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A Suíça em uma Kombi

Adrien Genier, diretor de marketing da Suíça Turismo no Brasil, diante da Kombi "Heidi", idealizada por ele. Victor Carvalho

Mais do que cervela, kalbsbratwurst e batatas rösti, o food truck criado pelo departamento de turismo do Consulado Suíço no Brasil se mostrou um eficiente "combo" de marketing para divulgar, além do turismo e da gastronomia, a imagem do país como um todo. 

Após percorrer 1.600 km por oito cidades em três estados brasileiros, a Kombi do Grand Tour da Suíça (http://www.grandtourdasuica.com.br/index2.phpLink externo) ou simplesmente Heidi (personagem da literatura suíça), como foi apelidada, será mantida nas ruas até a Olimpíada Rio 2016, participando de eventos turísticos entre outras ações para promover a cultura e o país como destino de viagem.

Usada inicialmente para o lançamento do Grand Tour, um grande roteiro turístico envolvendo várias rotas pelos cantões suíços, a Kombi adaptada em estilo vintage chama atenção tanto pelo design quanto pelo cardápio. Com monitores instalados no seu interior, vídeos sobre as cidades eram exibidos, além de outros materiais promocionais, o público conta também com informações variadas sobre as atrações da Suíça. O percurso no Brasil feito por Heidi, passando pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, tinha como objetivo reproduzir a mesma distância do Grand Tour na Suíça e atrair o público para um trajeto que lista 44 atrações, 22 lagos, 11 patrimônios tombados pela Unesco, cinco vales alpinos em quatro regiões linguísticas e duas reservas de biosfera.

Estratégia

A estratégia de conquistar as pessoas pelo estômago deu certo. Visitantes como o chef Mateus Abdo (https://pt-br.facebook.com/bistroatresibitipocaLink externo), da cidade mineira de Juiz de Fora, onde Heidi fez um de seus pit stops, não resistiram. “A ideia é sensacional, ainda mais com essa revolução de food trucks pelo Brasil”, elogia Abdo, que como profissional de gastronomia gostou da adaptação do espaço da Kombi e, mais ainda, da qualidade da comida. Quanto à visita à Suíça, ele é categórico: “Certamente, agora também quero conhecer o país”, completou.

Idealizada pelo diretor de marketing do Switzerland Tourism no Brasil, departamento do Consulado Suíço responsável pela promoção do turismo, Adrien Genier, o projeto do food truck começou a tomar forma há pouco mais de um ano, quando a moda desses restaurantes sobre rodas no Brasil nem tinha começado. “Queria brincar um pouco com a diferença dos tamanhos entre o Brasil e a Suíça e com a diversidade do que se pode encontrar por lá”, conta Adrien

Interação

Pensando no que poderia atrair e permitir mais interação com o público, assim como formadores de opinião, ele chegou a pensar em projetos tecnológicos, usando imagens 3D, entre outros recursos, mas foi em uma de suas idas à Suíça que lhe veio o insight. “Viajava pela Swiss, que sempre tem bons filmes (brinca Adrien, em tom de garoto-propaganda), e enquanto assistia Chef, percebi que poderia usar um food truck para promover o Grand Tour de forma mais sensorial, chamando atenção da mídia e ao mesmo tempo divulgando a gastronomia da Suíça, que ainda é pouco conhecida no Brasil”, lembra.

Com a ideia em mente, foi a vez de encontrar uma Kombi para ser transformada em um food truck. “Pensamos nesse modelo porque é um veículo bonito e pequeno como a Suíça e que tem uma relação emocional com os brasileiros”, conta ele, que achou um modelo de 1972 em uma fazenda. A partir daí, a corrida foi reformá-la, fazer os ajustes mecânicos e a adaptação para uma cozinha de food truck.

 Cardápio

Na escolha do cardápio, uma certeza: “Queríamos pratos que traduzissem a identidade do país, feitos com produtos tipicamente suíços”, destaca Adrien, comentando que precisavam também ser práticos no preparo e para servir, uma vez que as pessoas comem na rua e nem sempre sentadas. Os preços de cada um dos pratos variam entre R$ 20 e R$ 25. Já o roteiro foi baseado no perfil de visitantes que viajam para Suíça. Cerca de dois terços são de cidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. “O ano passado, os brasileiros foram responsáveis por mais de 222 mil pernoites na Suíça”, salienta Adrien, destacando a importância deste mercado.

E como resultado, essa mistura de turismo, gastronomia e cultura não poderia ter sido melhor. Segundo Adrien, por onde passou – São Paulo, Campinas, Bauru, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Juiz de Fora e Rio de Janeiro –, Heidi teve ótima aceitação, e parece já ter garantido a atenção do público para a Suíça na Olimpíada Rio 2016, ainda que do lado de fora dos estádios.

Brasileiros na terra de Heidi

Adrien Genier, diretor de marketing do Switzerland Tourism no Brasil, fala um pouco sobre o perfil do turista brasileiro na Suíça, o que ele pode esperar do Grand Tour e as falsas impressões que ainda existem sobre o turismo no país.

swissinfo.ch: Qual o perfil do turista brasileiro que viaja para a Suíça hoje?

Adrien Genier: Classe média ou classe média alta, normalmente que já viajou duas vezes para a Europa e quer fugir das grandes capitais. São casais, muitas vezes com mais de 50 anos, ou grupos de casais, ou família.

swissinfo.ch: Mas a Suíça também tem uma série de atrações para os mais jovens, como essa mistura de montanha e lagos, não?

AG: Sim, por isso queremos atrair este público, mas ainda há muito mito sobre o turismo na Suíça. É comum pensar na Suíça como um destino somente de inverno, como um lugar só de frio e gelo, quando na verdade no verão temos uma temperatura de 25° a 30°. Mas ainda assim, tivemos no inverno, de novembro a março, 95 mil pernoites de brasileiros, sendo o total anual ano passado de 222, o que significa que temos uma grande quantidade que viaja fora do inverno.

swissinfo.ch: O Grand Tour ou partes dele podem ser feitos de carro. Há alguma preferência?

AG: O turismo de carro tem tido um crescimento de 12%. Cerca de 80% dos turistas de forma geral viajam pela Suíça de carro ou de ônibus. 

swissinfo.ch: Quais os cuidados que os brasileiros devem ter nesse tipo de viagem sendo tudo tão diferente do Brasil?

AG: Como o motorista brasileiro é um pouco mais “livre”, não ultrapassar pela direita, não estacionar em qualquer lugar, não ultrapassar os limites de velocidade… As regras lá são bastante rígidas. Mas se o turista tem cuidado com isso, é mais fácil dirigir lá do que em São Paulo. 

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