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Faculdade do Porto atrai estudantes suíços

A Faculdade de Arquitectura do Porto foi desenhada por Siza Vieira Filipa Soares

Foram várias as razões que levaram os estudantes suíços Rafael Schneiter e Marco Serpenti a escolher a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP) para um ano de estudos, no âmbito do programa Erasmus.

Mas houve uma em comum: o prestígio da instituição, que formou Siza Vieira e Souto Moura, galardoados com o prémio Pritzker.

As relações da FAUP com a Suíça não se esgotam no programa Erasmus. Há três anos realizou-se o evento Swissport’09, que reuniu professores e estudantes da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL) e da faculdade portuense. Este ano, os arquitectos Camilo Rebelo e Souto Moura, que leccionam na FAUP, deram aulas na Academia de Arquitectura de Mendrísio (sul da Suíça).

“A Faculdade do Porto é muito conhecida na Suíça, em toda a Europa e em todo o lado”, responde Marco, quando questionado sobre o que o levou a escolher a FAUP como destino do programa de intercâmbio. Depois, acrescenta outras razões: a cidade e o clima. “Passei o último ano em Berlim, no frio. Então, precisava de um ano assim de calor e de uma cidade que tivesse um oceano e um rio.”

O estudante suíço, de 23 anos, comprovou ao longo deste ano lectivo que a FAUP “é uma faculdade muito boa e muito parecida com a Academia de Arquitectura de Mendrísio”, a sua universidade de origem. Diferenças? Encontra-as sobretudo ao nível da organização: “A faculdade tem uma estrutura diferente, ou seja, aqui, cada estudante tem que fazer, basicamente, tudo sozinho. Para mim, estrangeiro, não era assim tão fácil orientar-me na faculdade. Na Suíça, parece tudo mais simples e organizado.”

“Uma maneira de projectar portuguesa”

No que se refere ao ensino, Marco Serpenti considera que o período de estudos realizado na FAUP veio enriquecer a sua formação: “Do ponto de vista teórico aprendi algo bastante diferente do que tinha aprendido na Suíça. A cadeira de Projecto também foi uma experiência muito boa. Gostei”. O aluno que frequentou o 4º ano diz ter aprendido “uma maneira de projectar portuguesa, diferente da suíça, que é muito rigorosa” e diz que “basta ver um projecto do Siza Vieira para perceber a maneira portuguesa, ou seja, há muito branco e madeira, é bastante regular”. Apesar de gostar da arquitectura lusa, Marco considera-a “muito parecida”. “Talvez seja difícil dizer o que é do Siza e o que não é. Há uma tendência para ir atrás dele”, afirma Marco, realçando o exagero.

No entanto, o jovem suíço aprecia o trabalho do arquitecto português, que ganhou o prémio Pritzker, em 1992: “Antes de vir para esta faculdade não conhecia muito. Agora conheço melhor e gosto muito. Vi as obras do Siza no papel, mas ao vivo ainda não consegui ver todas. Do que vi, adorei Serralves”. Quanto ao outro professor que lecciona na instituição portuense galardoado com o prémio que é considerado o Nobel da Arquitectura, em 2011, Souto Moura, Marco teve “a possibilidade de falar com ele e de assistir a muitas palestras”, na FAUP. “Gosto imenso da maneira de projectar do Souto, que é um bocado diferente da do Siza. É mais variada. O Siza tem alguma coisa que está sempre nos seus projectos”, sublinha o estudante universitário, que “gostava imenso de voltar ao Porto um dia.”

A herança da Escola do Porto

Rafael Schneiter, de 22 anos, queria experimentar “estar mais longe e mais sozinho”, mas não se considerava “pronto para conhecer uma nova língua”. Como já falava português, uma vez que a mãe é lusitana e tem família perto de Lisboa, decidiu trocar durante um ano a EPFL pela FAUP, “que a nível de arquitectura é uma das melhores escolas.”

O aluno, que frequentou o 3º ano, diz que na faculdade portuense “o espírito é um bocadinho diferente de Lausanne. Se calhar é um pouco mais herdeiro da Escola de Belas Artes”, antecessora das faculdades de Belas Artes e Arquitectura da Universidade do Porto. Rafael explica que grandes arquitectos da corrente contemporânea que ficou conhecida como a Escola do Porto, “como o Távora, o Siza e o Souto Moura são muito centrais na formação, muito referenciados como modelos.”

Para o estudante suíço este aspecto não é positivo: “Há menos essa procura de uma verdadeira arquitectura, de uma coisa que faça sentido e mais autocentrada, que não se referencie, por exemplo, com o que já se passou ou com outras escolas estrangeiras”. Schneiter entende que é por isso que os estudantes da FAUP “querem muito ir de Erasmus para faculdades da Suíça ou grandes faculdades, porque sentem aqui, no Porto, essa falta de abertura.”

Os arquitectos portugueses Camilo Rebelo e Souto Moura deram aulas a uma turma de 30 alunos da Academia de Arquitectura de Mendrísio, no segundo semestre do ano lectivo 2011/2012.

O tema abordado foi a “Habitação colectiva na escarpa das Fontainhas”, o que motivou uma visita de estudo à cidade do Porto, em Março. A swissinfo tentou, sem sucesso, ouvir os docentes

Em 2009, o evento Swissport reuniu professores e alunos da FAUP e da EPFL numa série de actividades, como um workshop de arquitectura, um ciclo de conferências, conversas de estudantes com convidados de diversas áreas e visitas de estudo às cidades do Porto, Basileia e Genebra.

Porto

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