Análise nutricional expõe afirmações vazias de multinacionais de alimentos
A gigante alimentícia suíça Nestlé manteve a primeira posição no ranking global de nutrição dos maiores fabricantes de alimentos e bebidas, apesar de apenas 29% de seus produtos serem considerados saudáveis.
Este conteúdo foi publicado em
4 minutos
O especialista na Índia da swissinfo.ch cobre uma ampla gama de questões, desde relações bilaterais dos dois países até Bollywood, o cinema indiano. Ele também entende de relojoaria suíça e tem uma predileção pela Suíça francófona.
No mês passado, a Iniciativa de Acesso à Nutrição (ATNI) revelou seu quarto Índice GlobalLink externo, que classifica os 25 maiores fabricantes de alimentos e bebidas do mundo com base em seu compromisso com uma nutrição saudável. A Nestlé manteve o primeiro lugar que adquiriu em 2018, seguida de perto pela Unilever. O Índice Global avalia empresas em sete categorias, incluindo linha de produtos, rotulagem, governança, marketing, acessibilidade, estilos de vida dos funcionários e engajamento.
“A posição de destaque da Nestlé é o reconhecimento do seu compromisso de longa data com a nutrição e saúde, bem como o seu empenho em ajudar a enfrentar os desafios globais da obesidade e da subnutrição”, disse a empresa em um comunicado à imprensa.
No entanto, um olhar mais atento sobre o desempenho da vencedora mostra que os fabricantes de alimentos processados têm um longo caminho a percorrer antes que seus produtos possam ser chamados de opções saudáveis. O ranking analisou 2.760 produtos vendidos pela Nestlé em todo o mundo. Destes, apenas 29% foram considerados saudáveis. Para ser classificado como saudável, um produto deve pontuar pelo menos 3,5 de um máximo de 5 no Health Star Rating (HSR) usado na Austrália e na Nova Zelândia para ajudar os consumidores a comparar produtos alimentícios embalados.
Um HSR de 3,5 (o mínimo necessário para ser classificado como saudável) exige que 100g do produto tenham no máximo 1.020kJ de calorias, 1g de gordura, 2,1g de açúcar, 645mg de sódio e pelo menos 8g de fibras. Seguindo esses parâmetros, 71% dos produtos da Nestlé avaliados não atende aos requisitos.
Conteúdo externo
O desempenho relativamente melhor da Nestlé em comparação aos outros concorrentes não se deve apenas aos esforços para melhorar o perfil nutricional de seus produtos. A melhoria de sua pontuação média de HSR em oito países selecionados, que foi de 1,8 em 2018 para 2,7 em 2021, é um exemplo.
“Isso pode ser atribuído em grande parte ao desinvestimento de categorias menos saudáveis, ou seja, Sorvete no México e Sorvete e Confeitaria nos EUA”, disse a ATNI em seu site.
Além disso, a pontuação da Nestlé em alguns de seus produtos mais populares, como cereais matinais, laticínios, molhos, temperos e condimentos, foi inferior à média das empresas avaliadas nessas categorias.
Resposta da empresa
“Você menciona o percentual de produtos distintos, mas se olhar o percentual de vendas derivado de produtos saudáveis, o percentual sobe para 43%. Esta é uma medida importante, pois mostra para onde os consumidores estão indo e onde estamos colocando nossos esforços”, disse um porta-voz da empresa à swissinfo.ch.
O representante destacou ainda que a Nestlé vende uma gama mais ampla de produtos alimentícios do que a maioria das demais empresas do ranking, inclusive os itens de confeitaria que têm menor probabilidade de serem saudáveis. Além disso, algumas de suas categorias importantes, como nutrição infantil e café puro, não são avaliadas pelo HSR, o que significa que até metade de sua linha de produtos foi excluída da avaliação.
A Nestlé ganhou as manchetes em maio, quando a mídia publicou uma apresentação para executivos que reconhecia que 60% de seus produtos convencionais não poderiam ser chamados de saudáveis e nunca o serão. A apresentação também afirmou que 37% de sua linha de produtos atinge um HSR de 3,5.
