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Zurique – Arte para todos os gostos em 50 museus

A catedral de Zurique é testemunho da Reforma Protestante (foto: picswiss) swissinfo.ch

Quando o tempo de viagem é curto, fica difícil escolher qual museu deve ser visitado, principalmente numa cidade que tem cerca de 50 deles.

Mas em Zurique um passeio em pelo menos um é imprescindível, pela sua importância histórica e beleza arquitetônica.

É o Museu Nacional da Suíça, construído para criar uma identidade nacional para o país que foi formado em 1848 com a fusão de 26 Estados. De frente para o Rio Limmat, trata-se de uma imponente construção em vários estilos arquitetônicos.

A visita ao próprio prédio, que parece um palácio, já vale. À sua frente, um enorme parque convida a uma sesta ou passeio, hábito de renomados escritores no século 18. No inverno, o espaço é ocupado por um enorme rinque de patinação.

No passado

Na Cidade Antiga, o Museu Bärengasse tem uma mostra permanente sobre os homens do século 18 e sua mente – o que era importante para as pessoas que viviam em Zurique naquela época? O que elas sentiam e pensavam?

Outro ponto alto do museu são as salas dedicadas à artista Sasha Morgenthaler (1893-1975). Estão à mostra suas encantadoras bonecas e animais de pano. O visitante também pode dar uma espiada em seu estúdio.

Mas o caldeirão cultural de Zurique serve aperitivos para todos. No Museu do Relógio Beyer, pode-se conhecer a história da cronologia através da exibição de mais de 500 relógios, desde os elementares até os mais modernos. Já no Kulturama as estrelas são os fósseis de diferentes tempos e países. Réplicas de dinossauros e esqueletos de homens e animais contam a história da evolução das espécies em 600 milhões de anos.

Uma exposição recém-inaugurada no Museu do Design – que estende-se até 13 de novembro – traz uma seleção internacional de animações. São revelados os materiais e truques para se fazer os filmes, assim como a variedade existente hoje nas animações analógicas e digitais. A partir de 15 de outubro, o Museu do Design abre uma mostra de fotografias de René Burri, nascido em 1933 em Zurique. Ele foi o autor da famosa imagem em que Che Guevara aparece fumando um cigarro, além de fotos de Picasso, Le Corbusier e da arquitetura brasileira. As imagens ficam em exibição até fevereiro do ano que vem.

Para os que querem mergulhar na história suíça e dispõem de tempo, vale a pena pegar o trem em direção ao lago Genebra para visitar o romântico Château de Prangins. Construído em 1730 em estilo francês, o castelo retrata como era a vida na Suíça nos séculos 18 e 19, tanto do ponto de vista político quanto cultural. Em cada um dos seus quatro andares há um tema diferente, mas é o jardim que fecha a visita com chave de ouro. Perfeito.

Cultura invade antigos armazéns

Um pouco a oeste do centro antigo de Zurique, a alguns minutos de ônibus, o turista se depara com um universo completamente diferente do que viu anteriormente. No quarteirão industrial, região chamada de Zurich West, o visitante vai conhecer a faceta mais moderna e cool da cidade. Antigos galpões transformados em boates, restaurantes e centros culturais, numa espécie de Soho suíço, revelam o lado mais cultural e efervescente de Zurique. Ali fábricas desativadas cederam lugar a espetáculos e exposições de arte. Na região, onde velhos armazéns receberam anexos modernosos, num híbrido arquitetônico espetacular, também moram muitos estudantes, artistas e designers.

Hoje Zurich West conta com pelo menos oito galerias de arte, 27 restaurantes e 11 boates. O Cinemax, por exemplo, um dos pioneiros da nova ocupação do bairro, tem suas 12 salas de cinema instaladas na antiga Steinfels. No mesmo prédio, no topo, está o Hard One Lounge, de onde se tem uma vista magnífica da cidade.

