Paolo Berizzi investiga o desenvolvimento do neofascismo e do neonazismo na Itália. Há três anos, o jornalista italiano tem estado sob proteção policial. "Para mim, o jornalismo é civil ou não", diz. Apresentamos aqui a última entrevista da série "Vozes globais da liberdade".
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Bruno atua como correspondente da democracia global. Há mais de três décadas trabalhar como correspondente internacional para o canal de televisão e rádio da Suíça germanófona, SRF.
Cineasta italiano cresceu no continente africano, mas hoje considera a Suíça o seu lar. Estudou direção de cinema na Escola Nacional de Cinema Italiano, trabalhou como editor e diretor e produtor de documentários em Berlim e Viena. Hoje integra o departamento de multimídia e oferece narrativas envolventes.
Não podemos dizer que a Itália está nas primeiras posições no ranking da liberdade de imprensa. Na verdade, ocupa a 41º posição, segundo Repórteres sem Fronteiras. Mas as más notícias não terminam por aí: 25 jornalistas tiveram que ser protegidos pela polícia em 2021. E diariamente o problema aumenta.
Um desses jornalistas é Paolo Berizzi, do jornal La Repubblica. Por investigar atividades de organizações neofascistas no país, o italiano está sob proteção policial desde 2019. Trata-se de um caso especial, pois ele é o único jornalista no país a ser protegido por razões políticas. Geralmente as ameaças vêm de Máfias ou outras organizações do crime.
Berizzi denuncia o retorno das tendências autoritárias há 20 anos. “Na Itália existe um problema de fascismo, ou melhor, de fascismos, porque existem diferentes tipos. Eles estão mais fortes hoje, pois nos últimos anos o problema foi subestimado”, afirma.
“Assim surgiram impulsos racistas, discriminatórios e nostálgicos, envolvendo deputados eleitos que fizeram juramento à Constituição italiana, parlamentares europeus e representantes das instituições que querem nos convencer de que o fascismo não só é ruim, como também fez coisas boas”, conclui.
Berizzi acrescenta que se pudesse não voltaria atrás. “Faria todas as coisas que fiz novamente. Para mim, o jornalismo existe para denunciar os ataques às nossas liberdades. Senão, estaria abdicando de sua função principal. Eu pago o preço para fazer o meu trabalho.”
“Somos um dos poucos países com tantos jornalistas sendo protegidos, o que não é normal. Pelo contrário, é um indicador de que esses profissionais precisam lutar para fazer seu trabalho. Em um país livre não deveria haver jornalistas sob proteção. Isso é um sinal de derrota do Estado, que tem que proteger os que estão ameaçados”, disse Berizzi.
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