Disparidade salarial é cada vez maior
Os salários dos executivos aumentaram muito novamente no ano passado na Suíça, enquanto os salários dos empregados estagnaram. É o que demonstra uma enquete de Travail.Suisse.
Segundo a central sindical, a remuneração dos grandes patrões subiu, em média, de um quinto no ano passado. Nos últimos quatro anos, a alta foi de dois terços.
Os salários dos altos executivos aumentaram novamente em 2006. A conclusão é da central sindical Trabalho.Suíça, tirada de um terceiro estudo salarial cujos resultados foram apresentados segunda-feira (25), em Berna, capital suíça.
“A úlcera cancerígena se alastra”, constata cruamente o presidente do sindicato e deputado feferal Hugo Fasel, diante da imprensa.
Nesse estudo, 28 empresas foram analisadas. No total, os grandes patrões dessas empresas ganharam 199 milhões de francos em 2006, isto é, 32 milhões (+20%) do comparado a 2005.
Trabalhadores “escroteados”
Para ter dados comparativos, os autores da enquete consideraram a evolução dos salários dos dirigentes das empresas estudadas no período 2003-2006. Nesses quatro anos, as remunerações dos altos executivos subiram 66%.
No mesmo período, o salário real dos trabalhadores aumentou apenas 0,8%, constatou Travail.Suisse (na denominação em francês). Isso significa um aumento salarial 80 vezes maior para os grandes patrões, entre 2003 e 2006.
“Frente aos altos executivos, os assalariados aparecem como escroteados”, afirma a central sindical. Os autores do estudo lembram que, em 2006, os salários dos trabalhadores subiram 0,1%, enquanto a remuneração dos patrões aumentou de 19%, em média.
35,2 milhões para Daniel Vasella
Os bancos Credit Suisse e UBS, as farmacêuticas Novartis e Roche e a multinacional da alimentação Nestlé são as principais acusadas pelo sindicato. Todas essas empresas “indelicadas”, segundo os termos da central sindical, continuam na liderança em termos de remuneração de seus dirigentes.
A maior remuneração é a do patrão da Novartis, Daniel Basella, que ganhou 35,2 milhões de francos suíços no ano passado. Um diretor anônimo do Credit Suisse ganhou 32,3 milhões e o diretor geral do UBS, Marcel Ospel, ganhou 26,6 milhões.
Franz Humer, CEO e presidente do conselho de administração da Roche, embolsou 21,6 milhões em 2006 e Peter Brabeck, patrão da Nestlé, 17,6 milhões. A título de comparação, o salário médio anual na Suíça é estimado em 75 mil francos.
Situação absurda
“O absurdo em matéria de remuneração dos executivos continua e parece que não tem freio”, criticou Susanne Blank, responsável de política econômica na central sindical. Ela sublinha que “essa fuga para a frente desperta o interesse de dirigentes empresariais até agora íntegros”.
Travail.Suisse denuncia “um baile da cupidez” e acrescenta que nenhum alto executivo ganha menos de um milhão na Suíça, com exceção do diretor dos Correios, Ultich Gygi e de Toni Wicki, diretor da estatal Ruag (armas e munições).
Ao final do estudo, a central sindical atribui à OC Oerlikon o “Garfo Salarial” 2006. O grupo tecnológico deu um aumento médio da remuneração de 109% aos membros da direção, no ano passado.
Initiativa popular
Resta que os salários desproporcionais dos altos executivos são alvo de muitas críticas nos últimos anos na Suíça. Elas provêm não somente dos sindicatos mas também do próprio mundo econômico.
No plano político, foi lançada uma iniciativa popular para combater as remunerações “excessivas” dos dirigentes das empresas suíças cotadas em bolsa. Na origem da iniciativa (que deverá ser posteriormente submetida ao voto popular) está Thomas Minder, patrão de uma pequena empresa de cosméticos no Cantão de Schaffausen, norte da Suíça.
swissinfo com agências
Em 2006, lo dirigentes das 28 empresas estudadas ganharam 199 milhões de francos suíços.
Foram 32 milhões – um quinto – a mais do que em 2005.
Nos últimos quatro anos, Travail.Suisse afirma a alta média foi de 66%, ou seja, 76 milhões de francos suíços.
No mesmo período, os salários dos trabalhadores dessas empresas subiram 0,8%.
No ano passado, o aumento salarial foi de 0,1%.
Entre 2003 e 2006, a progressão dos ganhos dos dirigentes foi 80 vezes maior do que a dos assalariados das mesmas empresas.
O estudo da central sindical Travail.Suisse compreende 28 empresas, entre elas 24 cotadas em bolsa.
Os grandes supermercados como Coop e Migros e empresas estatais ou com participação acionária estatal também foram analisadas.
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