Mas a badalação no bairro é recente, ainda não atingiu a maioridade. Foi em 1993 que tudo começou, ano em que o cinema foi aberto em Zurich West. O bairro vinha sofrendo com a degradação, ocupado por moradores de rua e drogrados que se instalaram em antigas fábricas. Muitas fecharam na década de 80, depois de longos e dourados anos de industrialização, iniciados no fim do século 19, com a chegada da Escher Wyss.

Três anos depois do Cinemax, em 1996, uma antiga cervejaria virou um complexo de arte: o Lowenbrau. Fica de frente para a Indochine, uma das boates mais famosas da cidade, que funciona num prédio onde o máximo de movimento imaginado seria o de um consultório dentário. E o projeto de reocupação de Zurich West deslanchou de tal forma que em pouco tempo quase todos os galpões foram transformados em restaurantes, ateliês de design, estúdios de fotos, casas de dança e teatro e boates gays. Numa antiga garagem da Peugeot, hoje funciona o Les Halles, um restaurante e loja de comida orgânica freqüentado pela galera alternativa. Outro restaurante charmosérrimo é o Blumenau, antes loja de flores. Uma fábrica de laticínios, depois de transformada em lava-jato, virou outra agitada boate, a Toni.

Arquitetura e centros culturais

Mesmo os mais conservadores devem visitar Zurich West, nem que seja para admirar as intervenções urbanísticas feitas ali. Como a Turbinenplatz, em frente ao TecnoPak (uma incubadora de empresas tecnológicas). Na praça, onde todos os bancos são de madeira, é comum a reunião de pessoas para o almoço ou lanche. E, à noite, uma iluminação especial ainda dá mais charme ao lugar. Outro marco arquitetônico é o Schöeller, espécie de conjunto habitacional feito no local onde funcionava uma fábrica têxtil. Ali, nos porões funcionam escritórios e apartamentos residenciais em cima. Os engenheiros responsáveis pelo projeto tiveram a preocupação de criar um clima agradável para os moradores, intercalando áreas de jardins entre um bloco e outro. Uma graça.

Um dos pontos altos do passeio pelo bairro é o Schiffbau, uma antiga fábrica de construção de navios que foi transformada em um centro cultural pelo escritório de arquitetura alemão Ortner + Ortner pela bagatela de 94 milhões de francos (cerca de R$ 175 milhões). Inaugurado em 2000, o complexo tem três palcos, bar, jazz club e restaurante. As pilastras de ferro continuaram aparentes, assim como foram mantidas as mesas da antiga fábrica e o pé-direito altíssimo. O piano bar foi construído em cima da torre usada para montar as embarcações.

Para quem não quer badalar nos bares e boates de Zurich West, uma boa pedida é o passeio noturno organizado pelo escritório de turismo local, que sai às 20h15, às sextas e sábados, de frente da estação central de trens. O passeio acontece de maio a setembro e faz uma rota a pé pela Cidade Antiga de Zurique, onde o turista pode observar as maravilhas do Plano Lumiére. São três projetos pilotos de iluminação implantados na cidade, elaborados por renomados técnicos de iluminação. O francês Roland Jéol, de Lyons, iluminou as duas pontes sobre o Rio Limmat; Pia Ziegler, arquiteta suíça, fez o projeto de luz da ponte ferroviária em Zurich West, e Urike Brandi, natural de Hamburgo, foi quem projetou a iluminação da estação de trem Zurich-Affoltern, que trabalha com temas diferentes do subúrbio: comércio, transporte e romance.

Se a preocupação é que você viaja sozinho, não esquente a cabeça. Até para isso Zurich West encontou uma solução moderna: uma filial do Migros (conhecida rede de supermercados suíça) instalada no bairro tem simpáticas cestinhas de compras em formato de coração. Se você usar uma delas não se espante se for abordado por um suíço ou suíça: a cesta é o sinal verde para a paquera entre as prateleiras. Com sorte, se arruma uma boa companhia para admirar a paisagem noturna de Zurique.

swissinfo, Florença Mazza

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