Aumento do desemprego não é desesperador
Segundo um economista, a Suíça tem mais a temer do desemprego nos países para os quais exporta do que a maior taxa de desemprego interna registrada nos últimos 12 anos.
O número de desempregados teve um acréscimo de 8.790 pessoas em dezembro nuum total de 172.740, correspondendo a 4,4%, superando o pico de 1998. No entanto, é apenas a metade da média na zona do euro, que atualmente está em 9,8%.
Os últimos números relativos ao desemprego, publicados pela Secretaria Federal de Economia (Seco) na sexta-feira, podem ter uma leitura particularmente desconfortável pelo setor de varejo na Suíça. A Seco acredita que a taxa pode chegar a 5% ainda este ano.
Dois recentes estudos na área do varejo sugerem que a queda da demanda do consumidor doméstico provocará vendas mais fracas no comércio em 2010. O banco Credit Suisse prevê que o volume de negócios do varejo tenha uma queda de 0,5% este ano. Já a Universidade de St. Gallen estima que as compras terão uma queda de 1,1 bilhões de francos (US$ 1,06 bilhão).
O desemprego seria maior mesmo sem uma recente mudança no modelo de imigração à Suíça, como avalia o chefe-economista do banco Julius Bär, Janwillen Acket.
Números oficiais, apresentando uma proporção maior de estrangeiros desempregados do que suíços poderia atiçar ainda mais um debate nacional sobre a imigração. Mas Acket acredita que a nova geração de trabalhadores estrangeiros representa um grande valor para a economia.
Vantagens estruturais
“A população ativa se fortaleceu desde a substituição da política de importação de mão de obra barata para o setor da construção civil pela imigração de trabalhadores altamente qualificados para os setores médico, de engenharia e financeiros”, explica à swissinfo.ch.
Acket também estima que entre 15 mil a 20 mil pessoas a mais estariam desempregadas, não fosse o programa governamental de subsídio para redução das horas de trabalho durante a crise.
Os números mais recentes mostram que 54.072 empregados de 3.600 empresas beneficiam-se atualmente desse programa e que, segundo a Seco, contribuiu para reduzir de 0,5% a taxa atual de desemprego.
Mas enquanto a Suíça já começa a ver a luz no final do túnel, os setores voltados para exportação ainda não conseguiu sair do aperto.
O setor manufatureiro e de engenharia sofreram com a recessão global, mas poderia ser muito pior sem os contratos de construção com governos estrangeiros como é o caso da China, ressalta Acket.
Depois desses pedidos para tais projetos, continuaa a recuperação vai depender da demanda privada de outros países. A Suíça tem a sorte de ter a Alemanha como seu maior parceiro comercial e não a Grécia ou a Espanha, afirma Acket, que continua mais atento ao desemprego externo do que ao interno.
Demanda privada
“Os consumidores estão prudentes e gastando menos. Assim será difícil reduzir o desemprego no momento da recuperação”, diz à swissinfo. “As taxas de desemprego em outros mercados de exportação terão um impacto maior sobre a economia suíça do que o número de desempregados dentro das nossas próprias fronteiras.”
Acket continua acreditando que a Suíça será uma das primeiras economias a emergir da crise, sobretudo devido o mercado asiático.
Porém, outros economistas pintam um quadro mais sombrio da Suíça. Preveem que ela sofrerá consequencias da crise de outros países muito endividados.
O economista alemão Norbert Walter declarou recentemente ao jornal de negócios suíço Handelszeitung que, longe de se tornar um líder, a Suíça será uma das economias mais fracas no mundo neste ano pelo fato de ter esperado pela recuperação dos países que comprar seus produtos.
Como resultado, segundo Walter, as empresas suíças serão forçadas a demitir um grande número de duncionários nos próximos 12 meses. “O desemprego vai crescer até pelo menos 10% em 2010”, revelou ao jornal.
Matthew Allen, swissinfo.ch
(Adaptação: Alexander Thoele)
A Suíça registrou uma taxa de desemprego de 4,4% em dezembro, com um total de 172.740 de pessoas sem trabalho. Em todo caso, apesar desta ser uma taxa elevada de desemprego para os padrões suíços, ela é comparativamente favorável em relação à média de desemprego dos países de circulação do euro: 9.8%.
Os problemas helvéticos são irrisórios em comparação com os da Espanha, que terminou 2009 com uma taxa de desemprego de 19,3%, o que corresponde a quatro milhões de pessoas sem trabalho.
O desemprego subiu para 9,3% na Grécia no terceiro trimestre e 9,1% na França (2,58 milhões de pessoas) no mesmo período.
Fora da Europa, a taxa de desemprego nos Estados Unidos ficou na casa dos dois dígitos no ano passado, mas ficou contida em 5,2% no Japão no final de novembro (3,3 milhões de pessoas).
A Alemanha teve um índice de 7,8% em dezembro (3,28 milhões de pessoas), enquanto aproximadamente 2,5 milhões de trabalhadores estavam sem ocupação na Grã-Bretanha (7.9%).
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