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Suíça apoia iniciativa americana em meio à “recessão democrática global“

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“Sister Republics”: Switzerland and the US have a long history of sharing liberal goals. Keystone/Allessandro della

Desde 2022, Washington vem financiando nações que julga serem “pontos brilhantes” democráticos. A Suíça, que também definiu como um dos focos de sua política externa apoiar democracias, agora começa a se mover na mesma direção.

A democracia, Link externoescrevem as Nações UnidasLink externo, é um “valor fundamental” da organização. Se esta declaração seria endossada rapidamente por todos os estados-membros da ONU é uma pergunta que ainda deixa as respostas no ar. Dos 193 países reunidos em Nova Iorque na semana passada para a Assembleia Geral, apenas cerca de metade – dependendo do critério utilizado – poderia ser classificada como democrática, e a tendência não é favorável.

Neste cenário, durante a semana da Assembleia Geral, os EUA organizaram um evento especial que ocorreu, não no meio do tumulto, mas, como dizem os diplomatas, “à margem”. Presidido por Samantha Power, chefe da Administração de Ajuda dos EUA (USAID), o painel fez um balanço da iniciativa Democracy Delivers: um empreendimento público-privado lançado em 2022 para apoiar nações em um estágio de “abertura democrática promissora”.

Nos últimos dois anos, o programa injetou milhões de dólares em segurança cibernética na Armênia, em estruturas eleitorais na República Dominicana e em esforços anticorrupção na Zâmbia, Link externoentre outros projetosLink externo. Agora, a iniciativa dá suporte a 11 estados; Guatemala e Fiji acabaram de entrar. Em Nova York, delegados desses países trocaram histórias e aplaudiram a notícia de que US$ 517 milhões (CHF438 milhões) serão direcionados para novos financiamentos.

Suíça senta à mesa

Para o evento, também foram convidados representantes de 13 outros países, não beneficiários, mas apoiadoras do projeto. A Suíça, que definiu a promoção da democracia como um elemento-chave de sua estratégia de política externa de 2024-2027, foi um desses “parceiros com ideias semelhantes” convidados. Ou, como disse o Ministro das Relações Exteriores Ignazio Cassis, uma dessas “repúblicas irmãs” – uma referência à “longa história [entre a Suíça e os EUA] quando se trata de direitos e liberdades democráticas”.

Em um Link externobreve discursoLink externo, Cassis falou sobre como a democracia historicamente “deu resultado” ao ajudar a unir as diversas línguas, religiões e culturas da Suíça. Com base nessa longa experiência, impulsionar a democracia globalmente se tornou uma prioridade da política externa, disse. Para fazer isso, o país está “pronto para fornecer suporte rápido e criativo onde e quando for bem-vindo”.

Por fim, ele acrescentou que a Suíça apoia a Link externodeclaração conjuntaLink externo publicada após o painel o e espera mais diálogo – esperançosamente em uma família expandida com  “muitas outras nações irmãs”.

Como Berna pode ajudar?

Como uma iniciativa dos EUA, o grosso do dinheiro vem principalmente de órgãos como a USAID e a US International Development Finance Corporation (DFC). Doadores privados também estão envolvidos, como a Ford Foundation, que sediou a reunião em Nova York. O financiamento direto de países parceiros é (até agora) raro, Link externoescreve a USAID.Link externo

Neste cenário, a Suíça busca cooperação, que  – entre outras coisas – é baseada em um interesse da “nova abordagem” da iniciativa, contou o Ministério das Relações Exteriores à SWI swissinfo.ch por e-mail. Isso significa, para a Suíça, estar atenta para quando democracias emergentes entram em uma janela de oportunidade, a fim de ajudar a manter uma transição em andamento.

Em um momento de ‘recessão’ democrática global, é importante destacar que o mundo “não está apenas vivenciando desenvolvimentos negativos quando se trata de democracia”, escreve o ministério. E quando um movimento positivo surge – como a remoção de um governo autoritário por meio de eleições ou protestos – “democracias emergentes frequentemente precisam de rápido apoio externo”. No caso suíço, diz o ministério, tal ajuda será focada em “ferramentas diplomáticas”.

Construção de comunidades para democracias

Tudo isso acontece num momento em que tanto os EUA quanto a Suíça passaram por mudanças em suas abordagens de promoção da democracia.

Nos últimos anos, diante da ascensão do autoritarismo em todo o mundo, os EUA têm tentado construir uma comunidade de democracias que possam se alinhar melhor entre si. Desde que o presidente Joe Biden Link externolançou esse impulsoLink externo em 2021, os esforços incluíram “cúpulas pela democracia” anuais, bem como medidas estratégicas para conter a influência da China e da Rússia.

Quanto à Suíça, promover a democracia é uma postura ancorada na constituição federal desde a virada do século – mesmo que até recentemente tenha permanecido como uma característica menos visível da política externa, frequentemente colocada em projetos de desenvolvimento para fortalecer a governança.

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Mas com o novo foco na estratégia de política externa de 2024-2027, as autoridades querem “elevar o perfil [do país]” quando se trata da promoção da democracia no exterior. Para fazer isso, o plano não é apenas dar continuidade a projetos de desenvolvimento concretos, mas também “se envolver em um diálogo político e no nível multilateral” – ou seja, em iniciativas como Democracy Delivers.

Enquanto isso, como Cassis também disse na semana passada, a Suíça está trabalhando em um novo conjunto de “diretrizes de democracia”. Elas vão definir melhor o que significa democracia no perfil suíço ao dar uma direção estratégica aos esforços de promoção da democracia suíça, escreve o Ministério das Relações Exteriores. As diretrizes, que devem ser apresentadas nos próximos meses, também serão usadas como uma estrutura para cooperação com parceiros, aponta o órgão.

Elogios dos EUA a Berna

O impacto global de todas essas iniciativas continua em aberto. As cúpulas pela democracia deixam resultados mistos, como relatamos nesta reportagem. Enquanto isso, ainda é muito cedo para analisar os impactos do Democracy Delivers, escreveu o Link externoCarnegie EndowmentLink externo no início deste ano. O sucesso da iniciativa poderá ser medido se for possível encontrar financiamento suficiente para as nações-alvo e se o programa se tornar mais do que apenas um projeto de curto prazo, disse o think-tank.

Mas pelo menos em relação à sua “irmã” pró-democracia, os EUA parecem felizes. Após os comentários de Cassis na semana passada, a chefe da USAID, Power, estava radiante: de todos os seus parceiros, ela disse, a Suíça tem sido a “mais entusiasmada” com os objetivos e a abordagem do Democracy Delivers desde o início.

Edição: Benjamin von Wyl/fh
(Adaptação: Clarissa Levy)

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