A “Quinta Suíça” e seus fortes laços com a Helvécia
Emigrantes suíços com mais de 55 anos mantêm vínculos com a pátria distante. É uma das conclusões da pesquisa científica "Envelhecimento Transnacional", focada sobre essa população crescente.
De acordo com o Departamento Federal de Estatísticas (BfS, na sigla em alemão), quase um quarto dos suíços e suíças residentes no exterior estão aposentados. Na verdade, esta proporção está aumentando mais rapidamente que a de outras faixas etárias, principalmente devido ao envelhecimento da população e à sua mudança para o exterior, durante ou pouco antes da aposentadoria.
Com base nesta observação, foi realizada uma primeira pesquisa sobre “Envelhecimento Transnacional” entre pessoas com 55 anos ou mais que vivem na Suíça em relação à sua mobilidade no exterior. O estudo foi financiado pelo Fundo Nacional Suíço de Pesquisas (FNSLink externo).
Em seguida, uma segunda pesquisa sobre “Envelhecimento Transnacional”, apresentada aqui, enfocou a vida e a mobilidade internacional de homens e mulheres suíços com 55 anos ou mais que vivem fora da Suíça. A pesquisa foi realizada por cinco pesquisadores do Instituto de Sociologia da Universidade de Neuchâtel e da Universidade de Trabalho Social de Genebra, em colaboração com o Ministério suíço das Relações Exteriores (EDALink externo).
A equipe coletou respostas aos questionários em mais de 43 países diferentes durante a pandemia da COVID-19, entre outubro de 2020 e o final do verão de 2021. Para este fim, 10 mil cartas foram enviadas proporcionalmente ao tamanho da população suíça nas diferentes regiões do mundo. A pesquisa despertou grande interesse e alcançou uma taxa recorde de participação, com um total de 4.689 participantes.
Suíços no exterior com 55 anos ou mais
Os suíços no exterior, em idade de aposentadoria ou perto dela, são uma população diversificada e multinacional que viaja regularmente para outros países. A maioria deles já passou por uma ou mais migrações e vive em seu país de residência há mais de 30 anos sem necessariamente ter nascido lá. Entre os participantes, foram identificadas 700 pessoas que se mudaram pela última vez para seu país de residência ao se aposentar.
A “Quinta Suíça” (a comunidade de suíços do exterior) mostra uma grande diversidade. Cerca de um quinto da população é composta principalmente por cidadãos descendentes de pais suíços, nascidos no país de residência durante várias gerações, e que nunca viveram na Suíça. A maioria dos suíços no exterior se sente, portanto, próxima de seu país de residência ou se considera cosmopolita.
Ligações com a Suíça
Com pelo menos 10 anos de residência anterior na Suíça, a maioria dos entrevistados tem laços muito estreitos com a Suíça. Os laços também são por vezes muito fortes entre os descendentes de suíços que nunca viveram na Suíça.
Nos últimos cinco anos, a Suíça tem sido frequentemente um destino de férias, um lugar para se encontrar com familiares e amigos, bem como um país para comprar produtos específicos. Além disso, entre os participantes, 900 pessoas também viajaram para a Suíça para participar de eventos culturais e 450 pessoas viajaram especificamente para o setor de saúde.
Facilidade nas transferências de dinheiro
Nos últimos doze meses, 450 pessoas transferiram dinheiro para a Suíça por diferentes razões: doações, para ajudar suas famílias, para pagar as viagens e/ou para pagar capital em sua conta privada. Para os quase mil entrevistados que transferiram seus fundos de pensão da Suíça, o processo foi muito fácil ou bastante fácil e apenas 5% tiveram dificuldades.
Ler, comunicar, informar e até votar
Novas tecnologias são freqüentemente utilizadas para se informar sobre assuntos atuais na Suíça, lendo jornais ou boletins informativos online e/ou consultando sites. Os contatos com a família na Suíça também são feitos à distância através de vários meios de comunicação, principalmente por telefone fixo ou celular, mas também através da Internet e suas aplicações. Finalmente, embora cerca da metade dos entrevistados esteja informada sobre as campanhas eleitorais na Suíça, menos pessoas participam efetivamente das votações.
Adaptação: Alexander Thoele
Emigrantes aposentados: histórias pessoais
Durante esta pesquisa científica, 5 casais e 25 indivíduos que vivem atualmente no Marrocos e na Espanha foram convidados a contar suas histórias de vida.
Sophie e Laurent Dupraz* estão entre os entrevistados que decidiram deixar a Suíça ao se aposentar. Dez anos atrás, eles se mudaram para a Espanha por razões econômicas. Para ambos, era importante permanecer politicamente ativo e votar enquanto viviam na Suíça. Isto não mudou nos últimos dez anos, como diz Sophie:
“Penso que é muito importante estar informado sobre o que está acontecendo na Suíça e sobre questões eleitorais, nem que seja apenas para nossos filhos e netos. Porque também é o futuro deles. É uma forma, se você quiser, de manter um forte vínculo com a Suíça”.
A importância de participar na formação de um futuro na Suíça para crianças e netos também é ilustrada por sua participação na greve climática suíça de alguns anos atrás.
Embora a participação na votação e nas eleições não fosse igualmente importante para todos os participantes, o interesse em manter-se informado sobre a situação econômica e social na Suíça foi expresso por muitos, como Jean Mauron*, que vive na Espanha há dois anos:
“Escuto os programas da Rádio da Suíça francófona (RTS.chLink externo) todas as manhãs. Não importa a hora de acordar: eu ligo meu computador e ouço as notícias. Duas ou três vezes por semana, também consulto o site do jornal La LibertéLink externo para ler as notícias locais do cantão de Friburgo. E depois faço questão de ler o boletim informativo da SWI swissinfo.ch
*Nomes modificados.
Artigo publicado na Revista SuíçaLink externo.
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