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Um dos maiores maestros suíços se junta a maior orquestra brasileira

Thierry Fischer
O maestro vai acumular as funções de Regente Titular e Diretor Musical da Osesp com a de Diretor da Sinfônica de Utah (EUA) e Regente Convidado da Orquestra Filarmônica de Seul (Coreia) Mariana Garcia

A cultura erudita suíça e a brasileira nunca estiveram tão próximas. A partir de 2020, o maestro suíço Thierry Fischer será o novo Diretor Musical e Regente Titular da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), a mais importante orquestra latino-americana.

Fischer foi o eleito de um Comitê de Busca da Osesp formado por músicos, diretores, conselheiros e consultores internacionais que ficaram impressionados com as qualidades do maestro: precisão absoluta (afinal Fischer é suíço) na definição sonora e estilo.

O requisitado maestro vai acumular as funções de Regente Titular e Diretor Musical da Osesp com a de Diretor da Sinfônica de Utah (EUA) e Regente Convidado da Orquestra Filarmônica de Seul (Coreia).

SWI swissinfo.ch conversou com Thierry Fischer, flautista exímio ( Fischer foi o flautista principal das Operas de Hamburgo e Zurique), 61 anos, nascido na Zâmbia, criado em Genebra, sobre a Osesp, o novo cargo e claro, o Brasil e a Suíça.

swissinfo.ch: O que o Senhor espera do trabalho como Diretor Musical e Regente Titular da Osesp?

Thierry Fischer: Estou ansioso para participar do contínuo desenvolvimento da excelência da Osesp. A orquestra é fantástica, a equipe e a diretoria são muito motivadas, com um forte plano visionário. Além disso, mal posso esperar para descobrir São Paulo, que para mim é a capital cultural da América do Sul. Conhecer melhor a cidade é também a oportunidade de imergir nos compositores latino-americanos, uma fonte infinita de inspiração.

swissinfo.ch: O senhor dirige uma orquestra americana, a Utah Symphony Orchestra e é regente convidado da Seoul Philharmonic Orchestra. Como é reger cada uma dessas orquestras?

T.F.: Todas as orquestras do mundo são motivadas pelo mesmo objetivo: o desafio é sempre tocar melhor e juntos, como time, ser capaz de mergulhar no que chamamos de imprevisibilidade. Claro, as orquestras são influenciadas por suas abordagens culturais, mas na verdade o objetivo é sempre o mesmo, não importa qual orquestra ou qual país.

swissinfo.ch: Indo além das diferenças culturais, como é se deslocar entre lugares tão distantes no mundo? Essas horas em aviões servem como períodos de solidão criativa?

T.F.: Sim, são muitas horas em aviões! Isso significa muito sono, muita leitura, estudo, revisão, memorização. Tudo isso olhando para a imensidão de paisagens e oceanos.

Thierry Fischer regendo
Os próximos concertos de Thierry Fischer serão no dia 9 de julho, às 11h e às 16h30, em apresentações gratuitas, na comemoração dos vintes anos da Sala São Paulo, sede da Osesp Isabela-Guasco

swissinfo.ch: Falamos das orquestras, mas qual a diferença de públicos? A plateia americana, coreana e a brasileira têm as mesmas expectativas diante de um concerto?

T.F.: O público americano é muito respeitoso e entusiasta, o coreano é também respeitoso, mas muito mais entusiasta. Agora estou ansioso para descobrir como é o público brasileiro!

swissinfo.ch: Seus pais eram missionários na África. O senhor viveu na Zâmbia até que idade? Como foi voltar para Genebra?

T.F.: Meus pais não eram “realmente” missionários. Eles simplesmente trabalharam para uma organização chamada “La Mission de Paris” e passaram os primeiros anos do casamento na Zâmbia, onde eu nasci. Lembro-me de uma infância muito feliz lá, nós voltamos para Genebra, na Suíça, quando eu tinha seis anos de idade.

swissinfo.ch: O senhor nasceu na Zâmbia, mas cresceu em Genebra. Na Suíça temos grande estímulo para o estudo de música desde o início da escola primária com excelentes escolas de música gratuitas. Foi numa dessas escolas extracurriculares que o senhor começou a tocar flauta?

T.F.: Não, comecei a tocar flauta quando fui estudar no Conservatório de Música de Genebra, a mais antiga instituição de ensino de música da Suíça.

swissinfo.ch: Qual a importância da Suíça e seus compositores na sua formação musical? O senhor fez uma gravação excelente da obra do compositor suíço Frank Martin para a renomada Deutsche Grammophon.

T.F.: Sinto-me muito próximo dos compositores suíços, como Frank Martin, por exemplo. A música de Frank Martin simplesmente fala comigo de imediato, minha aproximação com sua obra é naturalmente instintiva e a empolgação para tocá-la é enorme. Sinto-me também muito próximo de dois compositores suíços contemporâneos: Heinz Holliger (que em breve vai conduzir a Osesp) e Michael Jarrell.

swissinfo.ch: O que o senhor mais gosta de fazer no tempo livre? São Paulo é uma cidade assustadora ou acolhedora?

T.F.: No pouco tempo livre que tenho, me sinto sempre fortemente atraído pela natureza, seja caminhando ou correndo, ou simplesmente observando paisagens, ouvindo pássaros. Em relação a São Paulo, notei que aqui as pessoas são muito acolhedoras. Agora estou ansioso para descobrir a cidade, que me parece extremamente vibrante.

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