The Swiss voice in the world since 1935

Diplomatas de Rússia e EUA se reunirão em Riade para ‘restabelecer’ relações

afp_tickers

As principais autoridades diplomáticas de Rússia e Estados Unidos se reunirão nesta terça-feira (18), na Arábia Saudita, para “restabelecer” as relações entre os dois países, preparar as negociações sobre a Ucrânia e planejar um possível encontro entre Vladimir Putin e Donald Trump.

Washington enviou seu secretário de Estado, Marco Rubio, que chegou nesta segunda-feira (17) à Arábia Saudita, enquanto Moscou enviou dois negociadores experientes: o chanceler Sergei Lavrov e o conselheiro diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov, que desembarcaram em Riade nesta segunda.

Rubio se encontrou nesta segunda-feira com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, com quem conversou sobre a situação na Faixa de Gaza, indicou a porta-voz do Departamento de Estado Tammy Bruce.

Rubio destacou “a importância de um acordo para Gaza que contribua para a segurança regional”, segundo um comunicado sobre a reunião.

O secretário de Estado e o príncipe herdeiro “reafirmaram o seu compromisso com a aplicação do cessar-fogo em Gaza e garantir que o Hamas liberte todos os reféns, incluindo os cidadãos americanos”, acrescenta a nota.

As relações entre Estados Unidos e Rússia estão praticamente congeladas há quase três anos.

O encontro acontecerá poucos dias antes do aniversário de três anos da invasão russa da Ucrânia e foi organizado após uma conversa telefônica do presidente americano com seu homólogo russo na semana passada.

– Zelensky: EUA quer ‘agradar’ Putin –

O conflito na Ucrânia, no entanto, será apenas um dos vários tópicos da agenda da reunião em Riade, para a qual não foram convidados representantes da Ucrânia, nem dos países europeus.

Os Estados Unidos não veem a reunião de terça-feira como o início de uma “negociação” sobre a Ucrânia, mas sim como uma continuação da conversa telefônica entre Putin e Trump, disse o Departamento de Estado nesta segunda-feira. 

Segundo o porta-voz da Presidência russa Dmitry Peskov, a reunião “será dedicada principalmente a restabelecer o conjunto das relações russo-americanas”.

“Também será dedicada à preparação de possíveis negociações sobre uma resolução ucraniana e à organização de um encontro” entre Putin e Trump, acrescentou.

O Oriente Médio também pode ser mencionado nas conversas, acrescentou Peskov. A Rússia, que rivaliza com os Estados Unidos na região, observou os fracassos de vários aliados, incluindo o Irã e o regime de Bashar al Assad na Síria nos últimos meses.

“Putin e Trump concordaram sobre a necessidade de deixar para trás relações absolutamente anormais. Os presidentes decidiram que o diálogo deveria ser retomado”, explicou Lavrov.

Por sua vez, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, viajará na quarta-feira (19) para a Arábia Saudita, anunciou seu porta-voz à AFP.

Segundo Zelensky, citado pela agência Interfax-Ukraine, seu governo não foi informado oficialmente sobre a reunião em Riade entre Rússia e Estados Unidos. Ele advertiu que a Ucrânia “não reconhecerá” nenhum acordo sobre seu futuro que seja negociado sem a sua participação.

O presidente ucraniano declarou em entrevista à emissora pública alemã ARD que os Estados Unidos querem “agradar” o presidente russo.

“Eles querem se encontrar rapidamente e conseguir uma vitória rápida. Mas o que eles querem é simplesmente um cessar-fogo, não uma vitória”, afirmou, na entrevista gravada no sábado.

– Exigências de Moscou –

A decisão de Trump de telefonar para Putin na semana passada e proclamar o início de negociações para acabar com a guerra provocou mal-estar na Europa e no governo ucraniano.

A iniciativa gera o temor em Kiev de que Washington deixe a Ucrânia desamparada.

Os países europeus, que ficaram de fora das conversas entre Rússia e Estados Unidos, se reuniram nesta segunda-feira em Paris com o objetivo de definir uma resposta comum para garantir a segurança do Velho Continente.

Lavrov afirmou que os líderes europeus não têm espaço nas futuras negociações porque buscam “continuar com a guerra” na Ucrânia.

Rubio indicou no domingo que “um processo de paz não é questão de uma reunião”. Além disso, afirmou que quando começarem as “verdadeiras negociações”, a Ucrânia deveria “estar envolvida”.

O Kremlin, por sua vez, declarou há alguns dias que, em caso de negociações sobre o futuro da Ucrânia, Kiev participaria “de uma maneira ou de outra”. 

Putin exige que a Ucrânia ceda quatro regiões do leste e do sul de seu território, além da península da Crimeia, que Moscou anexou em 2014, e que desista do processo de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), algo que Kiev rejeita categoricamente.

Além disso, a Rússia deseja que Washington se comprometa a impedir que qualquer país da ex-União Soviética possa entrar para a Otan.

Moscou também pede que a organização retire suas tropas e armamentos dos Estados que aderiram à aliança atlântica após maio de 1997.

Otan e Estados Unidos rejeitaram as exigências em janeiro de 2022 e, um mês depois, Moscou invadiu a Ucrânia.

bur-pop/alf/bds/jvb-an/eg/mas/fp/jc/ic/rpr/am

Mais lidos

Os mais discutidos

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR