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Mais de 500 casos de gripe suína na Suíça

Gripe A(H1N1) começa a preocupar os suíços. Ex-press

Segundo a Secretaria Federal de Saúde da Suíça, há 535 casos confirmados da chamada gripe suína no país, quatro deles graves.

A Comissão Federal para Vacinações (CFV) planeja imunizar 95% da população suíça contra o vírus A(H1N1), mas críticos das vacinas são contra esse plano.

A onda da gripe suína aproxima-se da Suíça: até esta terça-feira (4/8), 535 casos foram confirmados em laboratórios, quatro pessoas tiveram complicações graves durante a doença – três sofreram pneumonia, informou a Secretaria Federal de Saúde (SFS).

Em uma entrevista coletiva à imprensa, em Berna, o diretor do Departamento de Prevenção a Pandemias da SFS, Patrick Mathys, no entanto, disse que, na maioria dos casos, a gripe suína é superada sem tratamento médico.

O primeiro caso da gripe A (H1N1) na Suíça foi registrado em 29 de abril de 2009. Entre os 535 casos confirmados até hoje, 320 pessoas “importaram” o vírus, 96 se infectaram na Suíça e 119 casos ainda não foram esclarecidos. Os estados (cantões) mais atingidos são o Valais (79 casos) e Genebra (72).

Segundo Mathys, a probabilidade de infecção com o vírus A(H1N1) continua sendo maior no exterior do que na Suíça. O diretor da SFS, Thomas Zeltner, disse que no hemisfério sul – onde se aproxima o fim do inverno – as infecções diminuem em alguns países, como Nova Zelândia e Chile.

Na Europa, o número de casos tende a aumentar. Berna prevê uma rápida propagação da doença no país quando os suíços voltarem das férias de verão europeu. Segundo Mathys, já há um forte aumento do número de casos nas vizinhas Alemanha e Itália.

A linha telefônica especial disponibilizada pela Secretaria da Saúde para informar a população suíça sobre a doença recebe aproximadamente 350 chamadas por dia.

Prevenção x Código de Obrigações

As autoridades suíças adotam a estratégia de restringir a propagação do vírus A(H1N1) para frear uma pandemia da gripe. Segundo a SFS, “essa estratégia só pode ter sucesso se as pessoas assumirem sua responsabilidade e seguirem as medidas de autoproteção” (veja links na coluna à direita).

Quem tem a gripe deve ficar cerca de uma semana em casa e manter distância de outras pessoas, recomenda a SFS. “Nossa prioridade é frear a propagação da doença”, diz o porta-voz da secretaria, Jean-Louis Zürcher, ao jornal Le Temps.

Essa recomendação, no entanto, pode gerar um problema jurídico. De acordo com o Código de Obrigações (quinta parte do Código Civil suíço), os empregadores podem exigir do empregado um atestado médico a partir de três dias de ausência, explica Valentin Lagger, da Secretaria Federal de Economia (Seco).

No entanto, se, em caso de pandemia, todos os empregados doentes procurassem o médico para pedir o atestado, aumentaria o risco de novas infecções. A Seco está elaborado recomendações às empresas sobre o assunto.

O diretor da União Patronal Suíça, Thomas Daum, disse ao jornal Tagesanzeiger.ch que os empregadores deveriam renunciar à exigência do atestado médico, caso realmente haja um adoecimento em massa.

Vacinar ou não vacinar?

No próximo dia 12 de agosto, a Comissão Federal para Vacinações (CFV) e a Secretaria Federal de Saúde irão definir um plano de vacinação voluntária em massa. O governo suíço encomendou 13 milhões de doses de vacinas – a população do país é de 7,5 milhões de habitantes.

“Deveríamos ambicionar uma cota de vacinação de 95% (da população). Só assim é possível conter a gripe suína”, diz o vice-presidente da CFV, Hans Binz. A previsão das autoridades é que uma vacina contra o vírus A(H1N1) estará disponível na Suíça no início de outubro.

Segundo Binz, como no início provavelmente haverá pouca vacina disponível, devem ser vacinadas primeiro crianças, mulheres grávidas e doentes crônicos, funcionários de hospitais, bombeiros e policiais.

Mas há críticos da vacinação em massa. Por exemplo, a associação Aegis (Sistema imunológico próprio ativo saudável) que adverte contra qualquer tipo de vacina. A organização sediada em Littau, no cantão de Lucerna, diz receber 50 a 60 telefonemas por dia de pessoas preocupadas e que dá apenas uma recomendação: não vacinar.

Integrantes da Aegis e outros críticos argumentam que ainda não foi comprovada a utilidade nem a segurança da vacina contra o A(H1N1), e que faltará tempo para avaliar amplamente seus efeitos colaterais. Além disso, haveria o perigo de muitas pessoas relaxarem as medidas preventivas por se sentirem seguras com a vacina.

“Quem recomenda não vacinar atua de forma irresponsável”, diz Binz ao jornal Tagesanzeiger.ch. Segundo ele, o risco de um efeito colateral é milhares de vezes menor do que o perigo de contrair a gripe suína. “As objeções dos adversários da vacina não têm fundamento científico.”

Em média, 15% dos suíços se vacinam contra a gripe sazonal. Segundo uma sondagem feita pela SFS no final de junho, 27% dos entrevistados estariam dispostos a se vacinar contra o A(H1N1). Caso muitas pessoas adoecessem gravemente, 41% dariam esse passo. A CFV pretende apelar ao bom senso da população para convencer o máximo de pessoas e descarta uma vacinação obrigatória.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch

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