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2018: tempo de apostar na sua vida na Suíça

Amizades são importantes para viver no exterior: a autora no piquenique de brasileiras em Elfenau, Berna
Amizades são importantes para viver no exterior: a autora no piquenique de brasileiras em Elfenau, Berna swissinfo.ch

Ano novo, sinônimo de renovação. Parece lugar comum mas pode se tornar um aliado ao autodesenvolvimento quando as promessas do dia primeiro são levadas à sério. Em vez de emagrecimento e academia, proponho a você, migrante de língua portuguesa, que invista na sua vida no país estrangeiro.

Aconselho um basta ao sofrimento, à saudade fora de hora, às reclamações sobre a cultura do outro. Indico, ao contrário, uma ode à oportunidade e ao momento presente. Integração é isso, ficar bem aqui e do outro lado do mundo, foco no hoje e apreço ao passado, cada um em seu tempo e lugar.

Artigo do blog “Suíça de portas abertas” da jornalista Liliana Tinoco Baeckert.

Pílulas do imigrante – Para lutar contra a fuga da realidade, que inunda o repertório dos que tentam se adaptar, mas não sabem como, indico ação. Inércia e medo levam a doenças psicossomáticas, tema já tratado no blog pela médica natural Patricia Quito Oliveira no dia 1 de janeiro de 2016. Contra a saudade, tão comum no imigrante, receito novos amigos, bate papos alegres. Mas esses só vêm quando há abertura para o novo e desprendimento do passado. O assunto, também já tratado pela coluna, segue como um grande obstáculo a uma existência mais plena no exterior. A expansão da rede de contatos ajuda inclusive, conforme já foi dito, na obtenção de um emprego.

Conversa alegre também é remédio contra o rosário de reclamações e de comparações cheias de preconceito contra a cultura alheia. Então não vale procurar novas amizades para isso. Tente diferente, aceite as dessemelhanças e foque no positivo, nas situações divertidas, nos aprendizados. Seria muito chato se fôssemos todos iguais.

Melhorar o idioma – Sempre é tempo para desenferrujar a língua estrangeira, seja ela qual for. Coragem, paciência. É difícil, mas não impossível. A brasileira Sonia Jordi, há 35 anos na Suíça, que do alto de sua experiência como genitora e como treinadora de cursos de integração na cidade de Zurique para migrantes de língua portuguesa, reforça o aprendizado do idioma e o respeito às duas culturas como pontos fundamentais na felicidade do imigrante, na sua integração na nova sociedade e como importante ferramenta de educação das crianças, que crescem entre esses dois mundos.

Em entrevista para a coluna, Sonia diz que procura passar para as famílias a importância de se dominar a língua estrangeira. “Se os pais não falam o alemão, por exemplo, não irão conseguir conversar com os amigos dos filhos, não entenderão se as crianças utilizam vocabulário apropriado, se usam palavras de baixo calão, se seguem as regras de educação”, diz. Só esse já seria motivo suficiente para a matrícula no curso de línguas. Mas a questão engloba muito mais: a falta da proficiência reduz a participação do emigrante na sociedade, aliena, exclui, enfraquece a auto estima.

O inverno rigoroso de janeiro ajuda pouco, pode trazer um pouco de desânimo. Quem nunca se sentiu meio deprimido em meio aos consecutivos dias gélidos e cinzas? Se não dá para tirar férias nessa época, o jeito é aproveitar, seja para ler um livro, encontrar amigos ou visitar museus. A velha máxima da vovó; tudo a seu tempo. Um desafio e tanto, principalmente para os brasileiros que nunca tiveram as quatro estações do ano.

Acredito que a melhoria do processo de adaptação esteja na leveza com que os temas vão sendo tratados. Abertura e flexibilidade trazem a graça da coisa, reduzem o fantasma chamado Suíça. Outro dia, em uma conversa informal, ouvi de uma amiga que relatava o segredo de um recém conhecido. “Quando no exterior, ele disse que pouco fala sobre si. Pergunta muito e ouve. Assim, demonstrando interesse pelo outro, ele disse que consegue fazer amizades com locais”. Essa serviu para mim, que após mestrado e tese, e outras dezenas de entrevistas, ainda tenho dificuldades de fazer amizades com suíços, apesar e ter alguns ótimos amigos locais. Preciso ultrapassar essa barreira, vou tentar agora em 2018.

Aos recém-chegados, diria para buscarem informação: leiam sobre a cultura estrangeira, sobre a história, façam cursos de integração. Existem psicólogos brasileiros e portugueses no país. Há coaches também. Ou procure ajuda no país de origem por Skype. Mas não se isole, procura ajuda se for necessário. Aos que já vivem no exterior há tempos, se não se informaram, sempre é tempo. Enfrente os desafios, fale com estranhos, julgue menos. Se não funcionar, tente outras alternativas, de novo e mais um pouco. Leia os blogs das brasileiras na Suíça. São inúmeros, todos com visão positiva do país e oportunidade para conhecer mais pessoas na mesma vibração. Aproveitem a paisagem, a qualidade de vida, a organização.

A receita é vasta, a busca incessante. A melhoria, entretanto, é processo contínuo, assim como a adaptação em terras estrangeiras. Todo dia um pouco melhor. Devagar e sempre. Então, para vocês leitores, eu desejo um lindo 2018, seja aqui na Suíça ou em qualquer lugar do nosso mundo sem fronteiras.

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