Mostrar mais
Mostrar mais
Maioria dos produtos Nestlé não é saudável
Este conteúdo foi publicado em
Um documento interno da empresa reconhece que mais de 60% dos produtos não atendem à “definição reconhecida de saúde”.
Como evitar que a inteligência artificial seja monopolizada?
Como evitar o monopólio da IA? Com o potencial de resolver grandes problemas globais, há risco de países ricos e gigantes da tecnologia concentrarem esses benefícios. Democratizar o acesso é possível?
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.
Consulte Mais informação
Mostrar mais
Diferenças entre homens e mulheres também existem na saúde
Este conteúdo foi publicado em
Um estudo recente destaca as desigualdades entre homens e mulheres na área de saúde.
Este conteúdo foi publicado em
Uma crença popular diz que o excesso de peso resulta de um balanço energético positivo. Bettina Wölnerhanssen contradiz.
Este conteúdo foi publicado em
As crianças na Suíça ficaram em quarto lugar em termos de bem-estar em um relatório publicado na quinta-feira pela UNICEF.
Nestlé do Brasil corta vale-alimentação de seus funcionários no meio da pandemia
Este conteúdo foi publicado em
A multinacional suíça está celebrando 100 anos no Brasil, mas seus trabalhadores enfrentam cortes nos tickets-alimentação.
Fabricantes de chocolate continuam a enfrentar o desafio do trabalho infantil
Este conteúdo foi publicado em
O trabalho infantil na cadeia produtiva do cacau se agravou na última década. Como a indústria de 100 bilhões de dólares fez tão pouco progresso?
Multinacionais suíças: gigantes ativas em setores de alto risco
Este conteúdo foi publicado em
A Suíça é um dos países que mais abriga multinacionais, dentre elas alguns líderes mundiais de setores como alimentação ou a indústria farmacêutica.
Este conteúdo foi publicado em
Existe alguma conexão entre a ascensão das multinacionais suíças e o Colonialismo europeu? Uma pergunta difícil de responder.
Este conteúdo foi publicado em
Seja por tristeza, saudade, frustração, mudança alimentar e hormonal, frio, preguiça ou impossibilidade de cozinhar a própria comida ou até mesmo de fazer exercicio físico… A lista de desculpas e razões é infindável. O fato é que o fenômeno acontece e tem sido estudado a fundo por especialistas. Obviamente que o aumento de peso não…
Aposentados suíços têm maior probabilidade de ficar acima do peso
Este conteúdo foi publicado em
Cerca de 53% das pessoas com mais de 65 anos têm um índice de massa corporal considerado muito alto (mais de 25 na escala do IMC), de acordo com as estatísticas divulgadas na terça-feira (25) pelo FOPH. Os homens mais velhos são mais propensos do que as mulheres a serem afetados: 62% dos homens com…
Este conteúdo foi publicado em
A porcentagem de crianças com sobrepeso e obesas na Suíça caiu de 19,9% para 16,7% entre os anos escolares de 2005/6 e 2016/17, informou a fundação Promotion Santé Suisse na terça-feira (24). As estatísticas baseiam-se nos cálculos do índice de massa corporal recolhidos de 14.000 crianças dos cantões de Basileia, Berna e Zurique, da creche…
Teor de açúcar nos alimentos deve ser reduzido ainda mais
Este conteúdo foi publicado em
O objetivo do acordo voluntário para os 14 principais produtores e distribuidores do país é reduzir o teor de açúcar em até 5% até o final do ano que vem. O acordo está ampliando um acordo inicial, conhecido como Declaração de Milão, assinado há dois anos. “A abordagem voluntária funcionou muito bem até agora”, disse…
Este conteúdo foi publicado em
Cerca de 23% dos suíços dizem que um novo imposto deveria ser criado para os alimentos com elevado teor de açúcar, sal ou gordura, revela uma pesquisa realizada pelo instituto gfs.bern, publicada na terça-feira. 72% das pessoas entrevistadas querem a proibição da publicidade de junk food, a comida conhecida popularmente como “besteira” ou “porcaria”, voltada…
Não foi possível salvar sua assinatura. Por favor, tente novamente.
Quase terminado… Nós precisamos confirmar o seu endereço e-mail. Para finalizar o processo de inscrição, clique por favor no link do e-mail enviado por nós há pouco
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.