante italiana, Moroso faz uma homenagem transversal à Suíça. A cadeira Chandigarh, criada pela dupla Nipa Doshi, indiano, e o escocês Jonathan Levien, com o nome de uma cidade no norte da Índia que teve o planejamento urbano redesenhado por Le Corbusier, o grande arquiteto suíço.

O mundo, como o design, está cada vez mais globalizado e mesmo assim,  de vez em quando, volta ao ponto de origem. É o caso da mostra sobre gráficos italianos no Museu da Triennale em Milão, o templo internacional do design. Ali, uma exceção que justifica esta regra foi aberta para um suíço. O famoso pôster criado por Max Huber(1919-1992) para o grande prêmio das 500 milhas de Monza, de 1957, está na exposição TDM5, uma homenagem os mestre da gráfica futurista.

O Salão Internacional do Móvel abriu em 17 de abril e vai até o dia 22 de abril de 2012.

Ele completa 51 edições nacionais e 34 internacionais.

Ao todo,  o evento na feira de Rho ocupa uma área de 209.000 metros quadrados com 2.500 expositores, 70% estrangeiros. Um total de 11 empresas suíças participam do Salão.

Espera-se a visita de 300 mil pessoas de 160 países.

Neste ano, o Salão dedica quatro pavilhões de Rho à cozinha que apresenta fornos e outros eletrodomésticos que respondem às ordens emitidas do tablete ou do computador.

O Salão Internacional do Móvel acontece na Feira de Rho, mas envolve toda a cidade de Milão com encontros, workshops e festas.

Neste ano, o tema do Salão Satélite, que é uma janela de visibilidade para a nova geração,  foi “Design Tecnológico”. 

O Satélite exige que o designer tenha menos de 35 anos de idade.

A atual edição conta com 17 escolas de Design, entre elas a ECAL, de Lausanne.

Nos últimos 15 anos, o Satélite recebeu 750 jovens abaixo de 80 países que exibiram 8.000 protótipos.

Milão

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