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Ativistas tentam proibir importações de peles

Os amantes dos animais querem que seja proibida a importação de peles produzidas com métodos considerados cruéis. 13 Photo

Casacos e estofos de peles de animais continuam sendo vendidos, mas ainda falta informação aos consumidores sobre as sombrias condições dos animais usados por essa indústria. A lei suíça procura melhorar a informação, mas muitos dizem que seria necessário uma proibição pura e simples da importação.

É inverno na Suíça e os passantes nas ruas da capital Berna estão todos bem agasalhados, exceto uma mulher. Vestida só com a roupa de baixo, um cachecol e botas, ela traz uma placa dizendo: “Prefiro ficar (quase) nua do que usar peles”. A mulher tenta recolher assinaturas para uma petição para proibir a importação de produtos de pele produzidos com métodos que maltratam os animais.

“Está indo muito bem, as pessoas têm sido bem favoráveis. Consegui tantas assinaturas que vou ter que ir buscar mais algumas listas”, conta Daniela. Um momento depois, uma outra mulher com um casaco de pele passa apressada, dando um olhar de desprezo.

A petição, lançada pelo partido suíço de defesa dos animais, argumenta que a produção comercial de pele provoca “um considerável sofrimento físico e mental no animal”. Ela também cita a lei suíça, ressaltando que há muitos anos que não se cria animais para essa finalidade no país. O que significa que a maior parte da pele vista nas ruas e nas vitrines das lojas vem do exterior. E em comparação com outros países, a Suíça parece ainda apreciar demais esse produto.

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“As leis suíças de proteção dos animais foram ignoradas pela importação de produtos de pele. Esses produtos vêm principalmente de criações que não respeitam os animais, com até 100 mil deles ou que empregam métodos de caça que vão contra a proteção e o bem-estar do animal”, afirma a petição, referindo-se ao uso de armadilhas e gaiolas que não respeitam as leis suíças de proteção dos animais contra sofrimento, medo e abuso.

Várias organizações suíças apoiam oficialmente a petição, que conseguiu cerca de 7 mil assinaturas até agora. Ela também conta com outros aliados políticos, como a deputada federal Andrea Geissbühler, do partido do povo suíço (SVP).

“As crianças e os animais, em particular, precisam de nossa proteção, porque eles não podem se defender. É por isso que estou fazendo campanha para acabar com a tortura dos animais”, declarou Geissbühler para swissinfo.ch. Ela e a senadora socialista Pascale Bruderer Wyss pediram ao governo a instituição de uma proibição do comércio de pele produzida em condições consideradas cruéis.

“Rejeito qualquer método de caça e abate que vão contra os princípios do bem-estar animal protegido pelo direito suíço”, declarou Bruderer Wyss. “Nos últimos anos, as vendas de têxteis com pele do exterior aumentaram de forma significativa”, observa a senadora.

Em 2014, a Suíça importou 431 toneladas de pele na forma de peles inteiras, bem como roupas e acessórios com acabamento de pele, principalmente da China, onde vídeos horripilantes mostram animais sendo maltratados e até mesmo esfolados vivos. Em 1999, as importações somavam 153 toneladas, com a Alemanha como principal fornecedor.

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Lei da etiquetagem

A Suíça é o único país com uma exigência de declaração para peles. Este é o primeiro inverno inteiro em que a lei da etiquetagem vigora para os produtos feitos com pele. Depois de um período de transição de um ano, ela entrou em pleno vigor em 1° de março de 2014, bem no final da temporada fria.

A Secretaria Federal de Veterinária e Segurança Alimentar acompanhou a execução da lei e não viu grandes resultados. No ano passado, o órgão inspecionou 90 lojas, sites e empresas de venda por correspondência do país. Das 48 marcas de pele e derivados, 41 não rotularam seus produtos corretamente.

A lei exige que cada item seja marcado com as seguintes informações: tipo de animal, país de origem e o método pelo qual a pele foi obtida – em outras palavras, saber se a pele era de um animal selvagem morto por caçadores ou de um animal de criação, se ele vivia em rebanhos ou em gaiolas, e se vivia em gaiolas, o piso era de arame ou de materiais naturais.

A televisão pública suíça, SRF, visitou uma fazenda de visons na Dinamarca. Os animais viviam em pequenas gaiolas de arame, com muito pouca palha.

“Esse tipo de criação não é apropriado”, disse Kaspar Jörger, da Secretaria Federal de Veterinária e Segurança Alimentar.

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Em seu relatório, o órgão veterinário diz que as lojas especializadas em pele haviam feito um trabalho melhor de etiquetagem do que as boutiques de moda em geral.

“Em particular, o que deve ser melhorado é a indicação da origem da pele e o método pelo qual ela foi obtida”, diz o relatório, notando que pode ser difícil para as lojas conseguir essa informação, já que a pele pode mudar de mãos várias vezes, antes e depois de ser trabalhada em um artigo de vestuário ou acessório.

Pele de cordeiro

O comerciante de pele Max Dössegger e sua esposa têm uma loja em Berna. Para Dössegger, a lei da etiquetagem não teve nenhum efeito sobre o seu trabalho.

“Como loja especializada e membro da SwissFur, a associação suíça dos profissionais que trabalham com peles, nós voluntariamente já usamos um método de declaração semelhante desde 1996”, explica Dössegger, que se fornece de peles de todo o mundo, mas principalmente da Europa. As peles vêm de vários animais, alguns de criação, alguns caçados.

O que ele acha da proposta de proibir produtos feitos com pele obtida com métodos cruéis?

“Em princípio, e no espírito do livre comércio, somos da opinião de que não deve ser um problema importar produtos feitos de acordo com as leis aplicadas no país”, responde Dössegger.

Os consumidores devem saber o que estão comprando. swissinfo.ch

A loja também oferece peles nacionais da SwissRedFox, uma marca que obtém suas peles das 30 mil raposas abatidas anualmente no programa de gestão da vida selvagem da Suíça. A marca tem se posicionado como uma alternativa “ética” às peles de lugares onde as leis de proteção dos animais são mais flexíveis ou inexistentes.

No entanto, os amantes dos animais argumentam que não existe essa coisa de “pele ética”. O partido de defesa dos animal também exige a proibição da caça de raposas e texugos em suas tocas, um método usado por alguns caçadores suíços que usam cães.

E os animais que são atropelados? Nos Estados Unidos, uma marca chamada Petite Mort obtém suas peles de animais atropelados. Ela doa uma porcentagem dos seus lucros para ajudar na criação de corredores de vida selvagem na região de New England.

Mas essa pele também pode ser problemática, como explica Frank Schmidt, da “People for the Ethical Treatment of Animals” (PETA). A visão de peles atraentes para a moda poderia despertar o interesse do consumidor por peles obtidas por métodos violentos.

“Olhando na rua, as pessoas não conseguem dizer se a pele vem de criações da China, dos EUA, da União Europeia ou de um atropelamento”, diz, lembrando também que as pessoas deveriam ser mais prudentes ao conduzir através de campos e florestas.

Adaptação: Fernando Hirschy

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