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A plataforma suíça que compete com a Amazon

Mann in Logistikzentrum
Um funcionário no centro de logística em Krefeld: ponto de partida para "invadir" o mercado europeu. zvg

Digitec Galaxus é a maior plataforma de comêrcio eletrônico da Suíça. Agora a empresa quer conquistar a Europa e abre operação na Alemanha. Seu principal objetivo é ocupar espaços da gigante Amazon.

Frank Hasselmann não esconde o otimismo. “As coisas estão indo muito bem. Estamos mais do que satisfeitos”, diz o representante da Galaxus na Alemanha. O ambicioso objetivo da firma é tornar-se eventualmente uma das cinco maiores plataformas de comércio eletrônico na Alemanha.

Frank Hasselmann
Frank Hasselmann, diretor da Galaxus Alemanha. Thomas Kunz

Na Suíça, a Digitec GalaxusLink externo é um gigante. Mas apesar do rápido crescimento no mercado interno, no exterior ainda é uma anã. Há algumas semanas, o cliente número 350.000 foi registrado na plataforma alemã, revela Hasselmann. A pandemia tem sido boa para os negócios. Equipamentos para o escritório em casa, artigos de casa e jardim, e brinquedos são particularmente procurados.

Detida em 70% pela rede de supermercados Migros, a empresa consiste em duas plataformas: Digitec e Galaxus. Na Suíça tem pouco mais de mil funcionários. Na Alemanha, apenas 50. Sua sede administrativa está localizada em Hamburgo. O centro de logística, em Krefeld, perto da fronteira com a Holanda.

O mercado alemão é visto como um campo de testes devido à forte concorrência e o fato de os consumidores alemães serem muito sensíveis ao preço. É lá que será decidido se os suíços expandirão para outros países da União Europeia. “Se você pode ter sucesso aqui, você pode ter sucesso em qualquer lugar”, diz Frank Hasselmann citando a canção New York, New York de seu xará Sinatra.

Formando uma “comunidade”

Mas como planejar o sucesso na Alemanha? “Nenhum país precisa de outra plataforma de comércio eletrônico”, admite Hasselmann, e responde: “Somos diferentes”. Os clientes procuram orientação e aconselhamento honesto e, em sua opinião, a Galaxus.de entrega exatamente isso. Mais de 20 editores testam e avaliam produtos da Suíça e discutem os resultados com a comunidade de consumidores. Os clientes suíços estão familiarizados com a mistura de revista especializada e loja online, de conteúdo editorial e comércio eletrônico. Na Alemanha, um trunfo que pode fazer a diferença.

Os clientes alemães também adoram produtos e conceitos sustentáveis. E nessa linha, a Galaxus quer pontuar: através do sua opção “ecológica”, além de avaliações independentes. Semelhante aos operadores turísticos, os clientes podem concluir sua compra com uma compensação de emissões de CO2. Isto não é novidade na Suíça, diz Hasselmann, mas no mercado alemão sim. A Galaxus se orgulha de ser a primeira loja on-line na Alemanha a oferecer esta opção. Dez por cento de todos os clientes a utilizam.

Mann in Logistikzentrum
Galaxus teve um faturamento de 14,3 milhões de euros na Alemanha e ficou na posição 409 dos maiores online shops do país. O objetivo é subir para a quinta posição. zvg

Até agora, o conceito está funcionando, embora a empresa ainda esteja muito longe de atingir seu objetivo. Já no terceiro mês após o lançamento, no início de 2019, haviam feito mais de um milhão de euros em vendas, diz Hasselmann, sem revelar mais detalhes financeiros. Ele revela, contudo, que a firma cresce a cada ano em 100 por cento. Por isso, faz diferença se a base de cálculo é um faturamento mensal de um milhão ou bilhões de euros, como é o caso da Amazon. Só na Alemanha em 2020, a gigante americana teve um faturamento de quase US$ 30 bilhões, o que a torna líder indiscutível no mercado.

De acordo com um ranking das 100 maiores plataformas de comércio eletrônico da AlemanhaLink externo, compilado pela Statista e EHI Retail Institute, a Galaxus ainda não havia chegado em 2020 entre as 100 primeiras colocadas. O EHI estima que o faturamento do Galaxus.deLink externo no exercício de 2019 foi de 14,3 milhões de euros, o que seria suficiente para ocupar o 409º lugar. Em comparação, na Suíça, as duas plataformas Digitec e Galaxus juntas estão em primeiro lugar, à frente da Zalando e Amazon. Em 2020 faturaram mais de 1,82 bilhões de francos no mercado interno, 59% a mais do que no ano anterior.

