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“Drii Winter”, um filme suíço na corrida pelo Oscar

Alpine rural landscape
"Drii Winter" é uma tragédia grega ocorrida durante três anos nas montanhas do cantão de Uri (centro). O filme foi rodado em cenários locais em 2020, com interrupções devido a pandemia. Pandora Film Produktion

O diretor suíço Michael Koch sonha em conquistar um troféu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em Los Angeles. Porém a primeira vitória foi conseguiu concluir o filme "Drii Winter".

Quando Michael Koch começou a filmar seu novo filme no início de 2020, não tinha idéia de que estaria disputando um Oscar em 2023Link externo na categoria de longas-metragens internacionais. Na época, sua obra ainda levava o título internacional “Um pedaço de céu”.

Na verdade, sua principal preocupação durante algum tempo foi que o filme fosse concluído. “Tínhamos dez dos 70 dias de filmagem planejados quando as restrições impostas pela pandemia de Covid-19 entraram em vigor”, conta.

Como partes do filme foram filmadas com uma abordagem documental, o tempo foi um problema. Koch e sua equipe haviam planejado filmar a vida das pessoas nos Alpes do cantão de Uri. Mas como algumas de suas atividades eram sazonais, qualquer atraso teria significado um retrocesso de dois anos.

Regisseur Michael Koch mit den Hauptdarstellenden seines Films Drii Winter.
Da esquerda para a direita: Michèle Brand, o diretor Michael Koch e Simon Wisler na estréia de “Drii Winter” durante o 72º Festival Internacional de Cinema de Berlim (Berlinale), em fevereiro de 2022. Keystone / Clemens Bilan

Olhando para trás, ele vê alguns paralelos com um dos seus personagens, Anna: “Essa funcionária dos Correios tem que lidar com o fato de que não se pode controlar tudo. Essa foi a nossa experiência no set”, diz.

Por outro lado, o cineasta suíço certamente dominava os elementos – geográfica e cinematograficamente – melhor do que ela. Anna tem que superar inúmeros obstáculos para manter o relacionamento com seu parceiro, Marco.

Por último, mas não menos importante, são seus problemas psicológicos que exacerbam seu sentimento de isolamento, de viver no meio do nada. Este é o núcleo dramático do filme, uma tragédia grega envolvente – completa com refrão – ambientada nos Alpes suíços.

Sucesso no cinema

Felizmente, Koch e sua equipe foram capazes de terminar de filmar após alguns meses de trabalho. Nesse meio tempo, seu filme recebeu muita atenção dos críticos no Festival Internacional de Cinema de Locarno.

Os organizadores havia anunciado que teriam uma categoria no festival voltado a filmes rodados durante a pandemia. “Drii Winter”, como o filme hoje é chamado, já é o segundo desta série a ser selecionado como possível Oscar suíço. A primeira foi “Olga”, de Elie Grappe, em 2021.

O Oscar como pressão nos festivais? “Não sinto isso”, diz. “O filme ainda é o mesmo e eu sinto o mesmo”. Mas a nomeação foi útil para o lançamento no cinema. “Lançamos o filme na Suíça germanófona em 1º de setembro e ainda está nas salas de cinema”.

O anúncio da seleção durante a edição de 2022 do Festival de Locarno ajudou a aumentar o “hype” em torno do filme. Mais de 14 mil pessoas já o assistiram nos cinemas do país.

Em comparação, “Olga” terminou seu lançamento teatral nacional com 14.106 entradas pagas em toda a Suíça, de acordo com as estatísticas da Fundação Pro Cinema. Uma outra distribuição de “Drii Winter” no resto da Suíça está prevista para o início de 2023.

“Drii Winter” teve um festival de muito sucesso, começando com sua estréia na Berlinale, onde recebeu uma “Menção Especial” do júri liderado por M. Night Shyamalan.

Koch nos falou de Ghent, Bélgica, antes de viajar para Viena como parte da turnê européia do filme (após nossa conversa, foi anunciado que o festival belga havia concedido seu “Prêmio Georges Delerue” de melhor música ao “Drii Winter”.

Em novembro, o suíço visitou Nova York e Los Angeles para promover o filme para os membros da Academia. E agora está otimista sobre a resposta. “Tivemos uma boa recepção no Festival de Cinema de Chicago.”

A força do filme, diz, está em seu apelo universal. Isso porque a história é ambientada em uma parte específica do país, ecoando a citação de Leo Tolstoy: “Se você quer ser universal, conte sobre sua própria aldeia”. Koch diz: “Não é uma imagem clichê da Suíça”.

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Novo título

Como não estava satisfeito com o primeiro título do filme (“Um pedaço de céu”), Koch procurou um que se encaixasse melhor na relação entre os dois personagens principais. “Decidi por ‘Drii Winter’, os três invernos que eles passaram juntos, porque é assim que contam os anos na região. Mantivemos o primeiro título (‘A Piece of Sky’) para a versão inglesa porque ‘Three Winters’ não soou muito bem”.

Michael Koch at the Berlinale
Michael Koch nasceu em Lucerna e começou sua carreira como ator antes de estudar na Escola de Cinema de Colônia, Alemanha. Seu primeiro longa-metragem – “Marija” (2016) – foi exibido em Locarno e no Festival Internacional de Cinema de Toronto Keystone / Clemens Bilan

O último filme do cineasta suíço uma produção completamente diferente do primeiro filme, “Marija”, um pequeno drama sobre um imigrante ucraniano que sobrevive com trabalho precário na Alemanha. É maior e mais arrojado, mas também mais pessoal.

“Eu não venho das montanhas, mas ia muito lá nos verões quando era criança e ainda passo férias. Gosto de caminhar e escalar. E eu queria transmitir minha relação com esta paisagem, que é bela e intimidante ao mesmo tempo”, ressalta Koch.

Por causa do cenário – e da tragédia geral no filme – foram feitas comparações com “Höhenfeuer”, do cineastea Fredi M. Murer, um das obras mais importantes do cinema suíço. Uma referência lisonjeira?

“Talvez exista uma conexão”, diz o diretor. “Acima de tudo, compartilhamos um interesse em explorar as fronteiras entre documentário e ficção. Mas não tinha esse filme especificamente em mente quando comecei a rodar o ‘Drii Winter’.”

Edição: Virginie Mangin

Adaptação: Alexander Thoele

Übertragung aus dem Englischen: Christian Raaflaub

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