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Picadeiro livre para os circos de inverno

Circus Conelli em Zurique Circus Conelli

Os circos de inverno tornam-se cada vez mais populares na Suíça. O mais tradicional deles é o Circus Conelli, o primeiro do gênero no país, que este ano leva ao picadeiro o espetáculo “Gerações”, com artistas de 14 a 77 anos de idade.

Todos os anos, no final de novembro, quando o Circus Conelli arma sua tenda na ilha Bauschänzli, no rio Limmat, o advento chega a Zurique. Nas semanas seguintes, a iluminação colorida das ruas, praças e dos mercados de Natal completa o cenário das festas de fim de ano.

Há mais de duas décadas, o circo é uma das principais atrações artísticas da maior cidade suíça nessa época do ano. Em 2008, mais de 64 mil pessoas visitaram os shows do Conelli. Os ingressos da atual temporada, que vai até 3 de janeiro, também estão quase esgotados.

“Por causa da crise, muitas pessoas deixam de viajar de férias e procuram uma opção de lazer perto de casa”, explica o produtor e diretor artístico Roby Gasser à swissinfo.ch. E uma visita ao “circo de Natal” vale a pena.

Unindo “gerações”

Gerações – We’re All In This Together é o nome do espetáculo deste ano no Conelli. É uma referência às quatro gerações da família fundadora Gasser e aos artistas de 11 nações e de diferentes faixas etárias que se apresentam no picadeiro.

A mais nova é a acrobata chinesa Miao Qiaoquiao, de apenas 14 anos, ao lado do russo Alexey Goloborodko (15), que parece ter um corpo de borracha e é considerado um dos melhores contorcionistas do mundo.

Entre os mais jovens, que se apresentam na primeira parte do espetáculo, está também o alemão Thomas Janke (14), detentor de vários prêmios internacionais e que faz malabarismos estilo cascata com cinco pinos, sete anéis e sete bolas.

Na segunda parte, entram em cena os “veteranos”, como o japonês Koma Zuru, de 77 anos, que equilibra um pião gigante na ponta de uma catana (típica espada japonesa). Impressionante é também o balé com dançarinas da “idade de ouro” de 50 a 63 anos.

O fio da meada entre os diferentes números é tecido pelo grupo Jacobs Gospel Singers, de Nova Orleans (EUA). No final, ao som de música natalina, os 70 artistas entram no picadeiro com “velas mágicas” acesas e distribuem rosas ao público da primeira fila.

“Nós somos a prova de que o convívio de diferentes gerações pode ser produtivo, harmonioso e alegre”, diz Roby Gasser. Essa é a principal mensagem do espetáculo de duas horas e meia que encanta tanto crianças quanto adultos e idosos.

“Boom” de circos no inverno

A Suíça tem mais de uma dúzia de circos, mas a absoluta maioria se restringe a viajar e fazer apresentações pelo país no verão. Durante o inverno, ensaiam o programa da temporada seguinte.

O primeiro a oferecer shows o ano inteiro na Suíça foi o Cirque de Plainpalais (1857 a 1955), em Genebra. Outros tentaram imitá-lo, mas os programas de inverno não vingaram.

Até que, há 27 anos, Conny Gasser, da família do Circo Royal, e seu amigo Herbi Lips tiveram a idiea de criar “um circo natalino”. “Quando começamos, muitos nos chamaram de loucos”, lembra Roby Gasser.

O Conelli lutou contra a burocracia e outras adversidades para se estabelecer, mas fez escola. “Nos últimos anos, há um verdadeiro boom de circos de inverno”, diz Filip Vincenz, redator-chefe da revista circense suíça Manege.

Só na região metropolitana de Zurique, além do Conelli, vem se apresentando o Salto Natale, Clowns & Kalorien, Valentinas Varieté, Pallazzo Colombiano e o Circus Roncalli.

O Conelli, no entanto, não teme a concorrência. “Temos um público cativo que vem de toda a Suíça”, diz Roby Gasser. Ele realiza também shows que incluem festas de Natal oferecidas por empresas aos seus funcionários. “Isso garante boa parte da nossa receita fixa”, explica.

Por causa dos custos mais elevados, por exemplo, com calefação, os ingressos de circo no inverno são um pouco mais caros do que no verão. No Conelli, eles oscilam entre 19,50 francos para crianças até 12 anos e aposentados e 98 francos. Uma apresentação de gala com jantar especial custa 235 francos.

Os preços, no entanto, não assustam os visitantes. Muitos compram ingressos como presentes de Natal antecipados. Em compensação, vêem um espetáculo com os melhores artistas de circo do mundo.

“Só oferecemos números de ponta. Como a concorrência é grande, fechamos os contratos com os artistas internacionais com dois a três anos de antecedência”, conta Gasser. Eles apenas ensaiam três dias de começar a temporada. Nos circos de verão, os ensaios chegam a durar meses.

Artistas de primeira, música de orquestra, humor, poesia e emoções em ambiente natalino – esta é a receita de sucesso do Circus Conelli, que une todas as gerações dentro e fora do picadeiro.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch

O Circus Conelli é o primeiro circo de Natal da Suíça.

Fundado em 1982, apresenta-se no final de ano em Zurique – desde 1992 na ilha Bauschänzli, no rio Limmat, perto da prefeitura.

Em 2004, recebeu o prêmio de melhor empresa de entretenimento da Suíça.

Durante a temporada de espetáculos, emprega 110 pessoas, das quais 70 são artistas.

O Conelli brilha por espetáculos de acrobacia de artistas internacionais, humor, poesia e música de alto nível. Ele não usa animais em seus shows.

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