Concorrência também investe em uma imagem ecológica

O especialista em comércio eletrônico Gerrit Heinemann, professor do Centro de Pesquisa eWeb da Universidade de Ciências Aplicadas de Niederrhein, é cético quanto à possibilidade de transferir este sucesso para a Alemanha. Também porque as condições competitivas mudaram desde o final de 2018, quando a Galaxus.de entrou em funcionamento na Alemanha. Por um lado, líderes como Amazon, Otto e Zalando se preocupam agora mais com sua imagem ecológica.

A Amazon pretende atender suas necessidades energéticas inteiramente a partir de fontes renováveis até 2030 e ser neutra em carbono até 2040. O grupo encomendou 100 mil veículos elétricos para entregas em todo o mundo e entrega aos clientes com sua própria frota.  Para os clientes “Prime”, a Amazon promete entrega no espaço de um dia. Para muitos, diz Heinemann, este é um argumento de venda mais importante do que o preço. Além disso, há também o prazo de entrega que os varejistas sem sua própria frota não podem garantir. Isso por dependerem da entrega por transportadoras externas de encomendas e do serviço postal.

“Isto é um fogo barragem de todos os lados nos sortimentos que são cruciais para Galaxus”. Gerrit Heinemann, professor do Centro de Pesquisa eWeb da Universidade de Ciências Aplicadas de Niederrhein.

Por outro lado, além da Galaxus, outros fornecedores estabelecidos como a Lidl e a Aldi, com grandes orçamentos, estão atualmente cada vez mais atuantes no lucrativo mercado de comércio eletrônico na Alemanha. Na Internet, vendem não apenas seu sortimento clássico dos supermercados, mas praticamente tudo, desde eletrodomésticos até móveis. Ao mesmo tempo, os gigantes da eletrônica MediaMarkt e Saturn colocaram suas lojas on-line em novos patamares e estão crescendo. “Isto é um fogo de barragem de todos os lados nos sortimentos que são cruciais para Galaxus”, aponta o especialista em comércio eletrônico.

Vantagem clara na Suíça

A vantagem de jogar em casa que a Digitec Galaxus tem na Suíça não pode ser transferida a outros países. Além de estar presente no mercado desde o início, a empresa entrega de seus armazéns suíços a clientes domésticos sem as complicações de desembaraço aduaneiro e com rotas curtas.

“Cada tênis, cada fivela de cinto, cada bicicleta ergométrica que é importada para a Suíça primeiro tem que ser pesada na balança pelo varejista estrangeiro”. Thomas Lang, economista e especialista em informática comercial

Os concorrentes como a Amazon têm mais dificuldades. A Suíça é o único país na OMC a trabalhar com uma “taxa alfandegária única”, explica o economista Thomas Lang ao jornal alemão “Die Zeit”. De acordo com o artigo 2 da Lei de Tarifas Alfandegárias da Suíça, as mercadorias importadas estão sujeitas a taxas alfandegárias de acordo com o peso e não com o valor. “Isto significa que cada tênis, cada fivela de cinto, cada bicicleta ergométrica que são importados à Suíça devem ser primeiramente pesados na balança pelo varejista estrangeiro”.

Para contornar este procedimento, a Amazon precisaria de seus próprios armazéns na minúscula Suíça, mas os volumes de mercado lá são muito pequenos para isso. As entregas dos países vizinhos Alemanha, França e Itália são bastante complicadas e muitas vezes não podem ser feitas em um dia.

E depois há ainda o multilinguísmo que é uma rotina diária para os empresários suíços, mas um desafio adicional para aqueles que vêm do exterior. Estas condições também ajudaram a Digitec Galaxus a ter sucesso na Suíça.

Procura de novos mercados

Mas a Digitex Galaxus não pretende descansar nos louros do sucesso na Suíça. O armazém alemão em Krefeld, no sudoeste da região do Ruhr, não muito longe da fronteira holandesa, em breve será ampliado de cinco mil para vinte mil metros quadrados. Esta não é apenas uma declaração de sucesso no mercado alemão; de lá a Galaxus planeja se aventurar em outros mercados. “A Áustria é uma forte candidata”, diz Frank Hasselmann. “Em curto prazo, a empresa quer se estabelecer por lá”, afirma Hasselmann sem dar mais detalhes.

Logistikzentrum Krefeld
O centro de logística da empresa em Krefeld deve ser expandido de cinco a 20 mil metros quadrados. zvg

Depois disso, outros países da UE na Europa Ocidental estão na agenda. Países onde os idiomas oficiais da Suíça são falados – Bélgica, França e Itália – poderiam ser fornecidos rapidamente e sem formalidades alfandegárias a partir do centro de logística em Krefeld.

Seria uma expansão sem muitos riscos já que o conteúdo editorial multilíngue criado na Suíça poderia ser utilizado e a entrega seria feita a partir do armazém alemão ou através de revendedores afiliados no respectivo país.

Adaptação: DvSperling

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