O filme "Godless", da diretora búlgara Ralitza Petrova ganhou o "Leopardo de Ouro", o principal prêmio na 69ª edição Festival Internacional de Cinema de Locarno. Já o diretor português João Pedro Rodrigues levou o prêmio de melhor direção. Portugal esteve presente com seis filmes. Não havia filmes brasileiros.
“Godless” se passa em um pequeno vilarejo búlgaro, que parece ter parado no tempo. O filme é uma reflexão sobre a perda total de valores. Gana, uma enfermeira que teve uma infância difícil, se ocupa de pacientes que sofrem de demência senil. Porém ela se envolve também na falsificação e venda de identidades. O obscurantismo parece também dominar as velhas gerações, que já perderam todas suas ilusões, e os jovens, atraídos por novos valores.
Obra neorrealista, “Godless” deu igualmente à atriz Irena Ivanova, o prêmio de melhor interpretação feminina. O prêmio especial do júri foi para “Scarred Hearts”, do diretor romeno Radu Jude, que se passa em um sanatório na costa do Mar Negro em 1937, em um contexto de expansão do fascismo.
Sem surpresa, o último filme de Ken Loach, “I, Daniel Blake”, ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2016, também levou o prêmio do público para o melhor filme exibido no cinema à céu aberto na Piazza Grande.
Os dois melhores filmes suíços na competição internacional não levaram nada em Locarno. Apenas “Marija”, do diretor Michael Koch, ganhou uma menção especial do júri ecumênico e o prêmio ambiental do júri jovem. Milagros Mumenthaler, diretora suíça que trouxe à Locarno o filme “La idea de un lago”, não ganhou nada. Em 2011 ela havia recebido o “Leopardo de Ouro” com “Abrir portas y ventanas”.
Presença portuguesa
O diretor português João Pedro Rodrigues, com o filme “O Ornitólogo”, recebeu o prêmio de melhor direção na 69ª edição do Festival de Locarno. O segundo filme português em disputa na mostra competitiva apresentou uma intepretação pessoal da vida de Santo Antônio de Lisboa, onde não faltavam elementos de faroeste, homoerotismo e espiritualismo. swissinfo.ch entrevistou o diretor durante a sua presença em Locarno. Clique AQUI para ler o artigo ou na janela abaixo.
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“El Auge del Humano”, dirigido pelo cineasta argentino Eduardo Williams, uma coprodução entre Argentina, Brasil e Portugal, ganhou o Leopardo de Ouro da seção “Cineastas do presente”.
A presença portuguesa em Locarno teve ainda quatro outros filmes, exibidos fora de competição: “Longe”, de José Oliveira, “A brief history of princess X”, de Gabriel Abrantes, “O corcunda”, que este realizador rodou com Ben Rivers, e “O cinema de Manoel de Oliveira e eu”, de João Botelho.
Da programação do festival fizeram ainda parte “Comboio de sal e açúcar”, do diretor e escritor brasileiro, residente em Moçambique desde 1975, Licínio de Azevedo, numa coprodução com Portugal, e “Rio Corgo”, uma produção luso-suíça, de Maya Kosa e Sérgio da Costa.
Os principais prêmios
Concurso internacional “Leopardo de Ouro”: “Godless”, de Ralitza Petrova, Bulgária/Dinamarca/França
O diretor português João Pedro Rodrigues conquistou o Leopardo de Ouro pela melhor direção no com o filme “O ornitólogo”. Ele já havia recebido em Locarno, em 2012, uma menção especial do júri, pela longa-metragem “A última vez que vi Macau”, uma obra assinada com o diretor e parceiro de várias produções, João Rui Guerra da Mata.
Melhor atriz: Irena Ivanova (“Godless”)
Melhor ator: Andrzej Seweryn (“Ostatnia Rodnizina”)
Prêmio especial do júri: “Inimi Cicatrizate” (Scarred Hearts) de Radu Jude, Romênia/Alemanha
Piazza Grande (prêmio do público): “I, Daniel Blake”, de Ken Loach, Grã-Bretanha/França/Bélgica
Concurso “Cineasta do Presente”: “El auge del humano”, de Eduardo Williams, Argentina/Brasil/Portugal
A Menção Especial coube a “Mister Universo”, da italiana Tizza Covi e do austríaco Rainer Frimmel.
Adaptação: Alexander Thoele
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