Os Estados Unidos não são mais do que uma “democracia imperfeita” e não foi por culpa da eleição de Donald Trump. É uma das surpresas do Índice 2016 da democracia direta no mundo do grupo britânico The Economist. A classificação da Suíça continua estável em oitavo lugar.
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Depois de iniciar a carreira na imprensa regional (jornal e rádio) na Suíça francófona, entrei para a Rádio Suíça Internacional (RSI) em 2000, que depois veio se tornar a plataforma online swissinfo.ch. Desde então, escrevo - e às vezes rodo até vídeos - sobre todos os tipos de assuntos: de política à economia, cultura e ciência.
Menos de 5% da população mundial vive em uma democracia plena. Dos 19 países classificados nessa categoria, 14 estão na Europa e – ironia da história – sete são monarquias. Sem surpresa, os três primeiros e o quinto são escandinavos (Noruega, Islândia, Suécia, Dinamarca). Em quinto lugar está a Nova Zelândia, uma das cinco democracias modelo não europeias, ao lado do Canadá, da Austrália, das Ilhas Mauricio e do Uruguai.
A categoria inferior, chamada de “democracias imperfeitas” contém 57 países, a maioria na Ásia, América Latina, Europa do Leste e África, mas também França, Itália, Portugal, Bélgica, Japão e uma novidade na classificação 2016, os Estados Unidos. Entretanto, não tem nada a ver (ainda) com os decretos liberticidas do novo presidente. Como escreve o site do The EconomistLink externo, “é um efeito das mesmas causas que levaram Donald Trump à Casa Branca : uma erosão constante da confiança no governo e nos eleitos em geral”.
Essa erosão os analistas do grupo britânico observam em numerosos outros países, sobretudo na Europa do Leste e na América Latina, com o populismo. Comparado à classificação de 2015, 70 países recuaram no índice de democracia, enquanto 38 progrediram. Como de hábito (o índice foi reatualizado sete vezes desde 2006), os países com regimes “híbridos” ou “autoritários” são a maioria (91 em 167). Em último lugar está a “República Popular Democrática da Coreia” (do Norte).
Suíços têm muita sorte
Quanto à Suíça, habituada a lugares de honra, ela recua este ano de dois lugares e está em oitavo. Portanto, ela mantém uma estabilidade notável. Desde 2010, sua nota global não variou: 9,09 sobre 10 (note-se que ninguém atinge a perfeição; este ano a Noruega tem 9,93). Na verdade, a Suíça não recuou, os outros é que progrediram.
Mesmo assim, o país da democracia direta deveria estar no pódio. Por que somente oitavo? Para entender, é preciso ver como o índice é elaborado. Os analistas se baseiam em 60 critérios divididos em cinco categorias: sistema eleitoral e pluralismo, liberdades civis, funcionamento do governo, participação política e cultura política. Se a Suíça tem mais de 9 em quatro dessas categorias, é a penúltima que puxa a média para baixo.
Na categoria “participação”, de fato, os suíços têm 7,78 em 10. Essa categoria inclui a adesão aos partidos e outros movimentos políticos, o interesse da população pelas questões públicas e sobretudo a taxa de participação nos escrutínios. Ora, sabe-se que os suíços votam frequentemente, mas não em massa. Desde 1971, considerando eleições e votações, a taxa média estagna em torno de 40%Link externo.
Em contrapartida, a falta de transparência no financiamento das campanhas eleitorais, frequentemente denunciada pela OCDE ou pelo Grupo de Estados Contra a Corrupção (GRECO) não prejudica a classificação da Suíça. Os critérios desse item entram na categoria “processo eleitoral e pluralismo” em que a Suíça obtém sua nota mais alta, 9,58.
Adaptação: Claudinê Gonçalves
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